CAPÍTULO 1

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Oi, gente!
Eu confesso que estou ansiosa e um tanto quanto receosa com essa história, mas como Candid sempre diz:" é assim que se tira um band-aid!"
Sei que muitas de vocês criaram aversão à Livie e que muitas que seguem a série não vão ler essa história, e está tudo bem, eu estou aprendendo que não dá pra agradar todo mundo e eu sei que a culpa por terem rejeitado Livie é inteiramente minha.
Então a vocês que estão me dando essa chance mesmo não gostando dela, eu agradeço de coração.
Eu passei muito tempo sentindo a Livie e talvez ela nunca vá ser uma personagem de que gostem, mas eu gosto de personagens imperfeitas, personagens que tomam decisões muito erradas, e foi o que Livie fez.
Não dá pra voltar atrás e apagar, tenho de seguir daqui, então vamos lá!

O dia estava lindo, o sol brilhava ainda que estivesse frio. Era o aniversário dos trigêmeos e a comemoração por Adam e Noah estarem de volta.
Os três como sempre vestiram roupas iguais e tinham raspado a cabeça, o que fazia todo mundo se perguntar se estariam aprontando ou era só mais uma piada deles. Thorment procurava  Simple no salão com os olhos de tempos em tempos, e mesmo que o que ele estava encarando não fosse Simple, este erguia seu copo num brinde. Thorment rosnava, era engraçado.
Bronzy estava sempre olhando para um e para outro, ela estava totalmente confundida entre eles. Gift, que disse a ela que conseguia facilmente diferenciá-los, na terceira vez que teve de dizer qual deles estava no fundo do salão conversando com Lunna, ou qual deles estava tocando com Noble, ou qual deles conversava com a doutora Trisha, se refugiou num canto escuro e disse que se ela se aproximasse dele com esse assunto a colocaria de castigo.
Bronzy era mais velha que Gift, mas ele parecia um velho rabugento de noventa anos e até o pai deles não gastava energia tentando tirar a autoridade sobre os irmãos que Gift tomou para si, então, se ele dizia que colocaria Bronzy de castigo, ele colocaria. Então, Bronzy teve de ir atrás de outra pessoa: Lily.
Mas não era Lily que estava ali, vestida com um lindo vestido rosa clarinho e com os cabelos cheios de laços.
"Eu tenho medo de Simple, Lily! O jeito que ele me olha!" Bronzy disse, Livie pensou se poderia bufar. Ela já tinha sido adolescente, ela devia ser solidária com Bronzy, mas ela não estava ali para dar conselhos amorosos. Ela não tinha sabedoria nenhuma nisso. Ela...
Ela não sabia lidar com os sentimentos. Ela era refém deles, ela os sentia tão profundamente que isso lhe fazia perder a noção das consequências de suas ações. Então, amor, desejo, compaixão, empatia... E vários outros estavam enterrados bem no fundo de sua alma, foi assim que ela conseguiu continuar vivendo depois de todo o mal que causou.
A mente de Lily se agitava contra a dela, ela não tinha muito tempo, então fez Lily se aproximar de seu alvo.
"Lily? Só me diga qual deles é o Cam. Eu não acredito em Gift." Livie suspirou e apontou para o que conversava com a doutora Trisha.
"Obrigada, gatinha! Vou na sua casa amanhã e vamos escolher as roupinhas da minha irmãzinha!" Livie sorriu, acenou e se afastou. Ela tinha cinquenta por cento de chance de estar certa. As mentes de Simple e de Cam eram fechadas a ela, então quem conversava com a doutora Trisha era um dos dois. Lily adoraria escolher roupinhas com Bronzy, ela adorava filhotinhos!
Sophia estava grávida e já sabiam que era uma fêmea . Brass tinha um enorme sorriso no rosto, já Sophia parecia meio verde. Sophia olhou para Lily, Livie correu até a mesa da avó de sua filhote. Tammy alisou os cabelos de Lily, Livie ergueu os braços para seu avô. Valiant a colocou no colo e beijou a testa de Lily com muito carinho. Livie fechou os olhos.
"Olá. E quem é essa linda menininha?" O motivo de Livie estar na mente de sua filhotinha sorriu, um sorriso sarcástico. Livie esqueceu tudo a sua volta e o atacou. Ela forçou todo seu poder a ele e...
"Olívia?" A mente de Livie voltou ao seu corpo com um baque, sua cabeça doeu na hora. Ela abriu os olhos e os de Honor a encaravam com fúria.
Ele a sacudiu mais uma vez.
"Olívia!" Livie o encarou, ele pareceu satisfeito com os olhos dela, Livie aproveitou que ele a largou e lhe deu uma bofetada.
