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Por que o meu coração batia tão forte? Porque era o que acontecia quando ficava perto dela ou até mesmo a via de longe.

Porque naquele momento em seu escritório eu consegui sentir sua respiração abafada contra o meu rosto e tenho certeza que ela sabia que o meu coração batia forte porque o sentiu bater contra o seu próprio peito.

Sei que parte do motivo de entrar em um estado de completo pânico quando ficamos próximas se dá pelo fato dela ter essa presença tão marcante e também por ser a minha chefe.

Porém... Acho que eu não deveria ser tão balançada assim pela proximidade da Srta. Marília, mas é algo que não consigo reprimir e ela está começando a perceber isso.

Ao contrário dela, que mantém uma serenidade impressionante e parece ser dura como rocha, eu sou pura emoção.

No escritório, eu não respondi á sua pergunta. Mesmo se tivesse alguma idéia do que falar para ela acho que não conseguiria formular palavra alguma naquele momento, então apenas mantive meu olhar desesperado em seu rosto, olhando para tudo, menos para os olhos dela.

Não que não olhar fosse menos agonizante; Mesmo evitando, não conseguia fugir da força que eles tinham. Era como se os olhos de Marília fossem uma espécie de chave que uma vez voltada para você, destrancava todos os seus segredos. Cada um deles.

Quando ela se aproximou para me analisar pude ver um sorriso sendo reprimido em seus lábios, mas ele foi embora rapidamente e ela suspirou de leve.
Como se tivesse concluído que se não se afastasse imediatamente eu iria acabar desmaiando e seria uma situação difícil de ser explicada, Marília negou com a cabeça e deu dois passos para trás, fazendo todo o meu corpo relaxar de uma só vez e eu quase me desequilibrei, soltando a respiração que estava prendendo sabe-se lá por quanto tempo.

Me obriguei a manter meus pés firmes no chão e saí de seu escritório sem dizer uma palavra depois de recolher os produtos que tinha espalhado quando estava limpando.

Depois disso não nos vimos muitas vezes no decorrer de duas semanas. Não sei se era eu quem estava a evitando ou o contrário, mas eu definitivamente temia encontrá-la sozinha pelos corredores da mansão e ter que enfrentar aquelas órbitas escuras outra vez.

Terminava o meu serviço na velocidade da luz e corria para a cozinha para ajudar Naiara, onde a Srta. Marília raramente ia durante o dia. Só de vez em quando é que Eduardo me tirava de meu esconderijo e me mandava fazer algum trabalho em específico, mas acabei tendo a sorte de nenhum deles envolver ficar sozinha no mesmo cômodo que a chefe.

É claro que isso não durou muito tempo... Morávamos sob o mesmo teto, mesmo este sendo enorme; uma hora ou outra ficaríamos de frente uma para a outra novamente e foi o que aconteceu na quarta-feira.

Naiara estava conversando comigo na cozinha pela tarde quando a Srta. Marília apareceu na soleira da porta usando uma de suas blusas de botões na cor branca e uma calça preta um pouco folgada, enquanto os cabelos estavam presos em seu coque habitual. Nesse pouco tempo de estadia já deu para entender que aquele era o visual preferido dela, quase como um uniforme.

Fiquei me perguntando como seria o seu guarda-roupa; Totalmente revestido por roupas sociais? Blusas de linho, mangas compridas, calças de alfaiataria? Ela com certeza deve usar blazers em ocasiões especiais, consigo imagina-la perfeitamente em um.

Acabei me perdendo em pensamentos e quando despertei ela já estava parada ao meu lado, dizendo alguma coisa para Naiara. Jesus, será que ela me cumprimentou e eu fiquei com cara de tacho e não respondi? No mesmo instante eu notei aquela expressão de irritação em seu rosto, então encolhi os ombros involuntariamente. Como Naiara gosta de dizer; A Srta. Marília parecia estar em um daqueles dias.

Srta. Marília | Malila [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now