Vá pro inferno!

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White

Ao abrir a porta me deparei com seu rosto lívido assistindo a um documentário sobre bebês, coincidentemente. Fechei a porta e larguei a bolsa
aonde vi.

-É incrível- falou quando me viu. -olha isso, tão pequenos e... Sei lá, babões!- eu ri um pouco, os olhos molhados.

-Barulhentos...-minha voz falhou.

-Você vai se importar com isso quando tivermos um filho? Com ele ser barulhento..? Podemos adotar amor, a não ser que você seja aquele que pode engravidar, ou não- me puxou pro seu colo um tanto confuso pela minha resposta.

-É claro que sim... Poderemos adotar sim- confessei me abraçando a ele com calma, apenas ficando perto dele. Sua mão estava em meu ventre deslizando de cima pra baixo. Ah meu Deus, eu não posso contar! Eu não posso... -Vou amá-lo muito. Assim como amo você, meu amor.-

-Jura?- sussurrou na minha pele.

-Por minha vida...- prometi fechando os olhos, sentido uma lágrima escapar.

_ _ _* _ _ _

-O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE?- berrou do outro
lado da linha.

-Que estou grávido de Sean- repeti um tanto seguramente, não querendo desabar no choro.

-NÃO, ISSO NÃO É VERDADE!- seguiu gritando,
fazendo minha cabeça girar. Os enjoos agora estava
frequentes e eu temia que ele percebesse. Amanhã era o dia. O dia da troca, mas não... Eu não pretendia ir! Não sem antes ele esclarecer essa história comigo e dar um pai pro meu filho ou filha. -VOCÊ... VOCÊ ESTÁ MENTINDO WHITE! MENTINDO!-

-Não estou mentindo! Descobri faz alguns dias... Já estou de cinco semanas Black...- houve um silêncio perturbador na linha.

-AH MEU DEUS!- choramingou -Ok, isso não é problema... Nós temos duas saídas: ou você pega o
bebê e some da vida do Sean, volta pra cá e diz que engravidou de sei lá quem... Ou você espera a criança nascer ai com ele, depois que nascer você troca comigo e eu fico no seu lugar. Vou criar o seu bebê como se fosse meu- Aquelas palavras me fizeram saltar da cadeira em que eu estava sentado na hora, totalmente pasmo.

-VOCÊ FICOU LOUCO BLACK?- berrei -EU NÃO VOU DAR O MEU FILHO PRA VOCÊ CRIAR DE
JEITO NENHUM! ELE É MEU, E DE SEAN...-

-É? Então o que você quer que façamos hein sabe
tudo?- ironizou.

-QUERO QUE VOCÊ VOLTE AGORA E NÓS DOIS ESCLARECEREMOS ESSA HISTÓRIA PRO SEAN! Se ele me odiar não importa, o que importa é que meu filho terá um pai.-

-SE ELE TE ODIAR VOCÊ AINDA VAI GANHAR A PENSÃO ENORME QUE ELE VAI PAGAR PRO BEBÊ, E EU? COMO EU FICO? HUMILHADO E
SEM GRANA WHITE? GRANDE IRMÃO VOCÊ É... DE JEITO NENHUM! NÃO VOU ASSUMIR NADA PRO SEAN, E SE VOCÊ OUSAR DIZER. TE ENTREGO PRA JUSTIÇA COMO USURPADOR! VOCÊ NÃO TEM PROVAS DE QUE EU CONCORDEI COM SEU CASAMENTO NO MEU LUGAR! EU AINDA SOU A VÍTIMA DESSA HISTÓRIA, GAROTO. PROBLEMA É SEU SE NÃO USOU CAMISINHA!-

-E como eu fico Black? Como eu faço com o meu filho?- de repente eu estava chorando. Ele me tinha em suas mãos.

-Aborta... Sei lá, faz o que você quiser! Eu já disse
que crio ele pra você...-

-NÃO, ELE É MEU!-

-É? ENTÃO SE VIRA MEU FILHO. TUDO QUE EU SEI É OU ESSA HISTÓRIA TODA ACABA AMANHÃ NO AEROPORTO DE AMSTERDÃ! E SE VOCÊ NÃO ESTIVER LÁ.. JÁ SABE!- a linha caiu.

Joguei o telefone sobre a mesa e sai correndo pro quarto, sozinho em casa. Abri o guarda roupa e comecei a enfiar tudo o que eu conseguia dentro da
minha mala. Não importa, essa história ia ter um fim e eu sabia disso. Talvez antes houvesse alguma força dentro de mim pra lutar por Sean, mas agora... Agora havia algo maior. Havia o nosso filho e eu não podia correr o risco de perdê-lo. Por meu filho, meu e do amor da minha vida, eu iria ter que engolir esse amor por Sean pra sempre, ocultá-lo na parte mais bonita de minha alma e dedicá-lo ao nosso bebê.

Chorando enquanto socava as roupas na mala, rezei para que se um dia Sean pensasse nesses momentos comigo pensasse com amor. Rezava para que ele fosse feliz, para que todos seus sonhos se realizassem, pois exclusivamente por ele eu estava fazendo essa loucura. Por ele e pelo filho dele. Não deixei nada meu por perto, só as coisas de Black, e sai antes que uma hora de completasse. Por sorte ele estava viajando, por sorte ele nunca desconfiaria da troca. Talvez...

-Amor? O que houve?- questionou quando atendeu o celular. Sim, eu estava chorando no telefone enquanto dirigia até um hotel. Não podia aguentar nem mais um minuto naquela casa cheia de lembranças.

-Nada eu...- respirei fundo tentando controlar as lágrimas -Só liguei pra ouvir sua voz.-

-Ah amor, eu também estava doido pra ouvir a sua... Você nem sabe como estou com saudades. Mas calma... Amanhã a noite estarei chegando e vou matar sua saudade todinha, está bem? Não vai se livrar de mim tão fácil coisa linda.-

-É, eu sei que não- sorri em meio às lágrimas -Te amo tá? Nunca se esqueça disso...-

-Nunca vou esquecer- sussurrou -Te amo pra sempre, nunca se esqueça também...- e ai eu desliguei, jogando o celular no banco. Prossegui a dirigir, e só parei no dia seguinte quando encontrei
Black no aeroporto.

Fomos nos aproximando, e novamente eu estava lá,
me olhando no espelho. Estávamos com roupas bem parecidas, era o combinado.

-Oi maninho...- disse olhando-me dos pés a cabeça -Oi bebê do Sean- acenou pra minha barriga rindo alto.

-Onde estão minhas coisas?- reivindiquei meio nervoso, quase socando a cara dele, observando por baixo do óculos escuro que eu usava.

-Aqui, tudo aqui- Black me passou meus documentos e minha corrente com a letra W. Passei
os documentos dele com a corrente dele de B -Só
isso? Quer tomar um café comigo?-

-Vai pro inferno!- e passei reto por ele, puxando a mala. Era um novo começo pra mim... Pra mim e pro meu filho.

Stormy Night (SeanWhite MPREG) - adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora