πρώτη

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"O Rei Minos de Creta ordena que o Rei Egeu de Atenas envie os 14 ômegas, 7 homens e 7 mulheres, para pagar oferenda anual e enfrentar o Minotauro no Desafio do Labirinto de Dédalos, no Palácio de Cnossos, por atenienses terem assassinado o filho do Rei Minos, encarando a sua vingança. Creta exige seu pagamento todo ano. Creta exige seu pagamento desse ano de 701 (1800 a.C.)."

Taehyung sabia do ritual. Do pagamento da oferenda. Do costume anual. Todos sabiam. Era conhecimento público por toda a Hélade — atual Grécia. A grande desgraça, como sua mãe ômega gostava de se referir. A infeliz política, como sua mãe alfa gostava de se referir.

Ele só não sabia que neste ano miserável ele seria um dos escolhidos. A sua reação não fora mais nada do que olhos arregalados, respiração presa e ouvidos zunindo, escutando suas mães gritando, chorando, brigando. Os guardas atenienses nada faziam. As reações das famílias eram sempre as mesmas, é claro. Estava enviando o seu filho para a morte. Todos sabiam.

"Na próxima hora", ele repetia em sua mente. A carta datava já do mesmo dia, em dentro de uma hora, e era sucinta. Sem muitas informações. O endereço bastava — apesar de todos já saberem aonde se reuniam.

A Grande Atenas era grande se comparada às outras capitais, e Taehyung morava relativamente perto do Teatro de Dioniso, onde todos aguardavam para saberem quem eram as 14 cabeças ômegas enviadas naquele ano.

— Você não vai. — Jieun disse.

— Omma... — Taehyung tentou não chorar.

— E se te enviarmos a Cefalônia? A sua tia está lá, decerto irá te receber. — Sohee começou a dizer.

A ideia de sumir era tentadora, ele sabia. Mas não condizia com a realidade. Teria sorte de conseguir passar pelas docas e convencer qualquer navio mercante a levá-lo até Cefalônia por algumas dracmas, mas não daria tempo. Ao passo em que precisasse estar presente nas arquibancadas, os soldados notariam seu sumiço e o procurariam em casa.

O jovem ômega estava nervoso. Muito nervoso. Triste. Desolado. Seu cheiro azedo empesteava a casa. Só queria se isolar e chorar. Seria assim que ele morreria, então? Pensava em seu futuro promissor, casando-se com um belo alfa, herdando a loja de frutas de sua família na praça central, ao lado do Bouleuterion de Atenas. Imaginou-se com pequenos filhotes correndo por aí, e até mesmo comprando uma casa melhor para todos.

Não sabia que iria morrer antes mesmo de achar o seu alfa, seu escolhido pelos deuses; ele se encontrava inconsolável. Era tudo o que mais queria.

— Appa, eu preciso ir. — Taehyung começara a chorar. — Vão vir atrás de vocês se eu não me apresentar, e isso não pode acontecer!

— Taehyung! — Jieun gritou, não para ele especificamente. Sohee apareceu do seu lado, liberando feromônios para acalmá-la. — Você... Você não pode nos deixar...

"Você não pode morrer", Taehyung sabia que era isso que ela queria dizer. Ele sorriu compadecido. Ninguém sequer poderia imaginar que seria dessa forma que ele morreria. Mas não tinha problema. Morreria pelo seu país, cheio de honra e glória, regado de amor que sempre recebeu e teve para dar para a sua família.

Se aproximou das duas e não conteve as suas lágrimas de escorrerem pelo seu rosto. Sentia um peso tão grande que levaria mais tempo ao Teatro, arrastando-se pelas pedras e deixando um rio por onde passasse. Veria outros 13 rostos iguais os dele; sem vida, preparando-se para estar sem a vida. Afinal, oferenda significa sacrifício. Todos sabiam.

Olhou fundo nos olhos de cada uma, queria se lembrar delas. Queria, e iria, se lembrar de suas feições, seus cheiros e suas vozes. Dos momentos tão amáveis que tiveram juntos em casa, na praça, na loja. Nunca teve a oportunidade de viajar. Sempre quis entrar em um dos navios e visitar outras terras. Bom, ele visitaria agora, mas seria a sua última vez.

Labýrinthus de Knossos | TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora