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— Droga... Droga! Onde está?

Eu praguejava baixinho com as mãos no bolso do casaco. Se Amélia estivesse ali iria brigar comigo por estar chamando "palavrão", mas já fazia um bom tempo que esperava minha mala e nada dela aparecer. O tempo estava correndo e eu não contava com essa demora, então fiquei muito nervosa.

Olhei o meu relógio de pulso; Já eram quatro da tarde e a única coisa que tinha no meu estômago era o sanduíche que comi pela manhã. Como não fazia idéia se podia ou não aceitar a comida que ofereciam no vôo eu resolvi deixar para comer alguma coisa quando chegasse. Eu estava faminta.

Depois de mais dez minutos de espera eu finalmente vi a minha mala passando pela "esteira". Dei um pulinho de alegria e corri até lá pra pegar, mas me contive quando percebi que as pessoas estavam me olhando de um jeito estranho.

Antes mesmo de chegar definitivamente na saída eu já podia ver a cidade e isso me fez abrir um sorriso de orelha a orelha. Não via a hora de pisar nas ruas de Boston.

Segurei firme a minha mala e suspirei, deixando o aeroporto pra trás. A cada passo que eu dava os prédios pareciam emergir do cinza escuro do céu e me engolir.

A área de desembarque não era nada silenciosa, mas aquelas ruas ganhavam se eu fosse comparar. Era tanta gente que as conversas iam se misturando e criavam um burburinho quase indecifrável.

As lojas e edifícios eram extremamente altos e diferentes de tudo o que eu já vi na minha vida.

Eram pessoas indo e vindo prá lá e pra cá. Algumas distraídas com o celular ou com a música nos fones de ouvido, passeando com o cachorro ou conversando nas escadas, algumas até pareciam tão perdidas ou fascinadas como eu.

Catei o papel com o endereço da casa no bolso da calça e o encarei.

— Bom... Meu chefe ou minha chefe vai entender se eu chegar um pouquinho depois do combinado, né? Afinal eu vim de muito longe e não seria pecado fazer uma pausa pra comer alguma coisa... — Falei pra mim mesma ainda o encarando.

Guardei o papel de volta no bolso e relaxei os ombros; Com certeza irá entender, eu preciso me alimentar.

Eu andava como se estivesse pisando em ovos, olhando ao redor e ficando boquiaberta com cada construção diferente que aparecia no caminho. Como naquelas cenas de filme algumas pessoas esbarravam em mim, mas mais por culpa delas por estarem tão apressadas.

Ainda assim, fui eu quem pedi desculpas em todas as vezes que aconteceu.

Mas eu estava mesmo era procurando algum lugar pra comer, mesmo tendo apenas dinheiro pra um bolo e um café e olhe lá... Vi uma espécie de "cafeteria" e o que me atraiu foram as mesas ao ar livre, então já decidida caminhei até lá.

Sentei-me deixando a minha mala embaixo da mesa e imediatamente recebi olhares curiosos, só então lembrei que geralmente você precisa fazer o pedido lá dentro e esperar que alguém o conduza até um lugar disponível, mas como já tinha sentado não me atrevi a levantar.

Deixei minhas mãos repousando sob minhas coxas e fingi costume, sendo que estava uma pilha de vergonha por dentro.

Dei graças a Deus quando um rapaz usando um uniforme branco com uma gravata azulada veio até a minha mesa, me cumprimentou e me entregou o cardápio. Como eu já sabia justamente o que iria pedir confirmei que ele poderia esperar para anotar.

As coisas eram muitíssimo caras e eu até engoli saliva quando vi uma torta com especiarias pelo preço de nada mais nada menos que vinte e cinco dólares... Quem paga vinte e cinco dólares numa fatia de torta? Eu me perguntei, mas aí lembrei que nem todo mundo é pobre como eu.

Srta. Marília | Malila [EM REVISÃO]जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें