CAPÍTULO 28

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(Nick)
- Você... - digo meio relutante, ainda muito surpreso com o que acabei de ouvir.
- Sim. Eu ouvi aquela conversa com você. Eu estava lá também. - Caio continua falando e nisso sondando em minha mente tento me lembrar como ele poderia estar lá.
Só se...
- O barulho! - eu exclamo com a lembrança de como fui descoberto - Foi você! - Caio acena a cabeça, concordando.
Eu sabia que tinha a chance daquele barulho ter sido de alguém que também ouviu a conversa, ou no mínimo me viu espiando, mas tinha descartado isso ao ver que nada foi à tona nos dias seguintes.
Então para não ter mais nada em minha cabeça pra me preocupar eu me forcei a acreditar que tinha sido um barulho de algo que caiu no vento e fui azarado de ter sido naquele momento.
Eu acreditava nisso. Até agora.
- Sim. Fui eu. - ele confirma e eu me escoro no batente da janela, mesmo momento que sinto a brisa do ar, que deveria entrar no meu quarto, bater com vontade nas minhas costas.
Coisa boa, pois estou suando de nervoso e isso me acalma.
- Como? - eu o pergunto, pois acho que não consigo sair das perguntas monossilábicas por enquanto.
- Eu estava indo para a biblioteca com o Lucian, se lembra? - eu aceno que sim - Pois então, ele me fez voltar pouco tempo depois que andamos pra longe de você, dizendo que poderia devolver o livro sozinho e que era para eu ficar ao seu lado, Nick. Que estava com uma sensação estranha em te deixar sozinho aquele dia. - Caio termina de me explicar.
- O Lucian não tem ideia de como estava certo. - eu desabafo e meu amigo acena que sim para mim, damos então uma risada de nervoso ao pensar nisso.
Finalmente eu estou podendo desabafar com alguém isso.
Parece até mesmo revigorante.
- Triste verdade. - Caio fala enquanto para de rir e volta a ficar sério, e o acompanho - Bem, eu então para deixá-lo mais tranquilo voltei para trás, pois tinha tempo até minha primeira aula começar, pois chegamos muito cedo. - ele então suspira, pesaroso - Acho que só deu tempo de você subir na minha frente para o andar da sua sala e eu saí correndo pelas escadas para te alcançar.
Ele dá uma pausa até que bem longa e então me encara.
- Foi quando cheguei ao fim do corrimão do segundo andar, que te vi escorado na parede, parecendo cauteloso, que ouvi uma briga. - Caio olha para o chão - Eu resolvi ficar parado e foi quando comecei a prestar atenção na conversa.
- Quando você ouviu o Jonathan e o professor Guilherme brigando, e soltando toda aquela dolorosa verdade para fora. - eu digo me sentindo mais seguro, pois vejo que estou com alguém que realmente consegue me entender - Foi horrível ouvir tudo aquilo e entender tudo!
- Para mim foi ruim, nem imagino a você, Nicholas. - Caio diz realmente vendo meu sofrimento e eu aceno, concordando com ele e depois sorrindo feliz por poder finalmente conversar sobre isso com alguém - Eu reconheci a voz do Jonathan e em seguida ouvi o nome dele para confirmar. Soube que tinha algo a ver com o Alex, mas quando ouvi a parte do outro, que o Alex não era filho do Jonathan e sim desse professor dele...
Caio olha triste para suas mãos.
- Esse Guilherme, o Alex já me disse que é um cara que ele respeita muito e sempre o ajudou sem nada em troca... - Caio fica sem folego e respira fundo enquanto me encara - Eu não sei dizer o que aconteceu. Me lembrando disso eu só senti vontade de fugir dali e nisso ao tentar me afastar sem ser percebido eu bati no lixo de metal, que tem ao lado dos armários no corredor. Depois de ter visto a burrada que fiz, apenas saí correndo.
