PANDORA | rosekook

glimpse

ROSEANNE PARK

A casa de campo do meu antigo motorista era perfeita. As paredes de madeira e pedra, as plantas por toda volta, a cerca que nos alertava sobre o lago cristalino ali perto. Quando ele me levou lá pela primeira vez quando eu tinha catorze anos, eu amei de cara. Era meu aniversário e eu estava triste por que meu pai não conseguiu ir para a festa, por conta do trabalho. Leo, Jennie e Taehyung se uniram e fizeram um bolo pra mim. Foi um dos melhores aniversários da minha vida.

Eu tinha pegado um táxi até ali, e assim que desci e o carro partiu, a porta foi aberta. Leo sorriu assim que me viu.

— Rose!

Caminhei até ele e o abracei.

— É muito bom te ver, Leo — nos separamos e observei seu cabelo grisalho no sol — Não acredito que não me contou que tinha se aposentado.

— Você estava escondida, aquela loucura toda com seu tio... não queria te atrapalhar com bobagem.

— Não é bobagem.

— Fez essa viagem toda só pra me ver?

— Claro.

Ele sabia que não era totalmente verdade. Segurou minha mala e me levou para dentro. Antes de passar pela porta inalei o cheiro de grama, água e das plantas. Se eu saísse dali pelo menos um por cento mais sã, já valeria a pena.

•••

— As notícias eram uma desesperança sem fim. Taehyung me ligava para mandar notícias, seu pai sumiu. Fiquei muito estressado.

— Sinto muito por isso, Leo.

— Eu que sinto muito — ele me interrompeu me entregando o copo com suco de laranja — Não acredito que seu pai não te contou logo no início dessa loucura toda quem seu tio era. Qual o problema de vocês, ricos?

Soltei uma risada.

— É bom conversar com alguém que não pisa em ovos pra me dizer qualquer coisa.

Voltamos a comer. Leo não era o melhor dos cozinheiros, mas eu não ia reclamar. Amava o ensopado de carne que ele fazia.

— Eu descobri umas coisas.

A feição dele mudou. Leo sabia do que eu estava falando antes mesmo de eu dizer qualquer coisa.

— Sobre sua mãe? — assenti — Se lembra de alguma coisa?

— É claro que você sabia — coloquei o garfo sobre o prato — Será possível que todo mundo sabia menos eu?

— Eu estava dirigindo o carro quando você foi pra sua sessão de terapia, querida.

— Sabia que Taehyung tinha matado ela?

— Eu imaginava — Leo cruzou os braços, sabendo que a conversa só estava começando — Não precisava ser terapeuta pra saber o que estava acontecendo. Você e seu irmão estavam em frangalhos.

— Ela me batia. Você sabia disso quando acontecia?

— Sua mãe era ótima em esconder as coisas. O seu pai só foi perceber uma semana antes da sua mãe morrer.

— E o que ele fez?

— Estava decidido a sair de casa levando vocês dois. Sua mãe não facilitou. O sr. Park estava prestes a deixar que o caso estourasse na mídia pra conseguir a guarda de vocês dois.

— Ele realmente queria salvar a gente daquilo, né?

— É claro que queria. Ele ama vocês dois.