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Maktub; capítulo 6.
star girl

Ando em passos calmos enquanto ouço músicas em meu fone e carrego minha câmera em meu pescoço, observo todo o meu redor enquanto caminho, em parte porque sou meio paranóica e em parte porque acho qualquer coisa bonitinha e já estou fotografando.

Tirei fotos de um casal sentado em uma lanchonete bonitinha, uma criança brincando, um idoso ajudando a sua esposa também idosa a atravessar a rua (confesso, foi muito fofo.) E também tirei fotos do que eu mais amo, o céu. Nem consigo explicar tamanha paixão que sinto por tudo que envolve o céu; o sol, a lua, as estrelas. Principalmente, as estrelas.

Essa paixão inexplicável sempre existiu, mas comecei a explorar ela com uns 8-9 anos de idade, quando percebi que a marca de nascença perto da minha clavícula que eu tanto odiava, lembrava muito o formato de uma estrela. Assim, comecei a estudar mais e mais sobre o assunto, e hoje é o detalhe que mais amo em mim mesma.

Depois de andar mais um pouquinho, já consigo avistar o local em que eu estava na festa, confesso que deveria ter marcado mais perto de casa, mas seria mais difícil da gente se encontrar. Me sento na areia mesmo e começo a observar todas as fotos que tirei no caminho, até que ouço uma voz familiar atrás de mim.

─ tem espaço pra mais um? ─ Louis pergunta.

─ É que eu tô muito ocupada com meu trabalho e tem tantas pessoas ao meu redor, acho que não tem lugar para você, vai ter que ficar em pé. ─ eu brinco, mas com uma expressão séria. Obviamente ele sabe que estou zoando, porque logo entra na brincadeira.

─ ah, me desculpe incomodar, senhorita Conklin. Prometo ficar caladinho se me der uma única chance de sentar-me ao seu lado, madame. ─ Ele diz, e eu já estava quase gargalhando, mas me contenho.

─ Sendo assim, sr. Ferrara, para você eu abro uma exceção. ─ digo sorrindo e dou uma batidinha na areia ao meu lado e começamos a rir do nosso teatro.

─ gosta de fotografar? ─ ele pergunta, aprontando para meu pescoço.

─ É meio que um hobby, faço na esportiva, mas me deixa bem. E você? ─ pergunto.

─ fotos não são muito meu forte, acho que por incrível que pareça, meu hobby mesmo é escrever. Poesias, músicas, essas coisas. ─ Ele diz, e não consigo esconder minha surpresa.

─ jura? Isso é muito legal, sério. Espero ouvir alguma música sua ainda, ou ler algum poema. Promete que me mostra um dia? ─ Eu peço, e sim, consigo ser muito curiosa quando quero.

─ ainda sou inseguro com as coisas que escrevo, acho tudo muito bobo, porque até que é bobo mesmo. Como você disse, não é nada sério, tudo na esportiva. Mas um dia te mostro sim.

─ eu juro que vou cobrar! Você toca algum instrumento?

─ só guitarra, 'tô começando no violão ainda, mas não sei se vai pra frente. E você?

─ Ukulele, um... colega, isso, um colega me ensinou. ─ respondo, no mesmo instante sinto algo estranho. Memórias desse dia começam a surgir em minha cabeça.

─ Colega? Quer mentir pra mentiroso? Dá pra ver que é muito além de um colega, fala pra mim, se quiser, claro. ─ Louis fala, realmente eu minto mal.

─ Um cara que já foi um amigo muito... Especial pra mim. Mas não sei se continua sendo hoje em dia, temos nossas desavenças, e nem pergunte o motivo, nem eu mesmo sei. ─ respondo um pouco relutante.

─ algo me diz que é o fisher da briga, ele passou a festa inteirinha de olho na gente, estava começando a pensar que ele estava fazendo com aquele cara o que queria fazer comigo. ─ ele diz com medo e humor em sua voz.

─ como assim? ─ pergunto confusa.

─ Aquele Jeremiah, não, o jeremiah é o loiro. Como é mesmo? Conrad! Isso, o Conrad. Ele estava olhando a gente conversar na festa com um olhar mortal, imaginei que você não tivesse percebido mesmo porque estava de costas, mas eu vi. E também vi que ele não gostou muito da minha presença.

─ 'Cê tá enlouquecendo, Louis. O Conrad não se importa com quem eu falo ou deixo de falar, não mais.

─ não mais? Então, ele já se importou, né? Bem que eu pensei, parecia ser ciúmes mesmo. Acho que ele gosta de você. ─ Louis simplesmente fala num tom tranquilo, como se fosse uma descoberta besta.

Eu não me contenho e começo a rir, atraindo um olhar confuso do garoto.

─ Ciúmes, Louis? Qual é, conta outra. Conrad não me suporta. ─ respondo

─ só estou dizendo, você vai ver no futuro, anota o que eu tô falando hein.

─ Vamos parar de falar do Conrad, então, dá uma sorriso aí, rapidão. ─ eu peço enquanto pego minha câmera.

─ valeu, Merlia, mas não sou um cara de fotos. ─ ele diz sorrindo timidamente. Mas é nesse mini sorriso que consigo capturar uma linda imagem, onde ele está olhando pra mim e sorrindo ladino, e o oceano brilhando no fundo. Que sensação estranha de déjà vu.

─ Ficou linda, olha isso! ─ mostro a foto. ─ sou humilde, não vou cobrar pelo trabalho, mas na próxima não passa.

─ Ficou linda, você é ótima nisso. Realmente, muito linda. ─ Ele elogia a foto, e algo me diz que não foi só a foto.

subo meu olhar e vejo que o mesmo nem sequer estava olhando para a foto, e sim para meus olhos, e é claro que não demoro para retribuir seu olhar. Sinto Louis se aproximando, e logo coloca sua mão direita em meu rosto.

Óbvio que ele queria me beijar, e eu queria também, não vou mentir. Então, se ele queria e eu também, não tinha nada para atrapalhar, certo? Certo. Então, assim eu fiz, dei permissão para que me beijasse.

─ antes de qualquer coisa, devo dizer que não quero nada sério com ninguém. ─ eu aviso, lembrando de um garoto que beijei em um verão e ele achou que estávamos namorando, foi uma loucura.

─ Então devo dizer o mesmo. O que acontece no verão, fica no verão. ─ Ele diz, sorri, e me beija.

ᴍᴀᴋᴛᴜʙ↬ᴄᴏɴʀᴀᴅ ғɪsʜᴇʀ Onde as histórias ganham vida. Descobre agora