Ele então me encara com um olhar pesaroso.
Sinto que tem algo o incomodando. Muito mais que a história da paternidade do Alex.
- Sinto ter te deixado lá, Nicholas. - então é isso - Eu senti muito medo, foi mais forte que eu. Quando pensei em voltar, vi passos descendo apressado e me escondendo na parede que dá ao banheiro eu vi o Jonathan sair nervoso do prédio.
- Eu não estou com raiva de você, Caio. Na verdade te entendo, pois senti a mesma vontade de fugir como você fez. Não te julgo por isso. - o acalmo e pego em seu ombro para confortá-lo, pois sei bem como ele está se sentindo culpado por ter me deixado lá - As coisas também foram tão confusas lá em cima depois, que foi até bom você não ter sofrido mais.
- Mas eu sofri. - Caio afirma olhando para mim ainda com tristeza - Eu fiquei como um idiota andando para lá e para cá no primeiro piso sem saber o que fazer, se subia ou esperava você descer. Logo que mais alunos chegavam eu perdi ambas as chances e resolvi sair e ir atrás do Lucian, dando tempo de eu poder pensar friamente no que ouvi.
Caio engole em seco e coça a nuca, parecendo muito incomodado ao lembrar dos detalhes daquele dia.
- Quando encontrei com o Lucian saindo da biblioteca inventei a desculpa que te encontrei conversando com o professor e não quis incomodar. Ele ficou mais calmo por você não ter ficado sozinho e sim com o professor Guilherme. - Caio aperta as mãos uma na outra, em nervoso - Nós voltamos para o campus de Administração e ele percebeu minha inquietação a cada passo de volta a lá. E eu disse que tinha ficado cansado ao voltar. Acho que o Lucian não engoliu, mas não me questionou mais.
- Que complicado foi para você, Caio. - eu digo vendo que ele ficou do mesmo jeito que eu.
- E sei que não foi menos para você, Nick. - Caio não cansa de repetir isso e eu de agradecer de ele se importar tanto - O Lucian me falou que você estava agitado durante as aulas, distraído e que depois não quis ir embora com ele. Eu sabia o motivo e me culpei por não conversar com você, lhe dar suporte, mas eu parecia estar me intrometendo em algo que não me dizia respeito. Eu me senti e me sinto como um parasita nessa história só por saber dela.
Vejo o olhar do Caio, que demonstra a luta psicológica em sua mente nesses tempos.
- Eu me sinto o mesmo desde que ouvi a verdade. - desabafo enfim, graças a ele, achando uma palavra para como estou me sentindo.
Um verdadeiro parasita nisso tudo.
- Você?! - Caio me questiona surpreso - Eu tudo bem, pois fui um cara que fiz tão mal ao Alex e nem tenho como reparar, depois recebo isso... Mas você é o namorado dele. O amor da vida dele, como o mesmo diz. - eu sorrio ao ouvir essas coisas que o Alex fala de mim quando estou longe - Como pode se sentir um parasita nessa história?
E nisso meu sorriso some.
- Porque eu não posso contar isso ao Alex. Não é minha alçada. Isso é uma coisa de pai e filho. - eu lhe alerto por esse ponto - Depois a história que ouvi do professor Guilherme e o Jonathan, só reforçavam isso. Além do fato que tem coisas diferentes na história dos dois.
Fico lembrando de tudo que me segura de dizer a verdade ao meu amor.
- Não posso jogar essa bomba no Alex sem saber se estou jogando mais verdades ou mais mentiras. - esse é meu maior medo - É muita responsabilidade.
- Que pesado, Nick. - aceno que sim - Eu acho que tanto o seu lado como o do Alex são ruins. Você escondendo as coisas e ele sentindo sua distanciação sem saber os verdadeiros motivos... - não tem como não concordar com isso - Eu nisso tudo ainda, me sinto culpado por não ter te ajudado diretamente antes. É que... Eu fiquei com vergonha. Perdão.
