730 Dias De Casamento || 1° TEMPORADA

Capítulo 03

— Realmente Doce Horizonte é uma cidade tranquila — O motorista do Uber disse e Cecília sorriu. O motorista era um cara bem humorado e gostava de conversar.

— Verdade.

— Doutora, será que quando sair do Uber pode me dar seu cartãozinho? Pode me ser útil algum dia.

— Claro. Dou agora — Cecília tirou um cartão da bolsa e entregou o cartão para o motorista.

O trânsito estava bem tranquilo, com poucos carros… até Gustavo atravessar atravessar o sinal vermelho e bater no carro do Uber de Cecília…

— Merda! — Gustavo bateu no volante do carro e desceu. Cecília desceu do carro enfurecida. Seu primeiro impulso seria berrar com o Cara que atravessou o sinal vermelho, mas como ela poderia fazer isso?

Cecília perdeu sua fala ao ver Gustavo. Ela já tinha planejado a gritaria no pé do ouvido dele, Cecília era uma mulher nervosa, com um gênio forte, mas por algum motivo que ela desconhecia totalmente, aquele homem lhe prendeu a atenção. Para ela, ele carregava uma grande tristeza nos olhos e Cecília era uma mulher curiosa e observadora. Ela gostaria de decifrar o que tinha por trás daqueles olhos mistérios…

— MAIS O SENHOR NÃO SABE RESPEITAR O SINAL, PORRA? — O moço do Uber berreu. Ele estava nervoso e com razão. Seu pobre carro ficou todo amassado.

— MERDA! BATI A PORRA DO CARRO! — Gustavo gritou estressado.

— AH, E SÓ AGORA QUE TÁ SE DANDO CONTA? EU TENHO QUE LEVAR A MOÇA! ELA TÁ ATRASADA, SEU IDIOTA — O moço do Uber jogou as mãos para cima. Ele estava tão nervoso que podia-se notar as veias do seu pescoço querendo saltar para fora.

Gustavo finalmente notou a presença de Cecília e a encarou. Cecília se sentiu intimidada pelos olhos azuis de Gustavo, então abaixou a cabeça e mordeu o lábio inferior. Diferente de Gustavo… para ele era apenas uma moça, uma moça como qualquer outra.

— Desculpa! Eu estava... distraído! — Gustavo disse. Parecia haver uma grande dúvida em sua frase. Gustavo realmente estava distraído… pensando em sua ex que partiu seu coração em mil pedaços e o traumatizou completamente fazendo seu ponto de vista mudar em relação às mulheres. Realmente estava distraído… mal podia enxergar que estava de frente para o amor da sua vida. Sua eterna amada.

Cecília levantou a cabeça, colocou as mechas do cabelo caindo no rosto, atrás da orelha. Escorou no carro do Uber e observou Gustavo novamente. Era um olhar profundo e intenso. Cecília analisou cada detalhe daquele rosto perfeito. Gustavo era um homem bonito, alto, moreno, forte e de olhos azuis. Era impossível Cecília desprender a visão deste homem, ela mordeu o lábio inferior novamente e pensou no quão bonito e encantador ele era.

— SUAS DESCULPAS NÃO VALEM DE NADA — O homem berrou, ainda irritado.

— Olha, eu vou fazer esse cheque pro concerto do seu carro. Desculpa mesmo! Foi sem querer — Gustavo tirou um talão de cheque do bolso do paletó e anotou um valor generoso, em cima do capô do carro. Entregou para o motorista do Uber e o mesmo relaxou, aliviado. — Use esse dinheiro pro concerto do carro e o que sobrar você usa como um pedido de desculpa pela minha falta de atenção.

— Tudo bem. — O motorista disse, calmo. — Vamos, doutora...

— Eu levo ela — Gustavo disse e Cecília ergueu uma sobrancelha. Sua surpresa era notável, mas Cecília gostou da ideia. Ela não podia negar após o sorriso exposto em seu rosto perfeito. — Pode levar seu carro. Eu já estou bem atrasado, não vai fazer diferença eu levá-la — finalizou.

— Ok. Doutora, boa sorte na delegacia — O motorista se despediu de Cecília e entrou no carro.

— Obrigada, — Cecília disse e o motorista saiu em seu simples carro branco — Cecília — a mesma decidiu se apresentar estendendo a mão, mas Gustavo não retribuiu. Apenas encarou sua pequena mãozinha. "Que mal educado", foi o que Cecília pensou. Voltou sua mão para o lugar e olhou para o chão.

— O quê?

— Eu. Eu me chamo Cecília. Cecília Santos — respondeu puxando o ar para dentro. Cecília estava nervosa. "Como alguém pode ser tão seco e amargo?" Foi mais um de seus pensamentos obscuros.

— Ata. Gustavo Lários. Entra no carro aí. Vou te levar.