A medida do tempo é bem relativa. Imagina... Uma semana para um bolo é muito, pra uma batata frita do Mc Donalds é pouco. Uma semana para uma grávida é muito, pra alguém que está esperando o show de algum grupo legal no final do ano é pouco. Pra quem compra uma geladeira, uma semana é muito e pra quem tem que mandar a geladeira pra casa da pessoa que comprou, é pouco. Pra uma paciente é muito, pra uma doutora é pouco.
Vou chegar na próxima consulta e ela nem vai lembrar mais quem eu sou, o que eu fiz, quais foram meus pecados, quantas moedas consegui pegar na última vez que joguei Super Mário e porque estou ali. É muito tempo sem ela saber de mim pra que resolva alguma coisa na minha vida. Ally me falou que eu logo iria poder sair com a turma sem me sentir culpada ou sem essa vontade nenhuma de fazer algo, mas isso não aconteceu ainda. Não sei se isso vai dar certo.
E sim, eu continuo achando que a Lauren vai esquecer de tudo o que eu já falei. Se eu não me lembro nem o que eu comi ontem no almoço, imagina ela que deve atender umas 2 pessoas por dia no mínimo. Vou mandar um lembrol pra ela como se aqui fosse a faculdade de HogBrasil. Nossa, já pararam pra pensar? As vassouras seriam coloridas e nós não iríamos saber se o pessoal está regredindo na modinha emo cheia de cores e aquele cabelo capacete, ou só teria a vassoura vermelha pra parecer a vassoura da Ferrari. Meu Deus, esqueci que dariam um jeito de acoplar um mp3 na vassoura e eu já consigo imaginar o povo escutando funk proibidão indo pra facul. Onde é a porta que eu saio da minha imaginação, porque ela precisa de limites?
Fato é que daqui a pouco começa a minha segunda sessão e eu ainda não sei porque fico tão nervosa aqui na espera. Não vou levar picadas, nem ser torturada. Fora que ela não pode me julgar pelo o que eu fiz, né? Não que eu tenha feito algo de errado. Eu entrei para a faculdade, me apaixonei pela Hailee, namoramos por pouco mais de um ano e meio e a vida a levou de mim. Isso já está fazendo seis meses e meio. O problema é que essa dor habita em mim. Viu? Sou totalmente inocente e refém do meu próprio coração e da minha própria cabeça, que se sentem culpados em fazer qualquer coisa.
Hailee, se soubesse que vou um dia pra festa sem ela, ficaria possuída pelo ritmo ragatanga. E o pior é que cada vez que eu saio com o pessoal acontece alguma coisa estranha ou ruim. Me convidaram pra ir no cinema com eles, e antes de sair de casa, minha camiseta enroscou na pulseira da minha irmã e desfiou. Claro que eu troquei. Quando chegamos ao cinema, eu, com aquela fome de pipoca doce embaixo e pipoca salgada em cima tive que ouvir "A pipoca doce acabou, senhora". Que morte horrível! Esses dias me convidaram pra comer um cachorro quente que não me fez muito bem não. E o engraçado que essas coisas só acontecem comigo, porque todo mundo ficou super bem depois.
Talvez quem esteja dando má sorte é esse menino novo que eles conheceram. Ele joga basquete com o namorado da Ally e tem sido convidado para as nossas saídas. Acho que todo mundo se sente um pouco mal porque eu sou a única forever alone que vai sozinha e então convidam mais gente pra fazer companhia. Eu não me sinto mal por estar sozinha, mesmo. Só sinto vontade de sentar no cantinho e cantar Lonely do Akon.
"Camila, já pode entrar" eu sorri para a pessoa que veio me avisar e toquei a mesma porta da semana anterior.
"Boa noite!" Eu disse a ela que se levantava para me cumprimentar.
"Boa noite, Camila! Como passou a semana?" Me sentei na cadeira enquanto olhava pra ela, que pegava seus papéis e anotava sem parar. Olha que eu dava tudo pra saber o que ela tá escrevendo. Eu posso estar aqui, jurando que ela escreve até as vírgulas de tudo o que eu falo, e ela de repente tá escrevendo a letra de alguma música da Britney Spears. Se ela começar a fazer barulhinho com o lápis vamos ter a certeza de que é Baby One More Time.
"Ah, tudo bem..."
"O que você fez durante a semana?
"Nada de muito diferente. Vim à faculdade todos os dias, fiquei em casa com a minha família, passei o final de semana vendo filmes... Estudei"
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Serendipity
Teen Fiction"A lei é a razão livre da paixão", já diria Aristóteles. Não faço ideia do que isso interfere na minha vida, mas vi em Legalmente Loira e achei melhor guardar pra se caso um dia eu venha a precisar. Fiquei pensando muito tempo em um resumo da minha...
