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"Gustavo a caminho do inferno"


Ele não fazia ideia de onde estava, muito menos o motivo de estar por ali. O lugar era bem confuso. Havia várias filas enormes, eram tantas que não dava para contar. E todas as pessoas esperavam por alguma coisa. No meio de uma das filas, que eram tão longas que não dava para ver onde era o final, se encontrava o garoto.

Gustavo, a única coisa de que tinha certeza era o seu nome e a idade, dezoito anos. O jovem tinha a pele parda, cabelos curtos semelhante a um militar. Ele era alto, e tinha um corpo atlético. O rosto era quadrado e o nariz pequeno. De longe parecia um adulto. Usava calça jeans, uma blusa branca, e nos pés calçavam um tênis preto.

A pessoa que estava na frente deu um passo, automaticamente Gustavo fez o mesmo e a pessoa atrás dele também. Os olhos negros do rapaz fitaram quem estava adiante, era um homem desconhecido que devia ter uns trinta anos, de pele branca, cabelos castanhos e usava um terno, devia ser alguém importante.

O silêncio reinava, se ele se concentrasse poderia ouvir a respiração de cada um. Gustavo não sabia o porquê daquilo ali, devia ter mais de mil pessoas só na sua fila e todas permanecia tão quietas. Esperavam e esperavam por algo. Por mais que Gustavo tentasse lembrar de como havia parado ali, nada vinha em sua mente.

Fazia frio. Mas não tinha ar-condicionado em nenhuma parede, ele procurou por colunas, pilastras ou qualquer coisa que pudesse ser uma referência. A luz forte vinha do teto, ele chegou a olhar para cima, porém não conseguiu, porque incomodava demais o brilho branco.

Gustavo deu um passo para o lado para observar melhor o ambiente, o chão era de cerâmica. As outras pessoas permaneciam paradas, se mexiam apenas quando alguém da frente dava um passo. Pareciam robôs sem vidas esperando pela próxima instrução.

— Volte para a fila — disse uma voz grossa.

Gustavo levou um pequeno susto. Quando olhou para trás, viu um segurança do outro lado. Ele era gordo, na sua mão direita segurava uma arma de eletrochoque. O rapaz olhou o crachá, não havia nome, só o número escrito: "13". O segurança apontou a arma ameaçando Gustavo.

— Onde eu estou? — Perguntou ele pela primeira vez.

A multidão de pessoas parecia não ver aquilo, pois permaneciam quietas sem mover um músculo.

— Você está no limbo, agora volte para fila.

— O quê?

— Senhor, facilite o meu trabalho e volte para a fila — o Segurança 13 já perdia a paciência.

Gustavo ia perguntar mais alguma coisa, mas sentiu o choque no seu braço. Era forte e doía.

— AAAAAAAIII.

O Segurança 13 ainda segurava a arma eletrochoque e ameaçava a usar de novo se não fosse obedecessido. Gustavo voltou para o seu lugar e o segurança andou para frente seguindo a fila. A dor no braço estava forte e os músculos pareciam pesar toneladas. O homem na frente deu um passo, ele fez o mesmo e a pessoa atrás repetiu. Isso se repetiu várias vezes por um longo tempo. Os pés de Gustavo doíam, a boca seca desejava goles de uma bebida gelada, mas claro que não avistou um bebedouro.

O rapaz ouviu passos firmes. Outro segurança caminhava se aproximando, não era o mesmo homem que o eletrocutou.

— Oi, Senhor — Gustavo chamou pelo homem. Ele era bem alto, sua pele era negra e parecia ter mais de 50 anos. Ao perceber que o rapaz falava com ele, parou de andar e se aproximou. — Eu estou com sede.

— Oi, já acordou? Antes mesmo de chegar a recepção?

Gustavo olhou o crachá daquele segurança, o número era "01".

GUVILU - Escapando do Inferno (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora