Me rendendo a você

Capítulo 7 - Discussão na sala

Enquanto os alunos terminam de fazer os exercícios da aula, me perco em meus pensamentos. O dia foi bastante cansativo, por sorte não saio tão tarde, mas sem dúvidas terei de tomar um remédio para dor de cabeça. As duas turmas de hoje desandaram a conversar muito e todo o falatório me deixou irritada. Sem contar as insistentes ligações que vinha recebendo de um número desconhecido. Não faço ideia de quem pode ser. Começaram há uns dois dias, pelo menos três vezes ao dia o telefone toca.

Penso se irei ver Seokjin mais tarde, sempre que tinha uma brecha no trabalho vinha ficar comigo e estou achando isso ótimo. Era uma boa companhia. No início achei que ele seria mais barulhento e me atrapalharia, mas não. No geral é uma pessoa calma e séria, lógico que tem momentos que nem Jesus na causa. Quando a hora da bobeira chega é porque na maioria das vezes já estava a horas sentada na minha mesa trabalhando. Comecei a ver como uma forma carinhosa dele de me fazer relaxar. De resto ficamos bem, no fim das contas é bom tê-lo por perto.

Confesso também que fiquei um pouco mais viciada nele desde aquela noite e manhã maravilhosa, nunca imaginei que fosse capaz de sentir tudo aquilo.

Estou recebendo os últimos trabalhos quando percebo que Bo-ra e Eun-taek estão no fundo da sala alterados e sem terem guardado metade de duas coisas. A essa hora são os primeiros a ficarem prontos. A coisa piora quando os últimos alunos estão saindo da sala e Bo-ra começa a se alterar.

- Quem pensa que é para falar com quem e se devo ou não sair com alguém.

- Seu melhor amigo? Estou te avisando, esse segundo encontro não deveria acontecer, mal conhece o cara. -Eun-taek começa a jogar seu material com raiva na mochila.

- É pra isso que servem os encontros, saberia se frequentasse...

- Não sei se você sabe, mas eu frequento sim, inclusive já namorei caso não lembre. Faz o que você quiser, não é como se me escutasse mesmo. -o vejo levantar decidido, para ele o assunto estava encerrado.

Vamos lá Bo-ra reage, vocês se gostam menina.

- Se você passar por essa porta sem terminar essa conversa, nem precisa mais falar comigo. -Bo-ra grita decidida, aquele era o seu basta para eles.

Eun-taek se mantém firme. Continua caminhando em minha direção para entregar o trabalho, mas só me olha quando chega em frente a mesa. Ao mesmo tempo que seu olhar pede ajuda, também mostra cansaço. Ele está prestes a desistir de Bo-ra.

- Se sempre sufocar seus sentimentos, nunca será plenamente feliz. -Sussurro como uma ajuda.

Nem eu queria que ele saísse sem se resolverem.

Não sei o quanto está magoado, mas o desânimo em seus olhos, mostra claramente que os dias de paixão por Bo-ra estão contados. De forma decida ele sai da sala, sem nem olhar para trás. Deixando nós duas com a mesma reação, impressionadas. Geralmente quem tem esse tipo de atitude é Bo-ra, não ele. Encaro a menina perdida no fundo da sala, olhando fixamente para a porta como se tivesse perdido seu maior tesouro. Então no final das contas, por trás de todas as suas paixonites, um era apaixonado pelo outro.

- Isso só pode ser brincadeira. -Bo-ra parece ter esquecido onde está, ri de forma amarga e fala sozinha.

- Quer conversar? -quando minha voz ecoa na sala ela se encolhe envergonhada.

- Não é nada, professora. Só um chilique idota, vai passar.

- Eun-taek não é do tipo que se irrita sem motivo. Devia pensar no que....

- Pensar? Não tem mais o que eu possa pensar. -Bo-ra se exalta mas não me importo, sentei novamente na cadeira e foco em ouvi-la. - Passo metade do meu dia com ele, cuido quando tá doente, nunca vou a um segundo encontro na esperança dele se declarar, mas eu cansei de esperar. Se depender dele, morreremos solteiros. Vou sair com esse rapaz novamente, preciso tentar.