Capítulo 7

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dia 3 168 desde o início da missão

Agora eu e o S-Damian somos uma equipe. Tudo isso aconteceu ontem e eu sei que foi real, mas mesmo assim, não consigo acreditar. Não acho que esteja tudo bem entre nós, mas eu preciso da sua ajuda, então vou ter que fingir que sim. Hoje eu não estou me sentindo tão animada como costumo estar, até a Becky veio me perguntar se eu estava bem, eu disse que estava gripada, porém duvido que ela tenha acreditado.

Não conversei com o Damian sobre nada daquilo que falamos ontem, (isso já tem virado uma espécie de hábito para nós). Acho que, subconscientemente, eu estou o evitando. E com isso quero dizer que fico sempre em lugares onde eu sei que ele não vai estar.

Agora estou sentada em um dos bancos do parquinho, vendo as crianças brincarem. Aqui é até bem legal e as crianças são muito fofas, se eu não estivesse me sentindo assim, provavelmente eu já teria ido brincar com elas. Essa é a minha parte preferida de vir aqui. Elas sempre riem de todas as palhaçadas que eu faço e, tal como o papai disse, os espiões servem pra não deixar mais nenhuma criança chorar, é por causa disso que eu sempre venho aqui fazer elas rir. Não sei se interpretei bem o que ele disse, mas é isso que eu gosto de fazer.

Apesar disso, eu não acho que hoje vou conseguir as animar. Tenho medo de perguntar pro Damian o que exatamente ele sabe sobre mim, não, eu tenho medo que ele saiba que eu sou diferente dele, diferente de todos os outros. Eu não quero que ele saiba que eu sou um monstro, não quero que ninguém saiba.

Odeio pensar em coisas assim, na verdade, eu odeio pensar de todo, mas isso é tudo que eu tenho feito nestes últimos dias. Quero voltar para perto da Mamãe e do Papai. Tenho saudades de ficar assustada ao ler os pensamentos da Mamãe, da comida do Papai, de abraçar o Bond, do Agente Pinguim, e até mesmo da cadeira do meu quarto que me fazia bater o dedinho todo o santo dia.

Não gosto daqui. Não quero morar na escola. Desde que eu cheguei a minha vida só tem piorado mais e mais. É isso que significa ser espião? Esse medo constante? O Papai sempre sentiu isso? Como ele consegue sorrir? Sorrir? Eu só quero sorrir...

− Anya? − Já com lágrimas nos olhos, me virei pra ver quem era. Damian. Mal o vejo limpo os meus olhos na manga.

− O-Oi, Parceiro! O que você tá fazendo aqui? − Me esforcei para dar o meu melhor sorriso, mas duvido que tenha saido algo de jeito.

− Estou voltando do bloco do fundamental um. O professor Louis, de geografia, me mandou entregar uns papéis para diretora pedagógica e a sala dela fica pra lá. Mas e você? O que está fazendo aqui?

− E-Eu... só... tô vendo as crianças brincar. − Olhei para as crianças por menos de dois segundos e quando eu vejo Damian já está sentado do meu lado.

− É... do Ewen me disse uma vez que viu você brincando com elas, então não era uma piada...

− É claro que não! É muito legal brincar com elas!

− Sei, sei. − Ele começou a rir, mas ao olhar pra mim e ver que eu estava séria parou − Você tá falando sério mesmo? Então porque não vai brincar com eles?

− P-Porque eu não quero. Não acho que eu vou conseguir brincar tão bem hoje...

− Você tá assim por causa de ontem, né?

− Como é que você...?

− Como é que eu sei? Você tá toda calada e não está andando saltando como se estivesse tendo o melhor dia da sua vida como sempre faz.

− Deu pra reparar?

− Sim. E olha que não fui só eu que reparei. O Ewen e o Emilie estavam comentando sobre isso mas cedo. Olha, eu não sei porque você está assim, visto que você estava tão animada com a ideia de sermos uma equipe, mas vou te dar um conselho: É melhor você começar a agir como sempre agiu, porque isso tudo está ficando muito suspeito e logo alguém pode começar a investigar, tal como eu fiz. Você não quer que mais ninguém descubra sobre a missão, não é mesmo? − Damian disse baixinho, enquanto olhava nos meus olhos.

Segredos e Mentiras (Anya X Damian)Where stories live. Discover now