4. A outra

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Desmancho-me em arrepios grotescos quando os lábios de carmim tocam meus ombros desnudos, lambem a pele marcada por seus dentes e deixam para trás a única sensação que só sua existência é capaz de despertar em mim.

Sussurro seu nome como um poema apaixonado, porque realmente estou. Enamorada por cada detalhe de seu ser, por suas nuances que se encaixam tão bem nas minhas. Pela linha atraente de seu sorriso solar. Por seu amor, cuidado, sua paciência, mas também sobre seu toque firme, seus quadris traiçoeiros, sua masculinidade torpe e intensa. Sua voz que sempre seria meu som favorito.

Aspiro seu cheiro doce. O nariz que funga a bochecha macia. Os dedos perdendo-se entre a cabeleira negra e longa.

Seu rosto se acirra ao meu novamente e nos fitamos sobre a penumbra iluminada apenas pela tv há muito tempo esquecida atrás de nós.

Sua beleza é ainda mais oblíqua a meia luz, os olhos tímidos, agora mais ferozes me arrebatam como um raio, roubam meu fôlego.

As mãos me acarinham a tez, delicadas, não contrastam com a firmeza quase possessiva de seus quadris que me devoram em movimentos contínuos e asfixiantes.

Dedilho o maxilar afiado, e admiro como a eterna amante de suas feições, cada expressão torturada.

– Amor... - Escapa da boca bonita e motivo dos meus sonhos mais travessos. Baforadas do hálito frutado esquentam minha pele, corrompem-me ao desejo sublime de beijá-lo pela milésima vez naquela noite.

Com os poros abertos e o corpo em febre pura, ele me faz montá-lo. Os sons molhados nos denunciam e nem a chuva lá fora é capaz de ofuscar o fogo que nos rodeia.

Nossos eflúvios estavam tão encrespados um no outro que eu sequer conseguia distinguir o meu próprio cheiro, tendo marcas dos seus toques em todos os lugares de mim.

Minha boca encontra a sua em total desordem, somos explosões causadas pela mesma pólvora, compartilhamos em uma conexão mútua a intensidade que nos cerca.

É uma bagunça de saliva e chupões, onde sua língua perpassa por meu lábio superior e seus dentes apanham o inferior em uma mordida deliciosa. Suas mãos apertam-me a cintura, sobem para a base dos seios que se atritam em seu peitoral firme. Eriço-me, contorço-me no membro que me preenche tão bem. Consigo senti-lo pulsar cru, as veias se arrastarem por cada terminação nervosa, a glande inchada acariciando um ponto que me faz ver estrelas.

– Jungkook... - Estou exausta, mas não consigo parar. Minhas mãos escorregam por suas costas e a penetração fica mais escorregadia.

Sugo seus lábios para mim uma última vez e nossos lábios se apartam com um único fio de saliva os ligando.

Consigo ver perfeitamente as estrelas do céu que ele me faz alcançar quando jogo a cabeça para trás e esqueço o pudor do silêncio.

Meu ápice é apenas a explosão de todas aquelas sensações que só ele me faz sentir durante aqueles longos minutos. Entrego-me no mais torpe prazer lúgubre, estremecendo em seu poder, tornando-me maresia depois de todas as ondas causadas por si.

Sua voz bonita se parte em um som agudo e seus dentes alcançam meu queixo, e ele também explode em mim. Deixa-me saber o quão seu desejo é profundo.

Não me importo em ser a outra. A quem ele encontra em penumbras, a cortesã de baixo escalão que o duque encontra no calar da noite.

Sou seu segredo mais torpe. A mulher a qual ele não pode dar a mão em público. Me contento com esses momentos, vendo-o vestir as calças e ajeitar os suspensórios.

Seu corpo ainda está orvalhado de suor e ele ainda me olha nua na cama com o desejo feroz o qual nos atraiu desde o início.

Se sou a desgraça das famílias. Está tudo bem para mim também.

— Quando voltará? — Eu pergunto, acariciando com as pontas dos dedos a pele de minha coxa. Cuja qual ele esteve beijando nas últimas horas.

— Tenho uma viagem importante esse fim de semana. Terei de levar Ingrid, mas assim que voltar, virei até você.

Ele fecha os botões da camisa. Seu cabelo escuro ainda bagunçado por minhas mãos.

— Vista-se ou não conseguirei ir embora.

Sorrio, dando de ombros.

— Talvez eu não queira.

Ele sorri também, se inclina para me puxar a perna, arrastando-me pelo colchão.

Gargalho, ele também. E me beija os lábios. Suas mãos firmes me tateando os quadris, deslizando os dedos pelo íntimo ainda ardente.

Ofego em sua boca quente.

— Não se deite com nenhum outro que não seja eu.

Ele leva os dedos até os lábios.

Meus olhos ainda estão turvos pelo prazer.

— Isso é um pouco egoísta. — Digo.

Jungkook veste o casaco, ajeitando suas lapelas.

— Meu casamento não durará, você sabe.

— A sociedade nunca me aceitará.

— Eles não tem que aceitar nada. Sou eu que a ama.

Meu coração aquiesce.

— Espere por mim, minha duquesa.

Eu o vejo partir, aquecida pelo robbie escuro. O vejo cobrir sua cabeça com o chapéu e se misturar com a noite.

Voltar para sua mulher.

Ainda ouço minhas amigas dizerem que ele vai partir meu coração. Que acabará com nosso caso quando se enjoar de mim.

Mas ainda sou tola de acreditar no amor, mesmo que esteja destruindo um.

Estarei aqui, sempre à espera, até quando ele se cansar de fazer promessas vazias e não mais voltar para mim.

10 beijos de vocêWhere stories live. Discover now