Capítulo 10

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Eu vinha a esse chalé desde criança, era tão natural e agradável estar aqui. Eu praticamente fazia parte da paisagem. Eu conhecia cada canto desse lugar e amava tudo aqui. Fiz muito amigos e várias amigas, se é que vocês me entendem. Alguns ainda moram nessa área, pois os pais eram donos de pousadas na região. Inclusive, havia uma garota, Rachel, nós vivíamos grudados. Rachel era fácil de ser lido, até pra um cara lesado como eu. Seu pai era rico e tinha alguns empreendimentos nessa área, ele era urbanista, mas aqui ainda era bem preservado. Rachel e eu experimentamos cada quarto do hotel do seu pai quando éramos mais novos, depois de anos nos encontrando nas férias e transando feito loucos, Rachel foi morar na Europa estudar artes e eu tive aquele ano viajando e depois que voltei fui trabalhar com meu pai. Rachel foi a última, mas aqui nessa mesma praia perdi a conta de quantas garotas eu dormi, mas nunca levei nenhuma no chalé, lá era sagrado. Teve Calipso, Reyna, Clarice, Drew e por aí vai, nunca vou lembrar o nome de todas, lembro dessas porque eram todas amigas e eu peguei uma por uma.

    - Anda Percy, passe o protetor aqui nas minhas costas. - Annabeth disse sentando na cadeira de praia que ela estava deitada. - E passe direito, por favor. 

    Fiz um muxoxo pra ela que me deu língua de volta e peguei o tubo de protetor das suas mãos. Peguei uma grande quantidade do creme branco e deslizei sobre as costas dela, do início ao fim, deixando ali uma boa camada do produto. Estávamos há algumas horas na praia e Annabeth já parecia uma típica californiana.

    - Você tem é sorte de eu te amar, ou agora mesmo estaria ferrando suas costas bronzeadas. - Me levantei dando uma palmada forte na carne volumosa da bunda de Annabeth. - Vou pro mar. - Anunciei e peguei minha velha prancha que estava de pé afundada na areia. Dei um beijo rápido na minha loira e corri em direção as ondas.

    - Tome cuidado, Pê. - Annabeth gritou.

    Especialmente naquele dia o sol estava forte, as ondas altas e a praia cheia. O meteorologista tinha errado feio na previsão. Mergulhei com a prancha abaixo de mim e emergi metros a frente, remei até encontrar um bom lugar pra ficar e sentei na prancha. A essa distância eu podia facilmente ver o guarda-sol vermelho com bolinhas pretas e a imagem turva de Annabeth deitada numa das cadeiras tomando sol e olhando pro mar.

    Eu amava o mar tanto quanto amava Annabeth, quando eu estava na água era como encontrar toda a liberdade, adrenalina e aventura que a vida tem. Alguns surfistas ao meu redor se agitaram e eu pude ver uma onda surgindo bem atrás de mim. Deitei na prancha e remei, remei, remei e remei. Senti a pressão de toneladas de litros d'água na cola e fiquei de pé. A sensação de pegar um tubo era tão boa quanto o prazer de estar com alguém que se ama. Passei a tarde surfando e fazendo algumas manobras, mas esse era o primeiro tubo do dia e eu me senti satisfeito com o surfe de hoje.

    Sai da água feliz da vida e caminhei – eu adoraria dizer que corri ou caminhei heroicamente, mas a verdade é que eu parecia um pato tentando desesperadamente respirar – bastante ofegante até Annabeth que estava comendo um potinho de sorvete.

    - Adorei o tubo. – Ela levantou-se e veio correndo ao meu encontro se jogando nos meus braços.

    - Você vai me matar desse jeito! - Pus ela no chão e a abracei de lado. - Ainda estou tentando recuperar o fôlego que perdi remando até aquele tubo!

    - Para de choramingar você está em excelente forma, gostoso pra caralho! Não pensa que eu não reparei nas mulheres te olhando por onde você passava com esse bronzeado eterno na pele, esse sorriso cafajeste de lado e esse cabelo de garoto rebelde aos 17 anos. - A carranca de Annabeth era muito fofa. Sentei na cadeira e puxei ela pra cima de mim, que caiu "acidentalmente" no meu colo.

    Annabeth virou de frente pra mim e se ajeitou em cima das minhas pernas, posicionei minhas mãos em cada lado da sua bunda maravilhosa e deixei ela se aproximar. Seu rosto vermelho estava lindo pairando sobre mim, seus cachos estavam presos num coque bem alto, eu podia desenhar cada pintinha do rosto dela, já havia decorado todos os lugares. Seus olhos eram os tons de cinzas mais assustadores e apaixonantes que eu já vi.

    - Você é só meu, Perseus. - O hálito quente dela roçava e fazia cócegas nos meus lábios, aquela frase fez total efeito no corpo que já estava em alerta máximo a proximidade de Annabeth. Eu já podia quase senti-los quando fomos interrompidos.

    - Percy! - Uma voz que eu imediatamente reconheci falou ao nosso lado.  - Há quanto tempo não te vejo!

    Annabeth enrijeceu em cima de cima, pude sentir a raiva emanando dela. Anna tinha uma lista de coisas que a deixavam furiosa como, por exemplo, falta de sexo, fome e ser interrompida durante os beijos que provavelmente virariam sexo.

    Eu estava vendo, mas meu cérebro idiota não estava querendo acreditar. Anna saiu de cima de mim fazendo uma careta que eu tive de me conter para não sorrir. Me levantei e ela se posicionou ao meu lado se esforçando para dar o seu melhor sorriso de "oi e tchau".

    - Rachel – de biquíni, uau – há muito tempo mesmo! - Estendi a mão para cumprimentá-la, mas ela recusou rapidamente voando no meu pescoço e me dando um beijo de cada lado nas bochechas.

    Demorei um pouco para falar – eu estava nervoso e fui pego de sopresa – mas Annabeth estava pronta.

    - Olá, tudo bem? - Ela disse estendendo a mão para Rachel que dessa vez não recusou.

    - Tudo ótimo. - Rachel disse. - E você quem é? - Eu pude ouvir o desdém na voz da ruiva.

    Annabeth abriu um sorriso que eu juro, parecia uma diabinha. " A namorada de Percy."

    - Uau! Percy trazendo alguém pro chalé, isso é incrível. Todo o tempo em que estivemos juntos nunca transamos lá. - Rachel ousou falar essas palavras.

    - Transaram? - Annabeth estava soltando fumaça. - Vocês já... - Rachel não deixou ela falar.

    - Percy vem aqui desde criança, nos conhecemos naquela época. - ela sorriu parecendo um demônio. - Meu pai tem alguns hotéis aqui e nós adorávamos....

    - Rachel – interrompi – você não estava na Europa estudando?

    - Voltei há seis meses, querido. Pensei em te ligar, mas fiquei ocupada com algumas coisas e esperei você vir ao chalé, mas, juro, quando sai de casa hoje não pensava que ia justamente dar de cara com você. O meu primeiro e mais gostoso namorado! - Rachel sorriu encarando Annabeth e eu sabia que aquela erva daninha vingativa estava fazendo cena de propósito pelo simples fato de eu nunca levá-la ao chalé.

    - Há há há! - Annabeth sorriu fingidamente batendo palmas. - Ele é realmente muito gostoso.

    - Ta vendo Percy, a idade só te fez bem.

    - Você não faz ideia do quanto. - Annabeth disse. - Rachel é engraçado que Percy NUNCA me falou NADA de você. - Ela cuspia as palavras rispidamente.

    - Engraçado mesmo já que ficamos MUITO tempo juntos. Ainda tenho boas lembranças das noites de luau aqui nessa praia, em CADA canto dessa praia.

    - Tudo bem Rachel foi um prazer te ver, mas acho que eu e Annabeth temos que ir. - Tentei desesperadamente sair dali e leva Anna comigo.

    - Que chato, eu adoraria passar mais tempo com VOCÊ! - Rachel falou nitidamente excluindo Annabeth do convite.

    Eu juro que se tivesse visto teria evitado, mas minha mente não acompanhou as mãos de Annabeth que voaram na direção de Rachel pegando até ela mesma de surpresa. O tapa estalou no rosto de Rachel fazendo-a cair sentada na outra cadeira. 

    - Ann... - Foi a única coisa que consegui dizer antes de vê-la agarra o pescoço de Rachel.

    - Se você chegar perto dele ou ousar se insinuar dessa forma outra vez eu arranco a tua cabeça fora! Sua Maria Parafina lixo do caralho! - Ela gritou e eu vi Rachel se encolher segurando o próprio rosto que agora estava tão vermelho quanto seu cabelo.

    - Agora podemos ir embora amor. - Annabeth soltou Rachel e falou me encarando com uma expressão no rosto me desafiando a desobedecê-la. E ela tinha toda razão, eu não a desobedeceria.

    Peguei minha prancha e ela sua bolsa com nossos itens pessoas, entrelaçamos nossas mãos e caminhamos para longe dali.

A garota dos meus sonhosWhere stories live. Discover now