We couldn't go very far

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N/A: Strawberries and cigarretes - Troye Sivan


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Acordei, ou pelo menos senti como se acordasse, algo parecia querer impedir meus olhos de se abrirem. Tentei me mexer. Onde eu estava? Eu conseguia ouvir uma máquina, uma conversa baixa ao fundo, minha própria respiração. Tentei não entrar em pânico, comecei a mexer os dedos devagar, fiz um check-up completo, tentando movimentar ou ao menos sentir todas as partes do meu corpo. Algo parecia estranho com minha perna esquerda, mas também haviam tubos e fios por vários lugares... Tentei abrir os olhos de novo. Ou melhor, olho.

Tentei de todas as formas abrir o outro olho, mas mesmo que tentasse, não conseguia enxergar nada. Comecei a me desesperar. Pense, Bill, o que sabe sobre tudo isso? Me forcei a ficar calmo e repassar tudo que sabia até agora. Eu estava em um hospital, repleto de agulhas e todo o resto. Internado. Parcialmente ou quase totalmente inteiro. Ouvi a enfermeira dar alguns comandos, então logo após um médico apareceu. Certo, ele fez eu repassar informações básicas sobre mim, meu nome, idade, pais, cidade onde nasci e outras pequenas coisas. Eu aparentemente havia sofrido um acidente de carro... No Óregon? O que eu estava fazendo no Óregon? Minha última lembrança vívida era o enterro de minha mãe a... Uma semana?

– Que dia é hoje? – Perguntei com a voz seca.

A resposta fez morrer qualquer coisa que pudesse ser dita.


Δ


Tive que fazer vários exames e não tive visitas por um dia inteiro. Pelo pouco que os médicos e enfermeiras iam dizendo, estava em uma cidade do interior do Óregon, meu pai estava me acompanhando, mas precisou deixar o hospital para resolver algumas coisas do trabalho. Havia me mudado da Califórnia a alguns meses, depois que minha mãe morreu. Eu havia sofrido um lapso de memória, uma amnésia que poderia ou não se curar com o tempo. Ah, e claro, agora tinha um pino no joelho da perna esquerda, o que significava que eu teria que usar bengala pelo resto da vida, e estava cego de um olho, o que não me deixava mais atraente ou badass, apenas com uma péssima visão periférica.

Eu ainda estava no processo de conseguir compreender tudo aquilo. Meses. Eu havia esquecido meses. Era uma parte da minha vida que eu nunca poderia ter acesso. E tudo soava tão recente para mim... Apenas não para meu corpo. A temperatura mais baixa parecia não me afetar tanto quanto de costume, meu cabelo havia crescido pelo menos dois dedos de comprimento e uma parte de mim parecia saber que minha mãe estava morta a mais tempo que me lembrava. Era quase como se algo lutasse para se lembrar, enquanto outra parte já estivesse se lembrando.

Bufei, eu precisaria esperar se quisesse saber mais sobre tudo que aconteceu. Pelo menos eu teria um tempo comigo mesmo para refletir. Pelo menos Will estava vindo para cá.


Δ


Will foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, meu irmão e eu não éramos melhores amigos, mas aparentemente, ele era a única pessoa com quem ainda mantinha contato depois que saí da Califórnia. Nós não tínhamos muito o que conversar, mas consegui me lembrar de uma conversa que tivemos a um tempo, sobre se eu quisesse, voltar com eles, tentar uma faculdade ou algo assim. Eu estava feliz por saber que podia contar com alguém da minha família.

Amnesia - BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora