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Assim que nossos homens chegaram, chamei o médico da Yasa para socorrer Alev. A bala foi retirada, o ferimento suturado, e ao acordar, meu amigo já estava totalmente recuperado graças a uma transfusão de sangue feita às pressas. Desde sempre soube que nós dois temos o mesmo tipo sanguíneo, o motivo que me era desconhecido até então, foi o início de uma loucura.
Alev pediu ao médico sem que eu soubesse, um teste que confirmou as suspeitas dele e me pegou totalmente de surpresa. Somos irmãos, nós dois, Alev e eu somos filhos do mesmo pai.

Enquanto para mim a notícia foi um choque, para Alev tem sido motivo de alegria. Foi com emoção que ele me contou sobre o exame e que já a algum tempo vinha com essa questão em mente. Segundo me disse, certa vez escutou uma discussão entre seus pais e nela, sua mãe questionava sobre outro filho que havia aparecido. Na época Alev ainda era criança mas ficou cismado, depois, percebeu que seu pai se envolver com prostitutas era algo normal, então talvez o filho fosse de uma delas. Mas depois, quando soube que tínhamos mesmo tipo raro de sangue, suas suspeitas recaíram sobre mim, ele só precisava do motivo para retirar a amostra sem levantar suspeitas pois sabia que eu jamais aceitaria tal coisa.

O entusiasmo do meu irmão não me atingiu em todos os níveis. Claro que fiquei contente com a descoberta, apesar de sempre tê-lo considerado como tal independente do sangue mas a alegria parou por aí. Saber que sou filho de um homem miserável como foi o velho capo é frustrante, e seus bens e dinheiro não me interessam.
Mesmo assim foram passados para o meu nome além de uma exorbitante quantia, inúmeros imóveis, carros e metade do território da Yasa.
Protestei, reclamei e tive uma grave discussão com meu irmão mas ele se manteve irredutível. Para Alev dividir tudo comigo era o certo a fazer mesmo que eu não quisesse pois em seu pensamento nosso pai devia isso à mim.

No trato com os homens ele exigiu ainda mais respeito por mim e fez todos saberem a verdade. Até meu cargo sugeriu mudar, queria me tornar algo que fizesse-me andar por aí de terno e gravata dentro de um escritório mas me fingi de surdo e continuei levando a vida como sempre.
Ainda moro na mesma casa dentro da floresta, levo a rotina simples do jeito que gosto só que agora tudo está vazio incluindo eu, meu coração e minha cama.

Desde a partida de Giulia que nunca mais a vi. No início pensei ser melhor assim para nós dois mas não foi o que aconteceu... Disse inúmeras vezes a mim mesmo na vã tentativa de me convencer de que ela estava feliz, que agora era livre para voltar aos seus luxos, sua faculdade, os amigos, família e até um marido perfeito.
E o mesmo valia para mim, novamente tinha tudo sob controle, liberdade para fazer o que bem entendesse com dinheiro e mulheres de sobra.
Mas no caminho só o que encontrei foi solidão e tristeza. Fortuna e luxo nunca me atraíram e as mulheres agora também não mais. Várias vezes tentei, tive uma raiva tremenda mas sexo por sexo com qualquer uma se tornou sem sentido, não encontrei prazer com ninguém. Giulia elevou todos os patamares e nenhuma outra jamais chegará nem perto.

Acordo em mais um dia péssimo. Já se passaram meses e ainda não troquei os lençóis pois o cheiro dela misturado ao nosso sexo está impregnado na cama. A cozinha a muito está toda empoeirada, nunca mais a usei, cozinhar agora é um tormento pois tudo lembra ela. A calcinha que roubei fica guardada entre minhas boxers pretas e eu a seguro entre os dedos todos os dias, a única peça branca, a luz em meio às trevas, assim como ela. Até a floresta parece zombar de mim com seu verde exuberante da cor daqueles olhos que só em sonho me são permitidos agora.
Subo em minha moto e parto em direção à fronteira.
Se ela tivesse vontade teria me procurado mas nunca o fez então preciso ver com meus próprios olhos, quero ter a certeza de que sua vida é boa e perfeita longe de mim. Tenho que colocar um ponto final nessa história, me curar dessa insanidade.

Dirijo pela rua da mansão, passo uma, duas, dez vezes na frente do prédio e nada, nenhum sinal de vida. Fico a espreita na esquina, aguardando nem sei bem o quê até que de repente sinto uma pancada na cabeça.

Paixão MafiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora