2 - MARÇO DE 1864 (GARIG - UNIVERSO TAVILAN) - parte 2

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Quando tudo parou de girar ao redor de mim, eu estava enjoada. Abri os olhos devagar, eu nunca havia estado deste lado do círculo. Tentei desesperadamente adaptar meus olhos com a escuridão da noite.

Procurei água na mochila que eu carregava e me encostei em uma parede próxima. Eu estava em um beco e havia poucas pessoas passando. Agradeci por ninguém ter visto a hora em que eu apareci.

Tomei um pouco da água e senti o mal-estar diminuir. Me sentia fraca, e sentia muito sono. Coloquei a máscara novamente e tentei manter os olhos abertos.

O melhor seria manter o rosto coberto até eu definir onde estava. Abaixei sentindo uma forte vertigem. Respirei fundo tentando não me deixar dominar pelo pânico enquanto eu tentava definir o que havia de errado com o meu corpo.

– Não sinto minhas manipulações – falei baixinho a mim mesma com a voz esganiçada pelo medo.

Eu estava tremendo e ri de nervoso. Isso não podia estar acontecendo. Eu teria que passar na prova sem nenhuma manipulação? Tentei em vão abrir uma fenda entre os universos, nada. Tentei uma pequena manipulação de ar e o máximo que eu conseguia era me sentir mais tonta.

Não resolvia ficar ali parada, eu teria que me mover alguma hora. Olhei ao redor, estava escuro e havia poucas pessoas nas ruas. As ruas eram de terra. As casas com um estilo oriental, pareciam casas Minka. A sensação de que eu estava na era Edo de um Japão ainda medieval me deixou enjoada. As pessoas próximas ali usavam estilos de quimonos variados, tinham olhos puxados e a maioria parecia mestiços entre orientais e ocidentais do universo Homines.

Tentava captar tudo o que minha visão podia alcançar e vi uma criança brincando com outra, elas estavam próximas à duas mulheres, provavelmente suas mães. Uma corria e a outra tentava pegar, mas a que corria parecia se teletransportar alguns passos à frente, enquanto a outra tentava acompanhar fazendo os mesmos movimentos para alcançar seu oponente. Fiquei olhando fascinada por alguns segundos para a cena. Então, os seres humanos dali tinham capacidades nas quais os seres humanos da terra não possuíam. Até onde iam as diferenças?

Continuei andando e vi pessoas dormindo nos becos e às vezes um cheiro de falta de banho inundava minhas narinas me fazendo enjoar.

Eu estava chamando bastante atenção conforme passava. Podia ver com o canto dos olhos pessoas me apontando e outras poucas pessoas entrando em suas residências. Suspirei profundamente. Teria que conseguir roupas apropriadas para o local e de preferência, seria melhor ocultar que eu era mulher até saber como as mulheres dali eram tratadas.

Olhei ao redor buscando um canto qualquer para me ocultar até achar algum pobre infeliz para lhe roubar as roupas, mas antes que eu pudesse concluir meus pensamentos escutei passos e me virei a tempo de ver um homem de quimono preto me apontando uma katana. Soltei o ar me sentindo um pouco frustrada antes de desembainhar a minha espada.

– O que temos aqui? Um espião de algum dos países vizinhos? – ele falou enquanto fazia sinal para 4 outros companheiros se acercarem – Acho que o rapaz quer lutar. Essa é uma bela lâmina, nunca vi nada parecido. Acho que ficarei com ela.

Segurando a espada com as duas mãos, me coloquei em posição. Eu não queria lutar, mas vi ali a possibilidade de novas roupas e não poderia desperdiçar tal oportunidade. 

Antes que eu pudesse de fato atacar ou me defender, escutei um ruído estranho. O que fez os homens à minha frente olharem além de mim e correrem.

Sem tempo para pensar, virei o corpo com a espada ainda apontada para frente, mas desisti de lutar assim que vi o que era.

Sem tempo para pensar, virei o corpo com a espada ainda apontada para frente, mas desisti de lutar assim que vi o que era

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