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Para uma garota Nova Iorquina orgulhosamente clichê, viver sem uma cafeteira perto de casa com um ambiente agradável para leitura e bons donuts recheados era uma grande tortura. Por isso, Annabeth considerou uma vitória particular ter encontrado aquele lugar a apenas algumas quadras de casa.

A verdade era que, com os irmãos ocupados com os seus afazeres de férias e o pai concentrado na sua tese de doutorado, Annabeth se sentia entediada em casa. Havia dado algumas voltas pela vizinhança conhecido os parque e sorveterias, mas somente naquele café havia se sentido perto de casa.

Era o quarto dia que aparecia ali, a garota do balcão já sabia o que ela iria pedir - um descafeinado, e mais tarde, o donut que parecesse mais delicioso da vitrine. Ela era recebida com sorrisos, como em praticamente todos os outros lugares da cidade.

Mas a hospitalidade da vizinhança começou a parecer demais quando viu um garoto de cabelos escuros e pele bronzeada parar à frente dela na mesa de canto, propositalmente escolhida longe de todos.

– Posso me sentar aqui? – o garoto perguntou.

Annabeth ficou em silêncio por alguns segundos, pensando se responder que haviam pelo menos três mesas vazias era muita grosseria.

– Acho que você não se lembra de mim, sou Percy. – ele continuou, com um sorriso (muito) bonito. – nos encontramos no consultório do Lester.

A mente de Annabeth fez um click quase sonoro . Lembrou da primeira consulta com o Dr. Papadopoulos e aquela conversa breve que teve na recepção – não havia prestado muita atenção ao garoto que havia tentado uma conversa, tinham coisas demais na cabeça dela naquele dia, mas aos poucos podia assimilar perfeitamente as duas figuras.

– Você sempre faz isso? Sai falando com pessoas que não conhece? – As palavras saíram pela boca de Anna antes que a garota pudesse filtrá-las.

– Na verdade, sim. Mas ajuda a não parecer tão estranho quando eu já sei o nome delas. – Percy riu, ao invés de se sentir ofendido. Logo, havia tomado o lugar na poltrona do outro lado da mesa, de frente para a garota.

– Meu nome é Annabeth, e lá em Nova York aprendemos que isso é muito perigoso. – ela continuou com bom humor.

– É, eu sei. Já estive lá algumas vezes. Não deveriam se orgulhar nem um pouquinho da hospitalidade de vocês.

Aquele comentário deveria atingir o coração de Annabeth como uma navalha, mas impressionantemente ela não se sentia ofendida. Deveria ser algo no tom brincalhão do garoto.

– Eu poderia citar várias coisas que San Francisco não deveria se orgulhar, se vamos ter essa conversa. – Percy adorou como ela parecia ter sempre uma resposta na ponta da língua. – Começando pelo tanto que demorei pra encontrar um bom lugar com um descafeinado de qualidade.

– Eu me sinto verdadeiramente ofendido. – o moreno colocou a mão sobre o próprio peito de maneira dramática. – Vou ajudar você a enxergar como San Francisco é uma cidade incrível.

– Não acho que seja necessário.

– Eu insisto.

– Não pretendo ficar aqui por muito tempo. – Annabeth respondeu. De repente, parecia que havia sumido o pouco bom humor que Percy havia sentido na garota. – porque vocês Californianos insistem tanto em ajudar as pessoas que não pediram por isso?

Ouch.

Pela primeira vez naquela conversa, o garoto se sentiu verdadeiramente inconveniente. Annabeth não queria, realmente, fazê-lo se sentir daquela maneira, só estava descontando na pessoa errada suas frustrações, mas nem sempre ela conseguia segurar a própria língua.

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