- Tudo bem. Eu te entendo. É tudo muito difícil, você fica sem rumo depois de descobrir uma coisa como essa. - eu digo e olho de relance para fora de casa, pela janela - Você acha que se fizer algo pode piorar tudo antes de melhorar e se não fizer sabe que a mentira perdura. - eu então me lembrando de suas palavras me volto a ele - Você disse que não me ajudou diretamente, Caio?
- Sim, mas fiz de outros jeitos. - Caio fala e fica bem sério - Eu tentei, mas não consegui ficar parado. Eu pesquisei e sondei esse professor Guilherme, que é amigo do Alex. - Nossa, ele então mexeu os pauzinhos pra saber do professor - Quis saber mais dele, mas não consegui muita coisa, além dos locais onde trabalhou e suas especializações no exterior. - o olho meio estranho assim que ouço isso - O que foi?
- Você acha isso pouco?! Você praticamente descobriu grande parte da vida dele. - nisso eu penso melhor - E como conseguiu isso tudo?
- Eu tenho contatos na diretoria que me deviam favores. - Caio diz e vejo que é mais das coisas que ele tem contra as outras pessoas - Eu não faço mais isso, de chantagear as pessoas por favores, mas foi necessário no momento.
- Tudo bem. Não te julgo. - digo enquanto me ajeito melhor na janela e o encaro curiosamente - Você não sabe mais nada do Guilherme?
- Não. Nunca vi sua cara. Só ouvi falar dele pelo Alex e pelo que descobri no RH da Universidade. Não quis pesquisar mais por medo de descobrir coisas que não queria saber. - ele admite com tensão - Fiquei na dualidade que tinha que fazer algo ao mesmo tempo em que tinha medo de fazê-lo. - Caio diz risonho e percebo que ele não sabe de que Guilherme estamos falando - O que foi?
- Nada. Só que tem muito do que o Guilherme e o Jonathan me contaram que tenho que te dizer. - ele acena positivamente para mim - E você tem que conhecer o professor. - o vejo me encarar confuso - Você vai descobrir depois, mas agora me fala. O que mais fez enquanto investigava? - pergunto animado ao pensar na surpresa que ele vai ter com o professor.
- Bem, você sabe que o Alex está desconfiado de que você está escondendo algo, não sabe? - Caio me questiona.
- Eu não consigo esconder as coisas dele, muito menos depois que reafirmamos nosso acordo de sermos sempre sinceros. - digo sentindo uma dor no meu coração por estar escondendo essa verdade do amor da minha vida - Eu me sinto um traidor.
- Eu também, pois sinto que estou lhe devendo cada vez mais e pagando menos. - meu amigo fala muito triste.
Caio quer mesmo compensar o Alex por tudo que já o fez e essa história da paternidade do meu namorado não está o ajudando em nada até agora.
- Não pense assim, Caio. Você está o ajudando sim, mesmo que para o Alex não seja, caso soubesse. - eu falo para confortá-lo e fico pensativo - Ele não acharia que nenhum de nós está o ajudando.
- Com aquele negócio dele de que prefere mil vezes a verdade a mentiras para proteger, não é? - eu aceno que sim, me lembrando de ouvir milhares de vezes essas frase do Alex - Foi por isso que um dia em que estava com o Alex e o Liam em seu quarto e ele comentou que você estava estranho eu o convenci que era por você ver seu ex, o Léo, ficar com o Igor na festa da piscina. - eu o olho surpreso e saio de perto da janela, andando em sua direção - Eu fiz o melhor, Nick! Foi o que tinha a fazer!
Ele se defende enquanto levanta as mãos em sinal de rendição e eu sorrio a ele.
- Eu sei e foi a coisa mais inteligente a fazer! - afirmo animado enquanto Caio que fica confuso - Se não fosse isso que você fez, Caio, eu não teria tido aquela conversa com o Léo, que me ajudou a ver que estou de fato protegendo o Alex ao esconder a verdade sobre o pai dele.
