CAPÍTULO 43

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Livie alisou o cabelinho de Pólux, ele e Castor sugavam cada um um seio dela, foi desconfortável no início, doeu, mas agora já era até possível sorrir e tentar achar alguma diferença no rostinho dos dois. Os cabelos eram exatamente da mesma cor, os olhos também, o mesmo marrom amarelado, muito claros. As pupilas eram verticais o narizinho bem delicado e as boquinhas tinham o formato do arco do cupido, bem feito, bem pequenininho. Ela estava encantada, eram duas miniaturas de Honor ali, nos braços dela.
"Acha que vai sobrar alguma coisa para mim?" Honor sussurrou para ela e a beijou na testa.
"Sem chance, filhote! Noble secava sua mãe e ele era um só. Meses depois veio você, depois Pride e aí, os gêmeos. E eu ficava só na vontade! Ter nadadores melhores que os de qualquer macho desse lugar tem seu ônus." Seu pai trojevou da porta, Vengeance entrou logo depois.
"Marianne sempre teve muito leite. Talvez por que eu ajudava ela a produzir, se você me entende." Vengeance disse.
"Um macho não pode ajudar uma fêmea a produzir leite, seu idiota. E é da minha filhote que você está falando." Dusky também entrou no quarto, Livie suspirou, a hora temida por ela tinha chegado, aguentar os avôs.
"O que eu falei sobre os três entrarem juntos?" A doutora Trisha entrou no quarto e cruzou os braços.
"Eu como pai do pai e..."
"Eu sou o pai da mãe..."
Valiant e Vengeance começaram, Dusky rosnou.
"Sem mim, ela não existiria e nem os bebês, então caiam fora." Valiant e Vengeance olharam um para o outro, mas Dusky fechou os punhos e eles saíram do quarto.
"Mas depois de Dusky sou eu." Valiant disse antes de sair, o pai de Livie resmungou alguma coisa, mas Livie não ouviu.
"Estarei lá fora. Não vão fazer bagunça no meu hospital." A doutora disse, Livie e Honor sorriram agradecidos.
"E a mamãe?" Livie perguntou para Dusky quando ele se aproximou e piscou várias vezes até seus olhos ficarem um pouco mais escuros.
"Ela está arrumando sua casa. Disse que vai te esperar lá." Dusky disse, Livie sorriu, ela entendia, todos estavam achando muito estranho a aparência dela.
"Por que ele parece um Honor pequeno?" Dusky perguntou, olhando para Pólux.
"Por que eu sou o pai?" Honor sugeriu, Dusky fechou a cara para ele. Livie notou que os olhos dele voltaram a ficar pálidos.
"Quer uma medalha?" Ele mostrou o dedo do meio para Honor, Livie riu da cara surpresa que Honor fez.
"Parece que vou ter de esperar Kevin ter um filhote, se quiser mais um neto parecido comigo." Ele suspirou. Pólux largou o seio, ele o pegou e encaixou no ombro.
"Vem cá, vovô vai te fazer arrotar." Livie sorriu ao vê-lo segurar Pólux com cuidado e bater nas costas do bebezinho até ele arrotar.
"Viu como é que se faz?" Ele perguntou para Honor, Honor baixou a cabeça.
"Eu tenho um certo receio de..."
"Você tinha que gostar de um macho frouxo desses?" Livie riu.
"Agora não tem mais volta, vovô."
"É. Fazer o quê, né?" Ele entregou Pólux para Honor e repetiu o processo com Castor.
"Esse é o que tem nome de bicho?" Ele examinou bem a carinha de castor.
"Na verdade, o nome dele é o de um grande herói grego e..."
"Acha que alguém aqui sabe disso? Acha que na zona Selvagem alguém sabe que existe um país chamado Grécia? Todos só vão se lembrar do bicho. Pelamordedeus!" Ele disse, Livie riu.
"Vovô vai te chamar de Cas. Meu netinho Cas." Ele ninou Castor e o bebê fez um biquinho, ele sorriu.
"Tão bonitinho! Pena que quando crescer vai ser tão feio quanto o pai."
"Veio só pra me insultar, tio?" Honor perguntou fechando a cara.
Dusky o encarou, Honor se esticou. Ele ficava vários centímetros maior que Dusky.
"Bom. Não é o bobão que desviava os olhos mais. Sabia que alguns da Zona Selvagem já pensaram em desafiá-lo por Livie? Se não parecer um bobão, ninguém vai pensar isso mais."
Honor rosnou.
"Deixe que venham. Eu adoro arrancar braços e pernas. E já arranquei a coluna de um macho com ele vivo. Deixe que venham." Honor disse arreganhando os dentes.
"Ótimo. Muito bom." Dusky disse, muito sério.
"É esse tipo de macho que eu quero para as minhas filhotes." Ele entregou Castor para Livie e saiu sem se despedir. Livie sorriu, seu avô era um grosso, mas ela estava tão feliz por ter um avô!
"E eu pensando que a visita mais incômoda seria a do seu pai!" Honor disse, Livie o puxou e o beijou na boca.
