Capítulo 4 - Caindo a fixa

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Subo as escadas do curso às pressas, hoje nada no meu dia parece dar certo. acordei atrasada, esqueci de pegar meu almoço na geladeira e a previsão está prometendo ser um dia extremamente frio. Odeio dias como esse, só queria que algo de bom acontecesse, mas a sorte não parece estar ao meu lado. Jogo minha bolsa no armário e pego a apostila, voltando então a correr para a sala de aula. Inicio a aula e tudo parece finalmente se alinhar, suspiro aliviada. Quando o sinal toca noto que mal senti o tempo passar, a não ser pela minha fome. Os alunos começam a sair, mas noto que as meninas principalmente Bo-ra permanecem, como se esperassem algo mais de mim. Fico encarando-as sem saber o que fazer e confusa.

- Estão liberadas meninas.

- Nós só queremos saber se o professor Jung tem algum recado para nós. -Uma das alunas responde.

Só então olho para porta e o vejo encostado no batente enquanto me encara rindo. Fico sem graça e sem saber o que fazer.

- Podem ir garotas, vou conversar com a senhorita Alves. -tento não rir do seu sotaque falando meu sobrenome. - Não te vi na sala dos professores mais cedo.

Pouco a pouco minhas alunas saem. Vejo Bo-ra fazendo corações para mim ao passar atrás de Jung yoo.

Essa menina não tem jeito, vive no mundo da lua só pode.

- É um dia daqueles, bom o que quer falar? Ainda tenho que sair para almoçar antes da próxima aula. -fecho minha apostila e pego o celular.

- Queria conversar mesmo, vamos almoçar juntos então?

- Hãn... Claro, porque não. -dou os ombros e saímos da sala juntos.

Me arrependo de ter aceitado o convite, não por Jung yoo, mas por ter encontrado Bo-ra e Eun-taek no restaurante. Adoro meus alunos, mas havia algo em mim hoje que estava me deixando instável demais. Quando me pedem para sentar com eles não vejo porque recusar, mas sinto um pouco de incômodo vindo de Jung Yoo. Mesmo assim as coisas fluem normalmente. Em pouco tempo estamos todos bastante à vontade. Enquanto Bo-ra não esconde sua paixonite pelo professor de química, Eun-taek também não esconde seu ciúmes. Me pergunto quando ela irá notar o quanto seu melhor amigo é apaixonado por ela. Já estamos saindo do restaurante quando vemos uma agitação na porta de um dos restaurantes ali perto. Bo-ra é a única de nós que para e dá atenção, minutos depois corre até nós gritando feito doida.

- Meu Deus, o Jin e o JK estão naquele restaurante! Eles são tão lindos!

- Mas eles não estavam viajando? -as palavras pulam da minha boca sem que eu perceba.

- Não vai me dizer que você é Army professora? -Eun-taek pergunta com uma cara de sofrimento.

- Ouvi nos corredores do curso...-minto sem jeito.

Jung Yoo dá um jeito de desconversar e agradeço aos céus. Voltamos a caminhar, mas a cada três passos Bo-ra olha para trás na esperança de ver um deles. Aproveito isso para olhar de vez em quando, nem sei o porque exatamente, mas sinto que aquelas borboletas de duas semanas atrás voltaram. Chegando no curso nos despedimos deles e fomos para a sala dos professores. O silêncio entre nós era um pouco estranho, mas continuávamos lado a lado.

- Luana... -Jung Yoo me chama antes sentar para começar a ler alguns dos trabalhos dos seus alunos. - Sabe que não tem nada de errado em gostar do Bangtan, certo?

-Sei, mas nunca nem parei para ouvir as músicas direito. -Sorrio com seu comentário, a doçura dele me encanta. - Talvez eu os ache bonitos, talvez.

Comento mexendo em minha bolsa dentro do armário, precisava ver na minha agenda onde havia parado a aula da próxima turma. Quando chego no dia de hoje vejo que é a página que Seokjin marcou. Se antes achava que as borboletas haviam voltado, agora tenho certeza.

"O dia que o homem mais lindo do mundo volta louco para me ver"

- Talvez eu goste deles. -digo sorrindo após ver o bilhete que, por duas semanas, me fez corroer de curiosidade.

- Me avise se um dia precisar de companhia para ir a algum evento deles. -responde sem me olhar, mas sorrindo assim como eu.

Estou prestes a sair do curso quando vejo Eun-taek andando de um lado pro outro no final da escadaria. Parece estar ensaiando algum discurso haja visto que fala sozinho enquanto anda. Sigo descendo as escadas e pergunto se está tudo bem.

- Briguei com a Bo-ra e não sei como me desculpar. -responde nervoso sem parar de andar. - Eu só disse que não tinha porque ir em um encontro às cegas que arrumaram para ela.

- Relaxa tudo vai voltar ao normal em poucos dias. Ela não consegue ficar longe de você por muito tempo.

- Acha mesmo? -vejo seus olhos brilharem com minha resposta.

- Claro, é o melhor amigo dela. -me entristece vê-lo assim aflito. -Não importa o que aconteça, sempre será o melhor amigo dela. Devia se declarar logo para ela, se demorar muito a fazer isso, pode se arrepender.

- Mas e se eu perder a amizade dela? Não posso fazer isso...

- Sabe, talvez as coisas mudem por um tempo, ela parece não ter percebido o quão importante é na vida dela, mas ainda acho que devia falar o que sente. Se sentar e esperar o momento certo, ele pode passar e você não perceber. -Digo lembrando da minha adolescência e de quando estava em seu lugar.

Me despeço e caminho até o ponto de ônibus para finalmente encerrar o meu dia. Depois de encontrar Eun-taek me sinto um pouco nostálgica. Minha adolescência foi normal, mas confesso que tinha uma paixonite atrás da outra. Foram poucas as vezes que me declarei, afinal só tive dois relacionamentos sérios na vida. Acreditava que meu ex-namorado seria o homem que teria para a vida toda, mas não foi bem assim.

O que me fez concluir que a melhor parte do relacionamento, é provavelmente os dois primeiros anos, a época da paixonite. Era tão bom estar apaixonada. Rir das piadas sem graça, como algumas do Seokjin. Ir em passeios inusitados, que nem sempre acabam como o planejado, tipo quando conheci Seokjin sem querer. Admirar cada detalhe do companheiro, desde os pequenos lábios carnudos até os dedos que dobram de forma diferente. Descobrir hobbies ou coisas que gostam de fazer, como ser viciado em cozinhar...

Meu Deus! Não pode ser!

Meu telefone vibra e espanto esses pensamentos loucos da minha cabeça. Quando finalmente encontro o celular dentro da bolsa me surpreendo ao ver quem era. Kim Seokjin. Não consigo atender, fico encarando a tela do meu celular. O reflexo do celular na janela do ônibus chama a minha atenção, é quando vejo o meu reflexo que me assusto. Estou perdida. Eu conheço esse sorriso idiota.

Me apaixonei por Kim Seokjin.

{...}

Me rendendo a vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora