Capítulo 6

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Nos dias seguintes, eles desenvolvem uma rotina. Granger, sendo uma pessoa mais matinal, levanta-se primeiro. Severus se apoia nos travesseiros, desejando cafeína e observando-a correr para se arrumar. Quando ela sai, ele se levanta da cama e vai ao banheiro tomar um banho demorado.

Dormir ao lado dela é perigoso. Durante o sono, eles de alguma forma acabam gravitando um em direção ao outro: os braços dele a envolvem, a cabeça dela repousa sobre o peito dele. Ele não se masturbava tanto desde que era adolescente.

Hoje de manhã, seu gato aparece enquanto Granger está se penteando. Severus tira a mão do lugar ao seu lado e espera que a fera pule na cama. Não adianta tentar lhe dizer que não. Bichento faz o que lhe convém. Com um curioso som de mrrp, o gato pula e se acomoda nos lençóis que ainda estão quentes do corpo de Hermione. Severus o coça sob o queixo.

— Vou ver Arthur hoje — diz Granger. Afastando-se do espelho, ela encara Severus por um instante. — Eu, err. Pedi a Sybill para trocar o serviço em Hogsmeade comigo, para que você fique junto com ela. Desculpe por isso.

Ele revira os olhos.

— Tudo bem, mas você vai pegar Sybill no divórcio.

— Estamos dividindo nossos colegas? — Há algo estranho em sua voz. É muito alto, falsamente alegre. — Estou reivindicando Minerva.

— Você pode ficar com todos eles.

Ela ri. Parece forçado.

— Tem certeza? Você nem quer Ron ou Neville?

— Achei que estávamos tendo uma separação amigável. Se você quiser ter uma longa batalha pela custódia, farei o meu melhor para selar você com todos os meus alunos.

Crookshanks sobe no peito de Severus, ronronando alto. Severus passa a mão em suas costas, alisando o pelo amarrotado. Ele não consegue decifrar a expressão no rosto de Granger. Seja qual for a expressão, ela a afasta e sorri.

— Estou indo — ela diz. — Vejo vocês dois mais tarde.

.

Hermione nunca pensou que diria isso, mas Arthur tem livros demais. Eles estão amontoados no que costumava ser o quarto de Ron, preenchendo todos os cantos e bloqueando a maior parte das paredes laranja dos Chudley Cannons. Tirando um pouco de poeira do rosto, ela tosse.

Ela não consegue parar de pensar em Snape descansando na cama dela – na cama deles – acariciando Bichento. Nunca, em todos os anos que ela o conhece, ela poderia ter imaginado Snape parecendo tão aconchegante e doméstico. Ela quase quis dar um beijo em seus lábios ao sair. Como se ele fosse seu verdadeiro marido.

Precisamos do divórcio, Granger.

A bile queima o fundo de sua garganta. Quando ele disse isso, ela não sabia como responder. Agora, ele está tratando isso como uma conclusão precipitada. Eles ainda precisam fazer mais pesquisas – elaborar equações aritmânticas, tentar mapear o que acontecerá com sua magia. Só porque eles estão experimentando alguns... efeitos colaterais, não há razão para pressa.

— Comecei a ler para preencher o tempo depois que todas as crianças se mudaram e nunca mais parei — diz Arthur. — Ah, você leu isso? — Ele segura um livro com uma pintura surrealista de uma mulher na capa. — Lola Belmont. Autor trouxa. Extraordinário.

— Arthur — Hermione diz. — Concentre-se, por favor.

Ela é quem fala.

— Certo. Desculpe. — Empurrando os óculos para cima do nariz, ele sobe uma escada até uma das prateleiras superiores. — Oh, este também é bom. Vou deixar isso de lado para você. Acho que o que estamos procurando é... aha. Aqui estamos.

Pressing Flowers | SevmioneWhere stories live. Discover now