☕︎ Infância

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15 de Novembro de 2025
Zaya An Silver Miller

O grande dilema de minha vida quando era criança era o que eu ia ser quando crescer, na verdade é o dilema da vida de toda criança. Toda criança reclama da vida de criança,  deseja ser adulto, mas não pra arcar com as responsabilidades e sim pra poder sair com os amigos,  ir a shows e ficar até o sol nascer.

Sei disso porque era uma dessas crianças.

Pode ser uma coisa difícil de acreditar,  mas até os nove anos eu tive a vida perfeita.  Meus pais gostavam de mim, me amavam, e como única filha era mimada com tudo que queria. Por algum motivo também não era o tipo de criança que chorava ao receber um não,  eu compreendia o que era um não e não havia algo que pudesse fazer.

Como muitas óbvio que a ideia de ser médica passou por minha cabeça, assim como médica veterinária também,  porque eu amo os animais. Mas infelizmente como todo trabalho há a parte ruim, cujo você também tem que lidar com perdas. E a perda de um animal que é apegado a você dói mais do que a morte de um humano.

E então a grande pergunta era, moda ou perito? A imagem que criei em minha cabeça,  de perito, era diferente.  Óbvio, já que eu era apenas uma criança,  então optei por moda. Via vídeos de estilistas, fazia desenhos de roupas, de modelos que eu adoraria fazer, e isso não mudou, mas foi deixado para trás durante anos.

Quando comecei a entender tudo, quando minha vida já era não era mais a mesma,  comecei a assistir casos criminais, a querer investigar casos não solucionados da polícia. E assim que acabei a escola sabia exatamente o que queria, eu queria ir a um lugar, uma cena de crime, pegar todas as hipóteses e objetos que podem ser estudados. Desvendar um caso e entregar o assassino a polícia.  Meu nome iria para o jornal como de uma famosa, e faria disso uma grande conquista pessoal.

E cá estou eu, por volta de dez anos depois, completamente apaixonada por moda. Fui até o fim da faculdade de perito, e não me arrependo por isso, inclusive pelo fato de ter participado do único caso de uma pessoa consideravelmente especial para mim, apesar do final não ter sido algo convincente e muito menos feliz. Foi uma conquista pessoal e como alguém que pensa alto, eu aprendi, agarrei as oportunidades e corri atrás.

É o que farei com a moda agora.

Na verdade o que curto mesmo é estilitismo. Gosto de imaginar minhas peças, desenha-las e até mesmo comprar os tecidos para fazer. Nesses meses que fiquei em Nova York, fiz dois vestidos. Su-ho me ajudou comprando o tecido, fiquei com um pouco de medo dele trazer algo que eu não gostasse mas no fim ele sabia exatamente o que me agradava. E o que me faz passar o tempo nessa casa, diante desse tédio, é justamente desenhar. 

E faço isso no escritório do Jungkook, quando ele não está usando, é claro.

Sendo sincera, hoje, em especifico o dia de hoje, acho que me empolguei demais. Não sei a quantas horas estou aqui dentro e nem mesmo sei quando comi, mas as paredes e a mesa estão cheias de croquis, desenhos de diversos modelos de roupas, alguns pintados e outros só o rascunho. Estava como um belo ateliê de desenho. Senti minha filha chutar e me sentei na poltrona macia gemendo e colocando os pés para cima, céus. Estão enormes.

Me pergunto que dia irei parir, sério, estar grávida de nove meses, ou de quarenta semanas por aí, é como ser uma granada. A algum momento sente que vai explodir, que ao invés de sair como o planejado sua barriga vai abrir, literalmente numa explosão e o bebê vai pular para fora junto com a placenta sujando tudo de sangue. Bom, esse é o tipo de paranoia de uma grávida.

Fechei meus olhos e a porta do escritório foi aberta, para minha surpresa foi a pessoa que mais amo no mundo que entrou.

Su-ho.

ARMA FAMOSA • JJKWhere stories live. Discover now