- E que foi no dia do seu acidente. - Caio termina e vejo em seu olhar culpado novamente, mas dessa vez por mim.
- Não é sua culpa, Caio. Não faça isso com você. - eu digo enquanto pego em seus ombros como antes ele tinha feito em mim e o vejo acenar com a cabeça - Não tinha como adivinhar. - e nisso um olhar diferente aparece em seus olhos - Caio? Tem algo que não está me contando? - o questiono achando isso estranho.
- Tem, mas eu prefiro manter isso a mim por enquanto. Pelo menos até eu ter certeza. - Caio também pega em meus ombros e sinto como se fossemos amigos a tempos - Quero te proteger como está protegendo o Alex. Só quero manter isso para mim, por enquanto. - aceno que sim, tentando lhe entender.
Pois pelo menos ele pode falar que está escondendo algo de mim, diferente de minha situação com o Alex.
- Tem algo a ver com o que não quer falar com o Lucian? O motivo de ter batido no Bill? - Caio na hora que o questiono se solta de mim e começa a andar pelo meu quarto - Isso me responde. - eu afirmo.
- Só confia em mim. - Caio fala ainda andando pelos lados, muito ansioso - Por favor, não insista em saber.
- Eu confio. Não vou insistir mais. - confirmo enquanto vou indo para a janela e vejo Lucian e Alex chegando perto de casa - Eles estão chegando.
- Então vamos descer! - Caio diz se apressando para a porta do meu quarto, mas eu o seguro pelo ombro, o parando - O que foi?
- Só quero agradecer. Pelo apoio de agora e por quando eu não sabia. - falo feliz para meu amigo e nisso percebo algo - E você acabou de me dar a ideia para acabar com essa onda de mentiras do Jonathan e do Guilherme!
- Eu posso saber o que é? Fiquei curioso! - Caio me questiona, parecendo muito animado enquanto descemos as escadas de casa.
- Depois te conto. Tem muita coisa que eu sei que temos que conversar. Você nem tem ideia do que tenho para te contar. - e o deixando mais curioso vamos correndo para nossos lugares no sofá, onde estávamos antes de nossos amores saírem.
Nos viramos como se nada tivesse acontecido quando a porta se abre e o Alex entra, sendo seguido por Lucian.
- Ainda estão aqui? - Alex nos questiona ao perceber que não nos movemos.
- É. Não tem muito a fazer. - Caio fala como um mentiroso melhor do que sou. Lucian então passa pelo Alex e vai em direção de seu namorado, que o encara tristemente - Amor...
- Calado! - Lucian grita e se joga em cima do Caio, o beijando com um desentupidor de pia daqueles! Eu e Alex nos encaramos surpresos. O beijo deles acaba e eles se encaram - Só me promete que vai me contar um dia. - ele diz visivelmente se referindo ao que o seu namorado está escondendo dele.
- Eu vou. - Caio fala e dá mais um beijo comprido no seu amor.
- Aqui. - ouço o Alex atrás de mim no sofá e quando me viro o vejo me entregar o sorvete em pote em uma sacola - Eu vou buscar as colheres. - mas antes Alex se inclina e de cabeça para baixo me dá um beijo bem demorado, com apenas nossos lábios. Romântico que nem ele. Nosso beijo acaba e ele sorri para mim - Quando voltar eu vou querer mais! - meu amor diz todo safado, já saindo para ir à cozinha.
- Tá bom. - eu digo realmente surpreso com essa mudança dele.
Olho para Lucian, que dá uma piscadinha pra mim.
- Tempos melhores estão para vir. - Caio fala sorrindo para mim.
E eu aceno que sim, tão esperançoso quanto ele que isso seja verdade.

Eu Só Quero Ser Seu - LIVRO IIWhere stories live. Discover now