Capítulo 5

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Hanna Cooper.

*Flashback on*

Aguardo pacientemente minha babá terminar de pentear os meus cabelos, eu não gosto muito quando ela os alisa demais.

Estou muito ansiosa para descer e ver meu irmão. Ele finalmente voltou para casa depois de dois meses num acampamento para meninos, ele chegou pela manhã mas eu estava na aula e quando voltei ele saiu com o papai.

Eu escolhi meu melhor vestido e minha melhor sapatilha. Eu gosto de estar bonita e hoje é um dia especial, estava com muita saudade.

Matilda, minha babá, termina de pentear meus cabelos e eu saio correndo para fora do meu quarto e desço as escadas, apressada.

E está ele, em pé no meio da sala contando suas aventuras no acampamento. O irmão mais lindos que uma menina pode ter. Eu costumo passar isso na cara das minhas amigas. Sempre.

- Vince - grito animada e abraço as pernas do meu irmão.

Ele é muito alto, é mais velho que eu. E eu sou baixinha ainda, só tenho oito anos.

Ele sorri e beija o topo da minha cabeça.

- Você está maior desde a ultima vez que nos vimos - brinca.

- Bobinho - dou um sorriso para ele - Mas eu estou crescendo mesmo, um dia vou ter a sua idade.

- Espero que demore muito - comenta baixinho fazendo uma careta.

- Da próxima me leve com você - peço.

- Sabe que não pode, é um lugar apenas para meninos - ele lembra - Mas papai prometeu uma viagem com a família toda para um lugar legal.

Sento ao lado do papai e escutamos todas as histórias do meu irmão, ele está muito feliz, parece que gostou mesmo.

Algumas horas depois mamãe chega carregando algumas coisas nos braços dentro de uma sacola lascada. Matilda aparece como um raio e a ajuda, mamãe convida uma pessoa para entrar, mas essa pessoa permanece estátua na porta.

Com curiosidade caminho até lá e avisto o menino mais lindo que eu já vi em toda a minha vida. Ele é alto, tem cabelos castanho claro, e seu olhos são em um tom verde-claro. Os mais lindos olhos verdes que eu já vi. Ele parece ter a mesmo idade do meu irmão.

Eu tenho oito anos, e eu estou com um vestido que alcança meus joelhos e é de uma estampa de ursos. Eu pareço apenas como uma garotinha. Eu não gosto da minha idade agora, tampouco da minha roupa.

Sinto minhas bochechas ficarem coradas.

Mas percebo que ele está tímido, me aproximo, seguro em suas mão e o puxo para dentro de casa. Mainha conta como conheceu o lindo menino e ele sorri contido o tempo todo, fico ao seu lado o tempo inteiro, não quero que ele se sinta intimidado.

Mamãe e papai repetem que ele é bem-vindo e o convida para que volte mais vezes, Vince se apresenta e tenta distrair a nossa visita, acredito que uma forte amizade vai surgir entre eles.

- Meu nome é Hanna - falo para ele.

- Prazer Hanna, meu nome é Murilo - ele estende a mão assim como fez com Vince. Minha cabeça inclina para o lado enquanto eu o observo um pouco envergonhada. Eu pego sua mão e a minha some quando ele fecha e balança brevemente.

Murilo.

Eu simplesmente amo seu nome, apenas porque é dele.

- Você é mesmo muito bonita - olho para o meu vestido - Ursinha - sorri timido.

- Gostei do apelido - meu irmão fala do lado - Você parece mesmo uma ursa - olho para meu irmão e faço careta.

Ursinha.

Ele me deu um apelido!

Eu nunca tive um apelido.

E eu nunca vou deixar outra pessoa me chamar por esse apelido agora.

Eu amo meu apelido, apenas porque ele me deu.

Eu acabo de colocar meus olhos no primeiro amor da minha vida. E ele me acha linda e me deu um apelido.

*Flashback of*

Eu sorrio distraída, em seguida, tomo um gole do meu vinho. Eu não acredito que eu passei o resto da minha fase de criança e a toda minha adolescência com um amor muito forte pelo Murilo. E não acredito que o apelido que eu reclamo tanto um dia amei.

- O que é engraçado? - ele questiona, me encarando com uma sobrancelha erguida em curiosidade.

Eu assisto enquanto ele enche sua taça novamente e balanço a cabeça.

- Só uma lembrança do passado.

- Compartilhe comigo - ele incentiva - Quero rir também.

Pressiono meus lábios, decidindo se conto ou não. Mas, por que não contar? Somos de certa forma amigos e estamos aqui sozinhos. Eu acho que ele não vai correndo contar para meu irmão.

- Sabe o dia em que nos conhecemos? - pergunto após um suspiro.

- Na casa dos seus pais - recorda.

- Sim, a muitos anos atrás. E bom, eu tive uma paixãozinha por você naquele dia, que durou quase a minha vida toda.

Ele sorri surpreso, coça a nuca e sacode a cabeça.

- Você tinha oito anos, ursinha.

- Ah Murilo, por favor - falo exasperada - Era um amor puro e ingênuo, na verdade em nem sabia direito o que era amar alguém, mas eu te amei. Quando eu fui crescendo, esse amor foi crescendo junto e se transformando. Mas em algum momento eu me dei conta de que era um amor impossível e improvável, conseguir superar.

- Mentirosa - grita minha consciência.

- Mas me conte, nunca teve uma paixãozinha por nenhuma mulher quando era adolescente?

- Sim - ele sorrir fazendo uma careta.

- Posso te fazer um pergunta?

- Quantas quiser - ele se mostra solicito.

- Como você conseguiu lidar lidando com... você sabe? - pergunto receosa.

Eu assisto seu peito subir e descer com força quando ele olha para a piscina. Seus olhos ficam mais escuros e pesados, e eu me arrependo por fazer essa pergunta.

- Sinto muito - falo rapidamente - Eu não queria fazer você se sentir mal, só queria saber mais sobre... você.

- Não estou me sentindo mal - ele fala rouco - Ela se foi. Vida que segue. Era isso que ela queria, certo?

Eu não respondo, porque eu não sei se é realmente para responder. Depois do que parece ser um longo tempo, vejo pela minha visão periférica quando ele se levanta e leva a garrafa de vinho com ele.

- Pode dormir na cama - sua voz agora é calma, então ele dá a volta na piscina e vai para mais perto da cerca observar o horizonte escuro.

Resolvo deitar para descansar um pouco, mas não consigo dormir logo. Me viro de um lado para o outro até que eu sinto o lençol da cama desforrado.

Estou preocupada com Murilo e com sua forma que ele achou de lidar com o término drástico e com o luto. Mesmo após tanto tempo, ele ainda sofre com as lembranças do passado.

Eu penso em voltar lá e ficar ele, mesmo sem falar nada. Mas, eu decido que não é uma boa ideia. Então fico olhando para o teto impecavelmente branco até pegar no sono.

Meu CEO sedutorOnde histórias criam vida. Descubra agora