9. Fuja comigo

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Cortinas foram erguidas, na representação física daquela peça de teatro fajuta. Estou entediada, revirando as amoras intocadas em meu prato.

Ao meu lado, meu noivo patético ri de toda aquela patifaria, rindo e batendo palmas alto como um definitivo pateta.

Não é como se eu odiasse Junghyun. Mas nós não encaixamos como homem e mulher.

E experimente que um homem queira forçar seus limites às vezes, você acaba criando certo entojo de sua cara.

Mas era a vida de rainha a qual minha mãe  me submeteu. Se casar com o herdeiro Jeon mais velho, futuro Rei de Ília.

Gostava da ideia de ser rainha. Mas não ao lado de Junghyun.

— Irei ao toalete, meu amor. — Digo em seu ouvido. Arrumando a saia de meu vestido para erguer-me.

Ergo as mãos para minha escolta particular e minhas damas de companhia. Precisava de um momento a sós comigo mesma. Respirar através do espartilho.

Me retiro pela tangente, ouvindo o arrastar de meu vestido pelo tapete.

Os corredores do castelo de Ílea são bem maiores que o de Eris. De fato, teria ainda mais conforto aqui. Em contrapartida, nenhuma felicidade.

Sinto um puxão repentino em meu braço e antes que possa gritar, uma mão cobre minha boca. O corpo maior que o meu, empurra-me contra uma porta, abrindo-a.

Meus olhos demoram a se equilibrarem e encontrar seu próprio foco quando vejo Jungkook, com um sorriso ordinário no rosto.

Suspiro, estapeando sua mão.

Estamos em um quarto simples de alguma pessoa que não faço ideia.

— Qual é o seu problema, bastardo?!

Ele sorri maior. Seu cabelo escuro cai desordenadamente em suas obsidianas.

Está aqui a motivação do meu infortúnio, minha tormenta diária. O irmão Jeon mais novo, o mais irresponsável que vivia em festas e não dava a mínima para as responsabilidades, mas também o mais bonito e o motivo pelo qual meu peito estava em disparada agora.

— Tinha que ver ser a sua cara, madame. Meu irmão não lhe entretém? — Sua mão toca a lateral do meu rosto. Toque que tento me desvencilhar.

Ele me prende com seus quadris.

— Quer que eu vá para a forca? Se formos pegos aqui…

— É só um beijo. — Ele sussurra, seu hálito cheirando a vinho. Me deixa bêbada.

E antes que rotulem minha total falta de caráter, antes de ser cortejada por seu irmão idiota, fui diretamente cortejada por ele. Um beijo roubado atrás da parede em que nossos pais negociavam meu casamento com o de seu irmão. Um beijo roubado que retribui.

Não consegui parar de retribuir desde então.

O puxo pelos cabelos para mim, faminta.

Sua boca quente e alcoolizada me devora. Lábios molhados que sugam em estalos altos os meus.

Suspiro, amolecendo em seus braços, enquanto jogo os meus ao redor de seus largos ombros e o abraço com força e súplica.

É mais forte do que eu. É mais forte do que qualquer coisa e isso é assustador.

Estremeço, gemendo em seus lábios quando seu quadril me prende com mais força e ele se move contra mim, respirando afobado ao me lamber a língua.

Fuja comigo. — Pede.

Ofego, sentindo meu cabelo bem penteado ser arruinado por seus dedos que o puxam para o lado, expondo meu pescoço para sua boca quente e atrevida. Estou incendiando.

— Não. — Sussurro, súplice.

— Você não o ama, não o deseja. É a mim que quer.

Seus dentes se prendem em minha pele frágil, mordendo-me.

— Do que viveremos? Você não sabe nem cortar um feixe de lenha.

— Tenho dinheiro. — Me beija a mandíbula.

— Seremos caçados.

— Então, viveremos fugindo.

— Jungkook… — O seguro pelo rosto, obrigo-o a me olhar nos olhos.

Seus lábios vermelhos chamando minha atenção.

— Não nasci para ser pobre. Eu não saberia lavar uma peça de roupa sem uma criada.

— Eu lavo as suas calçolas, meu amor.

Sorrio.

— Não seja tolo.

Ele leva minhas mãos até seus lábios, me olhando com fulgor.

— Pense nisso, madame. Temos pouco tempo.

Deixa um beijo breve em meus lábios e saudade para trás quando sai pela porta.

Eu permaneço. Desorientada com a proposta tão irresponsável, mas com o coração cheio de vontade.

Amar e fugir, ou reinar e infeliz ser?

10 beijos de vocêWhere stories live. Discover now