第42章 (Cap. 42)

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(1766 palavras)

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(1766 palavras)


FINALMENTE EU voltei a conviver com os meus, foi muito difícil todo esse tempo afastado. Pode ser que ninguém vá conseguir me compreender ou que compreenda o que meu pai fez num ato de desespero.

Imagine você que ele, quando eu tinha 10 anos, primeiro eu fui mandado para longe, para outra cidade, mas eu não consegui me adaptar, talvez por ser muito pequeno, e mesmo estando com um parente, o qual eu só havia visto uma ou duas vezes na vida, não conseguia ficar bem, tinha pesadelos horríveis com o Thiago. Mesmo que meus pais e meu tio, tenham tentado me deixar afastado para não ver o corpo dele, eu ainda assim o vi. Fiquei muito, muito tempo me culpando pela morte dele, sempre achei que eu poderia ter voltado para procurar ele, que eu deveria ter segurado a mão dele, que não deveria ter ido com ele para aquele rio... Como meus pesadelos eram frequentes, meus pais acharam melhor me levar para consultas com psicólogos ou psiquiatras, e foi indo para uma dessas consultas que notei que estávamos sendo seguidos por um dos caras que estava lá, naquele dia horrível. No desespero, meu pai resolveu me mudar de lugar, mas não sei como, eles sempre descobriam onde eu estava, só nunca entendi como não me mataram logo. Fui para a casa da minha tia, de um tio, de um amigo do meu pai e assim, por 2 anos eu fiquei passando de uma casa pra outra. Até que meu pai resolveu pedir ajuda em um seminário, fiquei lá por quase um ano, porém os responsáveis disseram ao meu pai que eu continuava tendo pesadelos e que disse ter visto um homem estranho rondando o seminário.

Óbvio que um menino de 12 anos dentro de um local onde só se tem rapazes e homens feitos, chamaria muito a atenção de todos, meu pai pediu uns dias e quando supostamente foi me buscar no seminário, acabamos sofrendo um acidente, que culminou na minha suposta morte.

Então, dias depois, o responsável pelo seminário, me tirou de lá, no meio da madrugada, me trazendo para a paróquia do padre José... o restante vocês já devem imaginar.

Então eu não tive infância, e posso dizer que adolescência também não. Não aprendi muita coisa, não vivi muita coisa, mas me senti muito amado pelas irmãs, principalmente a irmã Maria. Às vezes eu sinto como se minha vida tivesse feito uma pausa de 7 anos e só agora eu vou voltar a ter uma vida.

Mas vamos mudar de assunto para coisas mais alegres e felizes, pois eu me sinto muito bem hoje, apesar da tristeza de deixar a minha carrapatinha cheirosa pra trás.

— Filho... - meu pai deu leves batidinhas na aduela da porta.

— Oi, pai.

Ele entrou e sentou-se na cadeira que havia no quarto.

— Como se sente?

— Tô bem...

— Parece um pouco triste.

— Vovó virá morar com a gente?

— Ela disse que não quer, disse que não quer deixar as plantinhas, as galinhas e os bichinhos dela sem ter quem cuide. Até falei com ela que aqui tem espaço, mas sabe como são os velhos, querem tudo do jeitinho deles.

𝕾ob o VéuWhere stories live. Discover now