— Algo ronda a sua cabeça — afirmou ele.— Sim — assentiu ela —, queria falar contigo sobre uma decisão que tomei.
— Comigo? Por que comigo?
— Porque você é meu amigo mais antigo, e provavelmente me conhece melhor que ninguém. Ademais, preciso de uma opinião sincera.
— Muito bem, de que se trata?
— Estou pensando em ter um filho.
Aquelas palavras bateram no cérebro de Christopher como se tratasse de uma parede. Sacudiu a cabeça, tratando de dar-lhes sentido, mas foi inútil.
— Não sabia que... Que estava saindo com alguém — comentou Christopher sem a olhar nos olhos.
— Não saio com ninguém.
Graças a Deus, pensou Christopher de imediato, involuntariamente, sentindo um imenso alívio que associou simplesmente a um instinto de proteção para ela. Tinha-lhe um grande afeto. Tinha-a amado louca e inutilmente, durante anos, e tinha sofrido uma imensidão quando Dulce começou a sair com outro. Mas tinha sabido dominar sua abstenção e casar-se com uma mulher maravilhosa, Wendy. Dulce e ela tinham ficado amigas e nada mais. Wendy costumava assistir aos almoços mensais, dos velhos tempos. Era natural que sentisse afeto por Dulce, fazia parte de seu passado.
— Christopher! Você está bem? — perguntou Dulce ao vê-lo calado —. Não pretendia assustá-lo.
— E se não sai com ninguém, como é que... pensa ter um filho?
— Para isso servem os bancos de esperma.
— Os bancos de esperma? — repetiu Christopher incrédulo.
— Sim, guardam esperma congelado — explicou Dulce ruborizando-se, sem olhá-lo nos olhos —. De fato, fiz já uma série de teste de fertilidade, e me recomendaram vitaminas e alguma outra coisa. Supõe-se que sou uma candidata perfeita para a gravidez. O único que tenho que fazer é eleger um doador e iniciar o procedimento.
— O procedimento?
— De inseminação artificial. Selecionei já alguns candidatos, mas queria conhecer sua opinião — acrescentou Dulce pondo uma pasta em cima da mesa e a estendendo para ele.
— Diga-me que não está falando sério — Dulce calou —. Demônios! —exclamou Christopher passando a mão pelos cabelos —. Fala sério, Dul... Por que? Por que assim? E por que agora, precisamente?
— Vou completar trinta anos em novembro, Christopher — afirmou Dulce com calma —. Quero ter família. Filhos — corrigiu-se —. Quero ser mãe enquanto seja jovem ainda, e tenha energia para criá-los e os desfrutar.
Entre linhas, caladamente, surgiu em ambos à lembrança da desgraçada e solitária infância de Dulce. Christopher recordava seus sufocantes avôs, sempre censurando, incapazes de perdoar a sua filha por ter ficado grávida estando solteira. E, quanto à mãe de Dulce... Bom, o melhor que tinha comentado a respeito dela a mãe de Christopher, que nunca tinha falado mal de ninguém, era que "não teria estado a mais que mostrasse um pouco de carinho por sua filha".
— Trinta anos não é tanto — argumentou Christopher —. As mulheres agora têm filhos com quarenta. Por que não espera um pouco mais? Pode ser que mude de opinião.
— Não lhe peço a opinião para que me critique — contestou Dulce com dureza —. A decisão está tomada. Só queria saber que pensava sobre a escolha de doador, mas esquece — acrescentou retirando a pasta, que ele agarrou imediatamente.
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Um filho teu (Adaptação) Vondy
FanfictionSe alguém tivesse dito a Christopher Uckermann que acabaria se casando com Dulce Maria Saviñon, sua melhor amiga e a mulher de seus sonhos mais secretos, e que estariam esperando gêmeos, jamais teria acreditado. Mas nem sequer em seus sonhos mais se...