Péssima idéia. Foi como bater numa parede de pedra, o dedinho dela se deslocou, ela gritou segurando a mão.
Ele se afastou.
"O que estava fazendo? Não vou aceitar que você entre na mente de Lily." Ele disse, ela deixou as lágrimas de dor rolarem por seu rosto, ele rosnou e examinou a mão dela.
"Não vai me comover com lágrimas. Não devia ter me batido." Ele puxou o dedo dela, Livie gritou. Ele franziu os lábios.
"Vou pedir para Hon trazer um analgésico." Ele tirou o celular do bolso. E pareceu teclar alguma coisa.
"Honest está ocupado, é o aniversário deles." Ele ergueu as sobrancelhas.
"Já?" Ele perguntou mais para si mesmo.
"Estou a uma semana presa aqui." Ele não respondeu. Ela o observou se sentar nas peles e abrir o livro de John.
"Você já leu essa porra desse livro milhões de vezes!" Ela disse, ele não levantou os olhos do livro.
"Cam vai trazer meus livros." Ele respondeu.
"Isso que está fazendo comigo é errado!"
"Entrar na mente de sua filhote também é." Ele respondeu e esticou o corpo nas peles, apoiando a cabeça no braço musculoso.
Livie tentou se concentrar novamente, ele se levantou de um salto e a sacudiu de novo. Sem força, mas a fez gritar.
"Pare com isso!" Ela ordenou, ele rosnou, mas se afastou.
"Pare você!" Ele respondeu, voltando a se deitar.
"Estou tentando fazer o que você não fez! Eu ia matá-lo! Mas você é burro demais para entender o quanto ele é perigoso!" Ela rosnou.
"Candid me garantiu que ele não vai matar ou fazer mal a ninguém. Não vou matar uma pessoa que pediu uma segunda chance." Ele se sentou e se apoiou na parede. As paredes daquela cabana eram de pedra, frias, ele, no entanto parecia não se importar em encostar o peito nu nelas.
"Eu quero ir embora daqui!" Ela disse. Ele voltou a atenção aos livros.
"Prometa que não irá para a Inglaterra e eu soltarei você com todo o prazer. Toda a sua família já prometeu não ajudar você a ir, então diga que não vai e suma daqui." Ele disse, Livie rosnou.
Ela não queria ficar ali. Ela queria ir para a Inglaterra terminar sua formação. Ela teria de começar de novo, sob um outro nome, James tinha explicado que seria mais fácil a colocar no último ano, como uma outra pessoa, uma americana, do que retomar sua antiga carreira.
"Você não entende!" Ela ergueu os braços para cima e os deixou cair exasperada. Ele era muito cabeça dura.
"Não." Ele concordou com ela. E era isso que a deixava possessa! Ele não falava com ela, ele mal olhava para ela!
Bateram na porta e Honor se levantou de um salto e disse:
"Vocês acabaram de se recuperar, não tenho desejo de mandá-los de volta ao hospital." Ele disse, Livie sorriu.
Adam e Noah!
Ela fechou os olhos, mas a voz de Adam foi como um balde de água gelada sobre a cabeça dela.
"Honest nos mandou. Ele mandou analgésicos, bandanas e disse para observar o dedo dela. Papai mandou a carne que ela gosta e mamãe mandou a salada de frutas. Alícia fez um desenho, Harmony e Melody fizeram bonecas. Grace mandou roupas. Quinze mandou..." Ele parou de falar, parecia estar mexendo em sacolas.
"Um espécie de pudim esquisito, você vai achar a aparência feia, mas experiente, vale a pena." Foi Noah que respondeu dessa vez.
"É. Isso mesmo. Amo você." Adam se despediu.
"Também te amo, querida." Foi a despedida de Noah. Livie sentiu seu coração aquecer, ela fechou os olhos.
Quando os abriu, Honor tinha colocado todas as sacolas na mesa, ela procurou pela mente deles, mas não conseguiu se conectar. Droga! Simple sabia bem o que fazia, o desgraçado. Depois do controle de Adriel e dos humanos que os controlavam, a mente deles se fechou.
A mente deles se fechou! Então era isso! Adriel não poderia acessar mais a mente deles, logo se ele fizesse algo, Adam e Noah poderiam matá-lo. Mas seria o suficiente?
Ela suspirou e olhou honor cheirando as bonecas de pano que Harmony e Melody tinham feito, ele as colocou no meio das peles.
"Essas bonecas são minhas. Tem de ficar no sofá." Ela não se importava com reles bonecas idiotas, mas a intenção de suas sobrinhas contava.
