Capítulo 8: Alguns pequenos feitiços

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1938

- O pequeno Tommy também não vem hoje?

Harry ergueu os olhos do tecido que estava cortando cuidadosamente e se deparou com o rosto desapontado de Marie. Ele não teve coragem de dizer à mulher que pelo menos parte do problema era seu hábito de chamar Tom de 'Tommy' e, em vez disso, ofereceu um sorriso de desculpas.

- Ele está se preparando para a escola.- disse Harry.- Ele é inteligente, como você sabe, e ganhou uma bolsa de estudos para um internato na Escócia.

- Isso é incrível!- Marie engasgou.- Oh, mas permita-me dar a ele um presente por uma conquista como essa! Quando ele vai partir? Não em breve, espero!

- Em setembro.- Harry respondeu, sorrindo. O fato de que havia pessoas como Marie que adoravam Tom, apesar de sua atitude mal-humorada, o deixava feliz.- E tenho certeza que ele ficaria feliz e honrado em receber um presente seu. Vai ser difícil para ele se mudar para tão longe e não tenho dúvidas de que ter algo de casa vai ajudá-lo.

- Ah, com certeza.- Marie concordou, quando o sino amarrado na porta tilintou e um grupo de quatro homens entrou na loja.

- Olá.- disse um deles, aproximando-se do balcão onde Maggie estava.- Meu amigo aqui está procurando um conjunto de chapéu e luvas para sua namorada. Você tem uma seleção ou faz sob medida?

'Ainda bem que não trabalho com chapéus', pensou Harry, vendo Marie juntar-se a Maggie e aos novos clientes no balcão. Logo Marie estava conversando com entusiasmo com dois dos quatro homens, enquanto Maggie voltou a desenhar um vestido de noiva para um de seus clientes habituais.

- Para que tipo de evento o chapéu deve ser adequado? Um coquetel?

- Não, de jeito nenhum.- um dos homens se apressou em dizer.- Mas dizem que o próprio professor Freud virá a Londres em breve. Meu pai é professor em Oxford e certamente convidará o professor Freud para jantar em algum momento, e talvez até dê uma festa de boas-vindas em sua homenagem. Portanto, se possível, tenho certeza de que algo um pouco menos colorido e mais adequado para uma reunião de intelectuais seria apropriado.

- Eu ouvi falar do Sr. Freud.- disse Marie, balançando a cabeça.- Embora eu não tivesse ideia de que ele estava planejando vir para cá. Ele mora na Alemanha, não é?

- Na Austria.

- Meu Deus. O que poderia levá-lo da Áustria até a Inglaterra?

- Há algum tipo de agitação política acontecendo lá no momento.- disse um dos clientes, juntando-se à conversa.- Isso remonta à Alemanha, mas esses dois países sempre estiveram próximos. Também ouvi dizer que ele está muito doente, mas talvez sejam apenas rumores, não tenho certeza. Ele também é bastante velho. Na casa dos oitenta, se bem me lembro.

- Ouvi dizer que há muitas pessoas famintas na Alemanha agora.- disse outro.- E nenhum emprego disponível. O que compreensivelmente deixou as pessoas inquietas. Duvido que alguém tão velho quanto ele prefira ficar por aqui e assistir o caos tomar conta.

- Ah, mas não acho que seja a depressão que está deixando as pessoas com raiva.

- Seja o que for, não tem nada a ver conosco e, portanto, não temos motivos para nos preocupar com isso.- o quarto homem bufou, claramente entediado com a discussão.- Na verdade, eu diria que é uma sorte para nós, já que está fazendo o professor Freud se mudar para Londres. Ouvi dizer que a cunhada dele já está aqui.

'Eles não podem estar falando sobre o que eu acho que eles estão,' Harry pensou, franzindo a testa enquanto continuava com sua tarefa. 'Certamente é muito cedo para Hitler já estar em movimento? Merlin, se eu pudesse me lembrar quando a Segunda Guerra Mundial começou. Estou tão feliz que Tom irá para Hogwarts, pelo menos lá ele estará a salvo de qualquer ataque trouxa.'

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