Conto 7: Drama

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O amor entre aquelas meninas

☆ Capítulo Único ☆

Sofia, que é oriunda da zona fluminense do estado do Rio de Janeiro; em sua adolescência teve uma mudança brusca após a morte de sua avó: a família decidiu se distanciar do local onde tudo fazia lembrar da então amada matriarca e mudaram-se para o bairro de Botafogo na Zona Sul do estado.

Como de praxe, as mudanças trouxeram novidades e adaptações para toda a família. No caso de Sofia, estavam na construção de novas amizades e em sua nova escola.

A jovem sempre fora reservada, calma em sua postura ao exercer um tom zen em sua falar. Desde sempre sua beleza ímpar, atraiu os olhos de muitos. O moreno de sua pele é digno de inveja aos carente de melanina; seus olhos remetem ao mel mais puro e seus traços são enigmáticos a quem tentar desvendar suas raízes. No entanto, seu jeito muito tímido sempre retardou sua adaptação em novos ambientes.

A não ser que...

...

No primeiro dia de aula, como de costume, a calmaria toma frente nas primeiras horas. Os alunos tendem a deixar enclausurado aquilo o que pensam sobre os outros; observar em calada é epidêmico.

Sofia sentou-se próxima à uma jovem de pele clara e cabelos em cascatas douradas.
Após o empréstimo de um corretor, Sofia e Aline cruzaram o olhar pela primeira vez.
Percebeceu a falta de concentração, quando a colega precisou de outras duas vezes do corretivo, e ela a ofereceu; "Pode ficar com esse, eu tenho outro." disse-lhe em tom amigável. O gesto tão inusitado surpreendeu Aline.

Sofia é desses tipos de alunas exemplares, na qual tem seu material é impecável e completo a quaisquer necessidades. Já Aline, apesar de interessada, nunca fora tão eficaz no que se propunha estar entre as dez mais da classe.

No intervalo, Aline sentou-se próxima da então colega que, de início hesitou em interagir, entretanto, Aline tem o dom da fala e assuntos, logo, as duas conversaram todo o tempo da pausa.

Se encantaram sobre tantas coincidências que, dentre elas estava o fato de ser o primeiro ano para duas na instituição e, que seus pais as tratavam feito crianças impondo horários de retorno ao lar e de buscar com quem e para onde vão.

Tornaram-se companheiras inseparáveis. Os trabalhos em dupla eram sempre elas duas; estudar era marcado na casa de uma delas, onde muitas das vezes passaram a dormirem uma na casa da outra.

A dupla de meninas ficou conhecida na escola.
Uns olhavam com inveja ao amor que se tornou forte entre elas; outros com escárnio e preconceito em vê-las juntas. "Olha as lésbicas", cochichavam o grupo de religiosos e alguns fuxiqueiros. No entanto, esses tipos de comentários e piadinhas não chegavam até elas. Talvez, por que a utopia que circunda o contexto homo afetivo está torneado de proteções relevantes e irrelevantes tornando um espetáculo escandaloso a qualquer tipo de comentário divergente aos que se identificam com a causa; por outro lado, Aline sempre é uma menina de caráter firme e forte acentuação em sua forma de falar, isso lhe rendeu uma imagem de ríspida e poucas amizades. Estas características podem, também, estar acovardando de se dirigirem a elas com o polêmico teor.

Os pais das jovens gostam do relacionamento, além delas serem de famílias distintas, também são integradas no foco da construção de um futuro promissor. Sofia quer cursar psicologia, profissão da mãe. Já possui alguns livros sobre o assunto; Aline quer ser jornalista. Seus pais persistem em enaltecer sua adoração pelo português e sua facilidade em comunicar-se.

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