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O dia está chuvoso quando olho pela janela do quarto.

Minha cabeça dói por estar trancado aqui desde quando acordei, estudando para tentar ser algo na vida. Claramente fracassando nisso também, mas ei! Estou tentando. E pelo menos isso significa que não preciso de uma desculpa para ficar trancado o dia inteiro.

Baixo o lápis do papel onde estou anotando algumas coisinhas do meu grande livro de história e me levanto para pegar um casaco. Odeio ficar resfriado e tempos frios são basicamente a personificação de uma gripe batendo na porta. Pelo menos no meu caso.

Tenho imunidade baixa desde que me entendo por gente. Assim, isso não quer dizer que sou fraco ou anêmico, como muitos imaginam, mas sim que minha facilidade para me contagiar com doenças é um pouco mais alta que o normal, e isso é um saco. Normalmente compenso com vitaminas mas não é 100% eficaz.

Isso é o completo oposto de Sukuna, que sai de casa na chuva usando uma bermuda apenas e não volta resfriado. Essa é a única inveja sob ele que admito ter.

Enfim, volto a tentar me focar no livro aberto em minha frente, tentando o ler e marcar o que acho importante. Depois vou fazer um resumo. Se minha alergia não me matar antes.

Passo cerca de uma hora fazendo isso antes que - não inesperadamente - me interrompam com batidas sincronizadas na porta, o que indica que ou é Nanami ou é Sukuna imitando Nanami.

Mas só para o caso de ser o primeiro, grito um "entra".

O loiro passa de meu batente, ajeitando seus óculos e me olhando sério, assentindo a cabeça ao livro aberto em minha frente, como se aprovasse que eu usasse meu tempo para estudar.

Sinceramente não é tão difícil assim agradar Nanami. Você só precisa fazer o mínimo e não encher o saco dele. É por isso que Sukuna nunca agrada ele.

– Você está com alguma dificuldade? – ele pergunta mesmo sabendo que mesmo se eu estivesse eu não contaria.

– Na real não. O que te traz aqui?

Ele ri e fala:

– Nobara está lá embaixo. Não imaginei que você estaria estudando. Se quiser, eu mando ela ir pra casa.

Suspiro, sabendo que era impossível mandar essa garota embora. Nem nos sábados eu tenho descanso!

– Relaxa. To indo lá.

O acompanho até o primeiro andar da casa, onde vejo uma ruiva conversando animadamente com Sukuna, que só a encarava com cara de porfavorcadeoyuuji. E de desânimo.

Esse menino precisa de terapia.

– Oi Nobs. Que porra você tá fazendo aqui? – digo e Nanami me repreende.

– O linguajar, Yuuji.

– Perdão, pai. Que caralhos você quer comigo? Melhorou papai?

– Sim, filho.

Dou um sorrisinho e Nobara revira os olhos.

– Quero saber porquê você não foi a minha casa hoje. Eu tinha tantos planos! Mas tudo bem. Agora, Yuuji, preciso de você lá em casa... – ela diz, com uma cara meio sombria.

Tenho medo de quando ela fala assim.

– Eu estava ocupado estudando. Estou, ainda. Não quero sair do meu conforto hoje não. E cara, já viu como está chovendo? Eu vou ficar gripado! E digo mais! Já fui na sua casa umas dez vezes essa semana.

Ela ri, ignorando o que digo. Mas não vou só a deixar vencer, não hoje.

– Nobara, é sério. Não vou sair.

Uncover • ItafushiOnde histórias criam vida. Descubra agora