"Querido Honor. Eu e Harmony fizemos essas bonecas para você, para que se lembre de nós. A maior sou eu, a menor é a Melody. Mamãe disse que você sofreu muito onde você estava, então se sentir sozinho, abrace as bonecas. Nós temos muitos tios, mas você é o mais especial desde que reformou nosso quarto e o deixou do jeitinho que a gente queria." Ele leu como estivesse respondendo a ela. Livie não era muito de ir a casa de Grace, na verdade ela passou três anos quase que sem sair do porão.
"Eu lhe dou as bonecas se me disser a cor dos olhos de Harmony e de Melody." Ele a encarou.
"Fique com elas." Livie disse. Harmony tinha olhos azuis e Melody tinha olhos... Azuis? Mas os olhos delas eram diferentes. Livie franziu as sobrancelhas. Ela foi até a mente de Harley e procurou suas sobrinhas na festa. Mas foram os olhos verdes de Amy que a encaram. Olhos meio fechados. Amy estava... Livie saiu da mente de Harley com tanta urgência que caiu sentada no meio da cabana. O chão de pedra dura machucou sua bunda.
"Porra!"
"Espiando a mente de alguém?" Ele comia sentado na mesa de madeira.
"Você não aprende!" Ele balançou a cabeça de um lado a outro, e depois, perguntou com um sorrisinho idiota nos lábios:
"Salada de frutas?"
Ela cansou de espiar a mente de Daisy, procurando por esses momentos onde ele implicava com a irmã. Isso lhe trazia alguma alegria, agora a deixava puta!
"Eu sou a única fêmea dessa porra de lugar que pode se empanturrar com essa droga! Eu posso comer isso no café, no almoço e no jantar que eu não vou engravidar! A menos que você quebre sua palavra e me toque."
"Não vou quebrar a minha palavra. E os olhos de Harmony são azuis escuros, como os de Torrent, já os de Melody são azuis claros como os de seu pai." Ele disse.
Livie pegou uma colher, ela não sabia quem tinha trazido talheres para a cabana, ou quando, e começou a comer na própria tigela. A porcaria era muito gostosa.
"Bateria mesmo neles?" Ela perguntou, ele assentiu, mastigando a carne. Livie pegou um pedaço da carne dele e pôs na boca. Horrível!
Ela cuspiu.
"Candid não pode ter feito isso!" Ela comeu da salada para tirar o gosto, ficou pior, ela correu para o banheiro e enxagou bem a boca, voltou a cozinha abriu a geladeira e tomou todo um grande copo de água.
"É claro que não foi Cam quem cozinhou isso. Foi o seu pai." Ela quase cuspiu a água em sua boca.
"Tem certeza?" Ele continuou comendo sem responder. Ele não respondia a mesma coisa duas vezes, ele era um grosso.
"Há pão recheado." Ele estendeu, ela pegou um pedaço. Estava delicioso!
"Harrison." Ela disse, ele sorriu, ele gostava muito de Harry.
Ela se sentou no sofá. Ele continuava comendo.
Uma semana. A semana mais estranha de sua vida. No começo ela fez gatos selvagens tentarem entrar na cabana, mas não adiantou. Daí, ela entrou na mente dos oficiais, eles vieram, Honor bateu em três ao mesmo tempo, ela foi obrigada a não fazer mais isso. Honor quebrou os dois braços de Jinx. Ele era tão bonzinho! Ela se sentia culpada.
E era isso. Culpa, raiva, frustração, saudade... Ela que ficava dias só olhando para o lago ao longe de sua janela no sótão, alheia a toda a sua família, agora estava um turbilhão de sentimentos. E sensações. Honor voltou a cama e cheirou as bonecas novamente.
"Posso pegar?" Ela perguntou, ele estendeu uma delas. Livie pegou e uma onda de saudade e carinho a atingiu. A boneca devia ser Melody, os olhos de miçangas eram azuis claros. Os cabelos eram negros, feitos de lã e a boneca vestia um vestido rosa.
"Fique com Melody, que eu fico com Harmony." Ele disse, os lábios dela sorriram automaticamente.
"É estranho você tratar uma boneca com carinho e ter quebrado os dois braços de Jinx." Ele colocou os cabelos de lã da boneca para trás do rostinho de pano.
"Jinx é forte. E eu não o machuquei muito." Ele deu de ombros.
"Eu ainda não entendi por que permitem que eu fique aqui contra a minha vontade." Ele suspirou.
"O direito do vínculo é supremo. Você é minha." Isso agitou algo dentro dela.
"Mesmo contra a vontade da fêmea?" Ele assentiu.
