Capítulo 5: Um mau hábito para se ter

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1936

As semanas se passaram e Harry se acostumou cada vez mais a ter Tom morando com ele. O aniversário de Tom passou tranquilamente e, por fim, o clima ficou cada vez mais quente. O menino ainda estava quieto e franzia a testa com muita frequência para muitas coisas, mas parecia se adaptar bem à sua nova vida. Às vezes havia pesadelos, mas eles foram ficando menos frequentes com o passar do tempo.

Harry fingiu ignorar a comida que Tom escondia para consumo posterior e respondeu às perguntas do menino sobre magia o melhor que pôde. Apesar de tudo isso, no entanto, Tom era uma criança dolorosamente independente e, embora Harry desejasse que o menino confiasse mais nele, não podia culpá-lo por sua relutância em fazê-lo.

Harry poderia se relacionar. Sobreviver aos Dursleys não significava viver como se eles nunca tivessem existido.

- O que as pessoas aprendem em Hogwarts no primeiro ano?- Tom perguntou uma noite, sem tirar os olhos do jornal que estava lendo: uma cópia de alguns dias atrás do Financial Times que ele havia encontrado em algum lugar enquanto Harry estava atualizando as últimas notícias sobre a saúde do Rei George. Tom estava encolhido em cima de uma cadeira, com um pedaço de pão meio comido à sua frente.- Os feitiços têm níveis de dificuldade ou algo assim?

- Sim, eles têm.- Harry respondeu, se perguntando distraidamente se deveria dar a Tom um ou dois livros sobre o assunto. Ele ainda tinha muitos galeões que estava guardando para o material escolar de Tom e definitivamente poderia comprar um ou dois livros úteis para o menino.

Ainda levaria algum tempo até que ele fosse para Hogwarts, mas ajudá-lo a se preparar para isso não poderia ser uma coisa ruim. Harry lembrou-se do quanto sua própria falta de preparação o havia estressado quando ele foi para Hogwarts pela primeira vez. Ele sabia que se não fosse pelo entusiasmo acadêmico de Hermione e pelo conhecimento de magia de Rony, ele teria tido muito mais problemas com, bem, tudo naquela época.

- Mas os tipos de dificuldades podem variar.- Harry continuou.- Um feitiço pode ser tecnicamente fácil e ainda requer muito poder. Ou pode exigir muita pouca magia, mas é tão delicado que a maioria nem tenta. Sem mencionar o impacto da intenção durante a pronúncia.

- Qual é o feitiço mais difícil que você já lançou?- Tom perguntou, cuidadosamente indiferente. Harry ficou em silêncio por um momento, ouvindo os sons do tráfego tardio lá fora enquanto pensava em todos os feitiços com os quais ele teve problemas.

- É difícil dizer.- ele respondeu hesitante depois de um tempo, sem saber como continuar. Alguns foram difíceis de aprender, mas depois de aprendê-los eram fáceis de lançar.- Existem alguns.

- E o mais fácil?

- O feitiço de acender a varinha.- Harry disse, imediatamente, sorrindo carinhosamente com as memórias que a mera menção de aprender o feitiço trouxe à sua mente.- É um dos primeiros que aprendemos junto com outros feitiços fáceis, como o feitiço de levitação e o feitiço de desbloqueio.

- O que há de tão fácil nisso?- Tom quis saber, finalmente erguendo os olhos do artigo que estava lendo. O olhar cansado em seu rostinho fez Harry sentir algo estranho, embora não soubesse o que fazer a respeito. Em vez disso, ele se levantou para fechar a janela e se servir de outra xícara de chá, olhando para os poucos pedaços de bolo que sobraram na mesa.

Harry sentia falta dos dias em que poderia simplesmente sair para comprar bolo. Agora, no entanto, não apenas havia poucos lugares vendendo o tipo de bolo com o qual Harry estava acostumado, como ele duvidava que pudesse pagar por esse tipo de guloseima tão cedo.

O que era, de certa forma, estranho também. Ele não esperava ter que se preocupar com finanças depois que deixou os Dursleys e conseguiu sua própria herança, mas era engraçado como a vida funcionava às vezes. Harry não se arrependeu de ter deixado tudo para trás, apesar das pequenas dificuldades.

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