GUVILU - Escapando do Inferno (+16)

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"Luan e Viny juntos na Barra"

Viny e Luan já estavam preparados para qualquer coisa que estivesse prestes a enfrentar, e não foi surpresa quando ambos avistaram a estação de metrô Jardim Oceânico. Os dois fantasmas caminhavam juntos dentre a multidão de pedestres que saiam do trem e subiam as escadas para a saída, os dois procuraram por aqueles que a lembrança deveria mostrar e não acharam de primeira.

Eles foram transportados para a parte da entrada onde havia uma estação de BRT do lado. A multidão se aproximava das catracas, alguns passavam o bilhete, já muitos outros utilizavam o Riocard, que permitia os cidadãos andarem em qualquer transporte público da cidade. Viny e Luan atravessaram a catraca por baixo e subiram os degraus para a parte de cima, onde havia a larga plataforma e um ônibus de dois vagões.

O veículo amarelo de metal esperava pelos seus passageiros.

Luan foi o primeiro notar a presença de alguém do passado, mas ficou chocado quando percebeu que não era o seu eu do passado, e sim um corpo magro andando bem rápido e os cachos era reconhecíveis de longe. Um Viny estava entrando no primeiro vagão do veículo.

— Olha você ali — falou Luan observando a versão passada do amigo.

Os cidadãos estravam no transporte.

Viny avistou o outro ele pela janela, que já andava dentro do BRT. Ele correu e entrou pelo vagão de trás na tentativa de se aproximar, porém o vagão estava cheio e era difícil de se locomover. Por mais fantasmas que fossem, não podiam atravessar os outros. Ele chegou a refletir se as pessoas sentiam o seu toque quando encostava nos outros.

Luan seguiu o amigo tentando se aproximar, mas parou quando viu quem ele esperava anteriormente. O seu outro eu se sentou no último banco. O rosto se virou para frente e viu o Viny fitando o ele do passado. Os dois no mesmo BRT, tanto os do passado, quanto os do presente... porém cada um seu vagão.

O outro Viny usava fones de ouvido, ouvindo um rock, de cabeça baixa e usando o celular. O outro Luan quietinho, de cabeça baixa e com um olhar triste, ele pegou uma apostila da mochila que carregava nas costas, tirou um caderno e um lápis, depois começou a fazer anotações. Tentou estudar um pouco, mas acabou desistindo, não conseguia manter a concentração. O semblante transmitia cansaço.

Ambos que eram do passado, usavam a mesma roupa, calça preta e blusa branca com uma logo bordada de linha preta. Era o uniforme do Colégio São Sebastião. O Luan com o seu allstar verde de sempre, já o Viny com um modelo de tênis esportivo.

Viny deixou o outro ele, Luan também, os dois se aproximaram até o centro que separavam os vagões e conversaram.

— Parece que estudamos na mesma escola — Luan disse. — Não sei por que, mas isso não me surpreende.

Viny concordou.

— Acho que nunca chegamos a conversar. A chance de sermos amigos de escola é bem baixa.

O Luan da memória permaneceu do mesmo jeito. Já o Viny abriu um jogo de tiro no celular e começou a jogar. Depois de quase quarenta minutos dentro daquele transporte público chegaram na estação e desceram. Luan e Viny podiam ser diferentes, mas uma coisa que tinham em comum era que ambos odiavam a Barra. Naquele bairro luxuoso tudo era longe e afastado, se locomover por aquela região era horrível e só iriam por causa do colégio, Luan como bolsista e Viny porque o irmão mais velho quem pagava a mensalidade.

O outro Viny andou na frente, seus cabelos cacheados estavam presos em um rabo de cavalo, a sua mochila era preta. O Luan da lembrança andava bem devagar, só que ao invés de ir para a sala de aula acabou mudando o percurso.