Capítulo 4 - Lembranças

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Dizem que os momentos que você passa experiências de quase morte, ficam gravadas em sua mente para sempre.

E e isso que está acontecendo comigo. Eu não paro de pensar ou sonhar com o Lucas. Eu tento pensar em outras coisas, mas não funciona. Não sei bem o que é isso. Será que estou gostando dele?

Impossível! Você gosta de uma pessoa quando passa um certo tempo com ela, vocês criam laços, afinidades...

Mas a gente mal se fala. Na verdade a gente não se fala, né. Pensar em tudo isso me deixa meio aéreo. E sobre o carro que quase me matou, tentei ver se reconhecia a placa, mas não o vi mais. Quase informei a direção para investigar. Mas não o fiz.

Olhando em volta, eu percebo que nunca mais vi o menino que ajudei aquele dia. Não o vejo sair, não o vejo chegar. Será que ele foi expulso ou algo assim? Estamos no intervalo. Não presto atenção a uma palavra sequer do que os meninos estão falando e resolvo ir mais cedo para a sala.

Chegando na sala, vejo Lucas dormindo. Vou até ele, me aproximo. Fico ao seu lado, olhando. Como alguém tão ogro consegue ficar tão fofo dormindo? Me abaixo olhando seu rosto mais de perto. Até que ouço sua respiração. Na distância em que eu estou do seu rosto, beijá-lo não seria um problema. Ele abre o olho. Me assusto na mesma hora.

- O que tá fazendo?

Me impulsiono para trás na hora do susto e perco o equilíbrio. Acho até que vou cair. Por impulso, seguro no seu braço. Tento segurar para não cair, mas ele acaba vindo comigo. Eu caio com menos impulso, mas caio com ele logo por cima de mim.

Ele fica me encarando. Tê-lo tão perto me olhando me faz corar. Sinto minhas bochechas queimarem. O sinal toca, fazendo eu sair totalmente do transe. Ele se levanta, voltando pro seu lugar.

- Me desculpa.- digo.

- O que você tava fazendo?

- Na..nada.

Ouço vozes se aproximarem da nossa sala e vou para meu lugar rapidamente. Até que o pessoal começa a chegar. Ester e os outros também chegam.

- Cê tá bem?- diz Ester.

- Sim, por quê?

- Você está um pouco vermelho, só fica assim quando come os pratos apimentados que pai Lian faz.- diz Ester.

- É impressão sua.

- Pode ser.- diz ela e volta a conversar com Alice.

Toco meu rosto e ele ainda está quente. Logo o professor chega e a aula se inicia. Uma hora ou outra eu olho na direção do Lucas. Alguém me explica o que é tudo isso que eu tô sentindo?

A aula termina e saímos para ir embora. Lucas passa por mim, trocamos alguns olhares, quer dizer, eu sozinho o olho, né, ele nem tchum.

◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇

Em casa, deitado na minha coma, vejo Pai Lian aparecer na porta do quarto.

- Tudo bem?- diz ele.

- Sim, por quê?

- Você me parece meio areo ultimamente, não sei, você tá diferente.- diz ele.

- Acho que é impressão sua.

- Eu acho que não, você é meu filho, e eu sei quando tá bem, quando não tá, quando tá confuso e tal.

- Tá tão na cara assim?

- Ah, não sei se os outros perceberam, mas eu sim.

- Não é à toa que o senhor é meu pai.- digo.

- Me diz aí, o que se passa por essa cabecinha?

Amor Verdadeiro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora