Fear

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CARINA

Duas semanas depois, eu e Maya não tínhamos mais certeza sobre como agir. Ela não sabia dizer o que éramos e eu, tampouco poderia exigir uma resposta dela. Estava satisfeita por ver algumas poucas barreiras que ela construiu ao longo dos anos se desfazendo lentamente, aquilo já era um ótimo início.

Meu corpo estava sobre o seu, e juntos estavam apreciando a perfeita maciez da cama do nosso quarto, nuas após mais uma noite intensa e longa, trocando carinhos discretos e delicados. Sua cabeça estava longe e era praticamente possível ouvir seus pensamentos daqui, mas eu me conformava apenas em ouvir as batidas tranquilas de seu coração enquanto estava deitada em seu peito.

Eu costumava dizer que minha vida não trazia arrependimentos, e aquilo ainda não era totalmente mentira. Doa a quem doer, aquele tempo acabou nos fazendo bem, porque longe uma da outra foi possível analisar diferentes perspectivas da situação.

A única coisa que me trazia um gosto amargo na boca, era o tempo longo da minha ausência.

Maya conseguiu o cargo que tanto sonhava e eu estava indo muito bem em minha volta no Grey Sloan, apesar de uma vez ou outra ter que ouvir algumas implicâncias da Dra Bailey sobre o meu tempo fora, eu mais achava graça do que ficava com raiva, porque sabia que era o jeito dela de dizer que sentiu minha falta.

No entanto, aquele tempo também me gerou preocupações, pois o espaço que eu exigi dela foi grande, e aquilo poderia ter dado abertura para outras pessoas tentarem tomar o meu lugar. Não era difícil imaginar aquilo. Maya continuava sendo uma mulher extremamente linda e boa de conversa, além de naturalmente galanteadora. Desde que começamos a namorar, eu sabia que ainda havia uma fila de pessoas a espera do meu primeiro vacilo para se procurar uma chance.

– No que está pensando? – interrompeu meus pensamentos, sem parar de deslizar quase que imperceptivelmente o indicador em minha pele, acariciando desde a lombar até os ombros, deixando um completo arrepio por onde passava.

– Não estou pensando em nada. – menti, temendo que aquele assunto pudesse estragar o momento que estávamos tendo.

– Você está me apertando com mais força do que o normal, e sua respiração está pesada. – disse me chamando a atenção, então levantei a cabeça para olhá-la. – No que está pensando, Carina? – voltou a perguntar.

Talvez não fosse uma ideia tão ruim responder aquilo. Apesar do nosso momento íntimo, uma hora o assunto viria a tona, e eu sabia que viria porque era uma das únicas coisas que eu vinha pensando desde que nos beijamos de novo pela primeira vez desde a minha volta.

Respirei fundo, desenhando a linha de sua clavícula, depois os ombros, subindo pelo pescoço até poder acariciar sua bochecha enquanto ela continuava me olhando profundamente, pacientemente esperando pela minha resposta.

– Eu só estava me perguntando... – apertei os olhos, deixando um suspiro escapar antes de abri-los novamente e sentir coragem para continuar. – Estava me perguntando se você esteve com outra mulher enquanto eu estava na Itália.

O silêncio constrangedor que veio depois disso apenas serviu para fazer o meu rosto queimar. Eu não queria ter que perguntar aquilo, sequer faria diferença saber, mas era algo que estava martelando em minha cabeça e eu simplesmente não conseguia ignorar.

– Eu sei que eu não tenho o direito de te perguntar isso, porque ir embora foi uma decisão minha. É só que se...

– Não teve outra mulher. – me interrompeu, e seu olhar continuava gentil em minha direção.

– Não?

– Não.

– Mas eu pensei que...

Ela me interrompeu outra vez, mas agora foi se inclinando um pouco para alcançar meus lábios e deixar um beijo longo, não me dando tempo para sequer pensar no que falar em seguida. Foquei naquilo exatamente como ela estava fazendo e aprofundei o beijo, deixando nossas línguas se misturarem e as respirações pesadas se encontrarem no ar.

take me backOnde histórias criam vida. Descubra agora