🔥 Between Fear and Fire - VegasPete AU

☁️ ATO 1 - FEAR | Parte 3 ☁️

⚠️ TW: As descrições a seguir podem conter detalhes sensíveis sobre relacionamentos paternos abusivos e gatilhos emocionais, leia se estiver confortável, qualquer coisa me chama na dm pra um resuminho 💕

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- POV Vegas -

Enquanto caminhava pelo corredor onde se encontrava a sala do Dr. Top, Vegas observava um pouco o ambiente ao seu redor. O espaço era largo, as paredes azuis frias detalhadas em rodapés e batentes amadeirados, adornando as portas que ali se encontravam. Por toda a extensão do corredor via-se alguns conjuntos de cadeiras recostados às paredes, intercalados por vasos de plantas que ele não saberia nomear. Um pouco mais a diante, quase tão perto do elevador quanto ele se aproximava, descansava um bebedouro metálico ao lado de uma pequena bancada que abrigava uma máquina de café.

O cenário como um todo exalava conforto e acolhimento, qualquer desavisado que pisasse por ali, juraria estar em uma ala hospitalar de alguma clínica da alta classe. Vegas tinha que admitir, era incrível o zelo que a Main Family tinha para com os seus.

O moreno nunca havia adentrado com afinco no complexo dos guarda-costas, a não ser em poucas áreas, de maneira furtiva, quando lhe convinha ou algo lhe interessava. Porém, o pouco que sabia sobre o lugar já era muito além da realidade a qual estava acostumado.

Áreas específicas para artilharias, combate, lutas marciais, tecnologias, técnicas de espionagem, sobrevivência e furtividade. Estes eram os ambientes que se esperaria encontrar quando se faz parte da maior família da máfia tailandesa. Sim, contudo, muito mais do que isso, a Main oferecia áreas hospitalares, clínicas de tratamento psicológico e psiquiátrico, spas e áreas de lazer, das quais seus colaboradores poderiam desfrutar abertamente, desde que não estejam dentro do horário de trabalho ou em missões. Além de fornecer proteção às famílias e entes queridos de cada um.

Vegas costumava achar exagero e uma grande idiotice toda essa dedicação à pessoas que sequer dividiam o mesmo sangue que o seu. Os guarda-costas da Minor estavam felizes e satisfeitos com boa comida, cachaça de qualidade e uma bela quantia de dinheiro entrando em seus bolsos.

Kan substituía sua equipe com uma frequência avassaladora, seja por "acidente de trabalho" ou rumores de deslealdade e traição. Sim, rumores, já que não se dava ao trabalho de perder tempo checando se estes eram verdadeiros ou não. "Todos são culpados até que se prove o contrário" e esta prova geralmente vinha tarde demais, fazendo Kan apenas dar de ombros após tirar a vida de um inocente. Todos estavam plenamente cientes de onde se enfiavam e aceitavam as condições, muitas vezes em troca de sair da miséria ou suprir certos vícios. Não haviam cuidados, privilégios ou acordos, o medo garantia a lealdade.

Vegas costumava conivir com o modo que seu pai lidava com as coisas, fora criado desta maneira afinal, ensinado de que esta era a forma correta de agir e a única verdade que conhecia. Até presenciar, naquele fatídico dia, seus homens - que não estivessem mortos - se entregarem um a um sob o comando da Primeira Família, ou fugirem como o diabo fugiria da cruz, principalmente após descobrirem sobre o falecimento de seu pai.

Aquilo realmente pegou Vegas de jeito. Seu mundo ruiu em uma virada brusca de 360 graus. Tudo desmoronou. Em poucos minutos, após o vislumbre do corpo de seu pai com um buraco de tiro ainda quente cravado em sua testa, ele viu um filme de sua vida passar diante de seus olhos. A sensação era que, naquele momento, quem estava dando seu último suspiro era ele mesmo.

Nada faria sentido a partir dali. Não teria por quê viver, nem sequer saberia se sua existência teria algum significado. Passou toda sua vida tentando se provar à seu pai. Seguiu ordens cegamente, cumpriu missões desonestas, frias e sanguinárias sem o mínimo questionamento. Tudo em prol de um mínimo sinal de que teria feito um bom trabalho, de que era digno do sangue que corria por suas veias. Fora ensinado a odiar desde muito cedo. Odiar as pessoas ao seu redor, aos integrantes da Primeira Família, aos possíveis rivais e até parceiros de negócios. Odiar a si mesmo. Amor era uma mísera ilusão, uma distração, te deixava desatento, tirava seu foco de suas ambições, te fragilizava. Se não amasse, nada nem ninguém poderia ser usado contra ele.