5. Ainda espero.

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Jeon Jungkook era o filho único do exímio lenhador do nosso povoado.

Sempre o vi acompanhar o pai por suas caçadas e vendas. Sendo seu maior escudeiro de caçadas.

Eu era a mais nova de quatro irmãs e dois irmãos. Cresci embaixo do cuidado de saias mais velhas e escoltada fortemente por meus irmãos.

Era filha de fazendeiros. Mas minha mãe nos fazia parecer que éramos filhas de nobres. Mesmo que passássemos longe disso. Ela desperdiçava o dinheiro da família comprando tecidos, sapatos e anáguas caras para nós. Papai parecia feliz com isso. Desde que nossa irmã mais velha conseguiu se casar com um Conde, mamãe achava que podia trazer tal sorte para o restante de nós.

De fato, o casamento de nossa irmã quase nos levou à miséria. Em vista de que pagar o dote fora um grande sacrifício.

Mas ela nos mandava jóias caras e presentes para nos ajudar com nossa condição. Assim, nossa vida não era ruim.

Ainda que fosse presa pelas limitações, nutria sentimentos profundos pelo filho do lenhador.

Jungkook tinha se tornando um corpulento homem após a morte de seu pai. Sendo o responsável por sua mãe agora, ele lutava para não deixá-la passar forme.

Sempre que passava pela feira, o vía carregando lenha pesada nos ombros, ou empurrando-as em um carrinho de mão. Sua condição não tinha melhorado. Mas eu sempre o via sorrindo. Trabalhar era uma honra para ele.

Meu sentimento por ele veio a nascer logo após eu completar 14 anos e ele sorriu para mim, enquanto passava com seu carrinho de mão. Educado e cortês.

Não me importei com os comentários de minhas irmãs ao dizer que ele era bonito, mas pobre. Ele não tinha sorrido para elas. Tinha sorrido para mim.

Então, fazia de tudo para vê-lo. Inventava passeios, compras banais, apenas para vê-lo.

Porque com o passar dos anos, ele passou a me ver também.

Longos olhares através de sua tenda. Eu, escondendo meu rubor com leque, enquanto meus irmãos compravam a lenha que eu sempre fazia desaparecer mais rápido, para que pudesse voltar a vê-lo mais rápido também.

— O dê o dinheiro, irmã.

E esse foi nosso único toque, nossa única fala.

Toquei sua mão com a minha, despejando as moedas lentamente, uma a uma. Mesmo através da renda da luva que cobria-me a mão, eu senti o calor e aspereza da sua pele.

O suor que cobria seus cabelos escuros era atraente para mim. A forma como seus olhos escuros como carvão não deixaram meu rosto quando sua mão pressionou suavemente a minha de volta.

Calor por todo o meu corpo.

Aqui está. — Sussurrei, com minha mão ainda presa a sua.

Ouvindo a lenha ser jogada em cima da carroça por meus irmãos.

Seus dedos longos acariciaram a pele livre acima da luva. E arrepios encresparam minha pele, meu coração bateu fortemente por ele, queimando.

— Obrigado, srtª Wood.

— Vamos, Miranda.

E eu tive de ir.

Deixar seu toque, olhar em seus olhos uma última vez.

Após aquele dia, não o vi mais na feira. Soube que foi recrutado para ser soldado do Rei. E minha única alegria, meu único momento de fuga, êxtase, se foi.

Mas ainda me lembro daquelas poucas palavras que trocamos e como nos olhamos e tocamos naqueles instantes.

Em meu coração, ainda tenho a esperança de que ele ainda se lembra de mim, ainda se lembra desse momento. E ainda tenho esperança de que ele apareça aqui e me resgate de um noivado o qual nunca quis.

Ainda o espero.

Na feira, na janela de minha casa.

Sonhando que apareça a qualquer instante e me salve.

10 beijos de vocêTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang