capítulo sete

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julho de 2018

MARIE ANGELLE ACORDOU MUITO TARDE NAQUELE sábado. E com uma dor de cabeça enorme. Ela não se lembrava da hora em que tinha dormido, mas se lembrava de Satoru ter ido de metrô com ela até o loft. Não se lembrou de ter se despedido dele.

Por Deus, ela nem tinha bebido tanto. Tudo culpa daquela aberração que se acha humana, praguejou dentro da própria cabeça.

Ela se levantou e a pontada em sua cabeça ficou mais forte. Aquilo não era ressaca. Angelle, em toda a sua vida, só teve ressaca uma vez. Ela sentia como se tivesse chorado, para falar a verdade. Ainda estava com as roupas do dia anterior, percebeu isso ao olhar para o espelho de corpo inteiro no quarto, mas não ficou muito tempo admirando o quão acabada estava e logo depois de fazer sua higiene matinal desceu as escadas.

O que ela chamava de loft costumava ser um galpão abandonado que ela decidiu comprar. Não queria um apartamento no centro de Tóquio e os aposentos da escola de feitiçaria não lhe davam a liberdade da qual precisava, então pegou aquele lugar, comprou móveis em liquidações, colocou alguns pôsteres das bandas e dos filmes que gostava e começou a chamar de casa.

Seu quarto e o banheiro, por exemplo, ficavam no mezanino lá em cima e havia outro banheiro no andar térreo, perto da sala. Uma pessoa que entrasse na casa dela pela primeira vez acharia que tudo era um pouco bagunçado, mas não era bem assim - naquela "bagunça" Marie Angelle se encontrava, era perfeito para ela. Estava contente daquele jeito.

Angelle ouviu um barulho que não era comum em sua cozinha, já que ela não costumava cozinhar - não porque odiava, mas sim por quase nunca parar em casa. O ato de preparar a própria comida trazia para Angelle a sensação de controle, uma sensação que ela nunca sentiu em relação ao caminhar da própria vida. A moça se levantou e seguiu o barulho incomum. Tentou fingir surpresa ao ver Satoru Gojo tentando fazer...

O que ele estava fazendo?

"O que você está fazendo?"

Perguntou e se sentou no balcão da cozinha. Angelle tinha muitas perguntas para fazer a ele, mas sua cabeça estava tão pesada e ela estava com tanta fome que decidiu deixar estar. Era completamente comum encontrar o feiticeiro mais forte do mundo destruindo a sua cozinha, afinal.

"Ah, você acordou. Achei que ia dormir para sempre." Satoru colocou uma caneca fumegante na frente de Angelle. "Foi bom?"

Ela encarou Satoru com a caneca a meio caminho da boca. Ele sorriu.

"O sono. Foi bom?"

Pior que tinha sido. Angelle, apesar da dor de cabeça, se sentia renovada. Não me lembro de ter dormido tão bem nos últimos anos. Nos últimos dois anos, no mínimo. Achou a situação extremamente familiar. Odiou a sensação de nostalgia que lhe atingiu.

Era como voltar aos velhos tempos.

Houve uma época em que Satoru passava mais tempo ali do que em seu dormitório na escola ou no próprio apartamento. Eles trabalhavam juntos. E quando não estavam ocupados - ele ocupado porque era o feiticeiro mais poderoso do mundo e isso demandava tempo e ela ocupada porque Satoru lhe entregava os trabalhos mais difíceis que ele conseguia achar - estavam juntos naquele espaço. Ou com os outros feiticeiros. Angelle se divertia nesses momentos, nunca via as horas passarem. Ela não acreditava em magia, mas aquelas horas eram mágicas e antes disso era como se a feiticeira tivesse criado o próprio mundo e se fechado nele, apenas para Satoru quebrar a barreira.

𝐅𝐋𝐎𝐑𝐈𝐂𝐈𝐃𝐄, gojo satoruWhere stories live. Discover now