"Desde que eu não force você, ou mesmo toque em você sem que você queira. Seu pai poderia te tirar daqui, ou seus irmãos, mas eles entendem o que estou fazendo." Nem ela entendia o que ele estava fazendo, como seu pai podia entender?
"Então, se papai vir aqui e mandar você me soltar, você abrirá a porta?" Ela perguntou.
"Não. Mas eles podem se juntar e me obrigar a te entregar. Embora ficaríamos todos muito machucados." Ele se levantou.
"Por que estou aqui?" Ela perguntou.
"Por que Lily e Sheer passaram muito tempo sem a mãe deles. Isso acabou. Você não vai fugir disso." Honor cruzou os braços ela o viu como o ser perigoso que ele era.
"Eu... Eles tem Minerva." Ele balançou a cabeça.
"Por que não os ama, Livie?" Ele perguntou, seus olhos, seu rosto bonito, mesmo estando barbudo, e foi como antes, quando conversavam através dos olhos de Lily.
"Eu os amo. Eu amo muito os meus filhotes, mas..." Ela baixou os olhos para as mãos.
"Eu te ajudo. Pride e Minerva os deixariam comigo e com você se você quiser. Eu tenho uma casa." Ela sentiu seu corpo se revoltar, ela sentiu o medo subir por seu peito e tomar sua garganta. Ela fez força para o empurrar para o fundo de sua alma.
"Eu quero ir embora. Você está de volta. Pode ficar com a sua família, pode ser feliz. Só me deixe ir."
Ele balançou a cabeça.
"Não."
Ele segurou as mãos dela.
"Você precisa vencer isso, só assim será feliz e por tabela Lily e Sheer serão felizes. Me deixe ajudar. Todos querem ajudar." Ela inspirou fundo.
"Eu sei. Tudo mundo acha que sabe o que é melhor pra mim! Mas ninguém nunca me perguntou o que eu achava!"
Ele se afastou.
"Você nunca disse. Você se afasta de todos, você parece ter morrido. Não há alegria em seu coração, não se importa com nada nem com ninguém."
"Eu me destruí. Eu vivi uma mentira com Pride, por que senti que ele reconstruiu sua vida em pouco tempo. Ele venceu a sede de sangue, começou a trabalhar e criava os filhotes com amor e seriedade. Isso está bem claro na cabeça dele.
Ele sonhava comigo, nós vivíamos aventuras, mas ele superou isso, e daí, ele se vinculou a Minerva apesar de eu estar na mente dele. Meus filhotes se apegaram a sua mãe e depois a Minerva. Você não me quis quando eu voltei. Não há nada, Honor. Mesmo essas informações que acabo de dizer foram coletadas das mentes ao meu redor, eu não consigo sentir que eu vivi isso tudo. Parece tão sem sentido pra mim ter prendido Pride em sonhos eróticos, ter morado com ele!" Ela se abraçou, estava sentindo frio, estava envolvida pela sua alma gelada e vazia.
"Que bom que Candid vai trazer meus livros, então." Ele disse encerrando o assunto. Ela o olhou se deitar nas peles e olhar para um papel.
"O desenho de Alícia?" Ela perguntou, ele se levantou e entregou para Livie.
Era um campo florido, cheio de flores.
"Minha linda tia Olívia. Eu senti que esse campo de flores pode te ajudar a se sentir bem, então o desenhei. Amo você.
P.S. Quando seu filhotinho nascer posso ser a madrinha? Eu seria uma ótima madrinha, não escute o que Melody diz, ela vai ficar com raiva por que eu pedi primeiro."
Livie cheirou o papel, ela não tinha faro, mas era Nova Espécie. Cheiros, mesmo fracos evocavam sensações.
"Ela acha que vou ter um outro filhotinho." Ele rosnou, e se levantou de um salto.
"Calma, Honor. Sabe muito bem que não posso com você. Vim ver Livie."
Honor rosnou, Livie se levantou e o abraçou pelas costas.
"Ele é perigoso. Eu te disse!"
Honor se esticou.
"Vá embora." Honor comandou.
"Certo, vou dizer daqui de fora mesmo." Adriel disse, Livie se agarrou em Honor e trancou sua mente.
"Não vou matar ninguém. Eu estou cansado de ser um peão nas mãos de Samantha. Eu vim aqui para que você, Livie, limpe a minha mente. Retire de mim toda a minha capacidade. Eu não preciso mais dela." Honor se voltou para Livie, ela deu um passo para trás.
"Consegue fazer isso?" Ele perguntou.
Antes que Livie respondesse, porém, Adriel disse:
"É claro. Afinal foi ela que retirou todas as lembranças da própria mente dela."

FILHOTES DE VALIANT - HONORWhere stories live. Discover now