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Deixo a água quente do meu banho relaxar os músculos tencionados enquanto massageio os ombros. Estou acabado.

Meti o pé do hospital na primeira oportunidade em que o pai de Megumi me deu e vim correndo tentar aliviar o estresse acumulado. Algumas horas parecem anos.

Meu celular quase sem bateria é a lembrança da preocupação de Nobara, que me mandou milhares de mensagens tentando entender o que havia acontecido mas, verdade seja dita, nem eu sabia.

Tudo o que eu pensava era em como os dedos gelados daquele menino me deram calafrios. E, Deus, eu precisava de mais daquilo. Precisava sentir todos os átomos de Megumi se intercalando com os meus. E o pensamento disso me deixava tenso.

Haviam tantos poréns, tantos mas, minha mente gira em torno disso e não consegue processar mais nada.

Saio do banheiro enrolado em minha toalha apenas para achar uma cópia de mim na minha cama.

– Você tem quarto, sabia? – comento.

– Sim, mas ele não tem ninguém que eu possa encher o saco – ele rebate sem levantar os olhos do celular.

– Nem Mahito? – isso, sim, o faz tirar a atenção do aparelho.

– Soube que seu namoradinho está passando mal. Vai morrer?

– Eu ou ele? Ele não mas talvez eu morra de tanto conviver com você.

– Ha ha. Que amoroso. – ele comenta e baixa os olhos para o celular.

Ando até minha gaveta de cuecas e me visto antes de virar novamente para meu irmão. Suspiro antes de falar qualquer coisa.

– Por que você tá aqui, me enchendo o saco, mesmo? – pergunto e seco meu cabelo com minha toalha ao passo que ele ainda não tira os olhos do aparelho – Ei. Terra para Sukuna?

–Hm...– ele murmura e desprende o olhar apenas por meio segundo para poder me encarar – Você sabia que sua escola vai fazer um show de talentos?

– Claro que sim, a escola é minha.

– Ah, sim. E você não se inscreveu? Achei que você ia fazer dupla com o emozinho ou sei lá.

– Ia. No passado. Mudamos de ideia – falo, desconfortável pelo assunto.

Sukuna procede em digitar em seu celular, não dando uma folga aos seus dedos e me irritando.

– Qual o sobrenome de Megumi mesmo? – ele dispara do nada.

– Fushiguro, por que?

Antes de me responder ele vai até a porta do meu quarto e segura a mesma, quase saindo do cômodo.

– Acabei de inscrever vocês, de nada! O nome do grupo é Uncover, quero trinta porcento dos lucros.

Ele bate a porta. Me deixa ali. Estático. Formigante. Não sei se quero socar meu irmão ou agradecer pela iniciativa. Não sei como contar ao Mahito. Não sei o que dizer à Nobara e, merda, nem ao Junpei. Não sei o que fazer então apenas me sento no colchão e seguro meu celular com a mão. Quero matar Sukuna. Quero beijar ele. Não beijar Sukuna, isso seria estranho, mas beijar o dono dos meus sonhos estranhos e o motivo do meu surto recente.

Outro pensamento me ocorre no meio desse turbilhão de emoções: e se Fushiguro não quiser? Ou pior, e se não puder por conta de sua doença? Acho que ele odiaria ser reduzido a uma condição genética, mas é verdade. Preciso pensar em tudo já que Sukuna não pensou.

Antes de saber o que fazer vou até a cozinha beber água. Meu pai está na cadeira da ponta, rolando por páginas em seu notebook.

– Ei, que fantasma você viu? – Nanami me pergunta.

Uncover • ItafushiOù les histoires vivent. Découvrez maintenant