E o resto do dia foi a mesma coisa, todos entraram, cumprimentaram Livie, brincavam sobre o fato dos gêmeos serem a cara de Honor, e um ou outro macho dos que ela não conhecia avaliou bem o tamanho de Honor.
"Cadê o meu afilhado?" Bells entrou com um grande sorriso, Michelle vinha atrás. Os filhotes deles e Jewel também entraram, Livie segurou na mão de Michele e sorriu. Ela ainda se lembrava da vez que fez Michelle sonhar com ela. Era sobre um outro futuro, um que não aconteceu. Nesse futuro Livie ficaria com Pride. Livie ficou um tempo viajando nessa possibilidade e segurando a mão de Michelle.
"Eu estou tão feliz por você estar me dando Castor! Me sinto tão honrada!"
"Eu é que me sinto honrada por ser sua amiga. Você me acolheu sem julgamentos, você me olhou de forma diferente, num momento em que eu estava tão debilitada, tão fraca!"
"Eu só me senti sua amiga desde o início, só isso."
"Você sempre ia no sótão, eu não me lembrava de você, mas você sempre ia." Livie disse, mas parou de falar, ela não queria chorar.
"Bom, vamos deixar só os filhotes chorarem. E uma boa coisa, Honor. Meu Dindo tinha dito que você talvez não fosse forte e feroz o suficiente, alguns machos da zona Selvagem pensaram que era uma sugestão para que desafiassem você, porém Leaf disse que você é grande e forte e que não vai tentar. Então, ninguém vai desafiar você. Isso não é ótimo?" Jewel contou com um sorriso no rosto.
"É, bom, eu não teria problema algum para lutar por Livie." Honor disse, Livie sorriu para ele.
"Isso é um desafio?" Treasure perguntou. Livie riu.
"Não. Se olharem diferente para Livie, arrancarei os olhos deles." Honor disse. Jewel bateu palmas.
"Isso! Viu, papai? É assim que eu quero que meu companheiro seja." Ela disse, Bells a pegou no colo e a beijou.
"Então é assim que ele vai ter de ser." Michelle revirou os olhos, Livie sorriu feliz. Eles eram uma espécie de outra família dela, sempre foram e agora, com o fato de Ann e Dusky serem padrinhos de Jewel e Michelle e Bells serem padrinhos de Castor, as famílias estavam ainda mais unidas.
E eles passaram mais dois dias no hospital, recebendo visitas. A cabeça de Livie girava com tantos conselhos e dicas de como lidar com os filhotinhos. Honor estava sem dormir desde que eles nasceram, então quando foram para casa, ele desabou na cama.
Ann e Dusky continuavam lá, Tammy, Valiant, as florzinhas, a casa estava cheia. Tammy ainda estava muito triste pelo acontecido a Honest, Simple e Candid estavam fora. Era alegria e tristeza mesclados, Livie ainda tentava não se afogar em culpa.
Ela foi até a varanda do quarto dos gêmeos, eles dormiam juntos no mesmo bercinho. Haviam dois berços, mas tanto Grace quanto Tammy disse que nesses primeiros meses eles deviam ficar juntos. Tammy disse que tinha feito a experiência de colocar um em cada berço com os trigêmeos, ela disse que eles gritaram até que ela os colocou juntos. Daí, ela começou a chorar, Valiant a levou para o quarto e não saíram mais de lá.
"Dormiram?" Daisy perguntou entrando e dando uma olhada nos bebês.
"Sim. Eles parecem ser bonzinhos, eu acho que logo logo, vou conseguir cuidar deles sozinha." Livie disse.
"Não comigo na Reserva." Daisy decretou, Livie abriu os braços, ela a abraçou. Um abraço forte como só ela abraçava.
"Você não se importou de ser madrinha de Pólux e Nove ser o padrinho?" Livie perguntou alisando o rosto dela, Daisy era alta, Livie tinha de esticar o braço.
"Quem quase subiu pelas paredes foi o Rom." Ela disse, as duas riram.
"Eu gosto demais do Honor e ele disse que o primeiro tinha de ser meu, é uma honra muito grande. E se Rom acasalar comigo, ele já ganha Tempest sem ter tido que fazer nada, então não pode reclamar." Livie sorriu. Daisy era incisiva, Livie adorava isso nela.
"Você vai voltar para a força tarefa?" Livie perguntou, Daisy a soltou e se apoiou nos balaústres da varanda.
"Eu acho que eu me cansei de lá. É divertido, eu corro mais rápido e meu faro é melhor que o da maioria, mas as missões são barra pesada, Livie. Lidamos com as missões que os humanos não conseguem lidar e quando resolvemos a questão, o mérito vai para eles!" Ela disse, Livie pensou a respeito.
"Não basta que você saiba que foi a heroína?" Daisy sorriu e balançou a cabeça.
"Não é isso. Tem a ver com a imagem que queremos passar. Eu não acho correto sermos os lixeiros. Rom por outro lado é da opinião de que alardearmos nossas capacidades colocaria um alvo ainda maior nas nossas costas. É complicado."
"Quem diria que você iria estar num dilema desses, D! E por dentro da ação, sendo protagonista das missões!"
"E tudo começou quando Violet foi atrás de você." Ela disse.
"Você ainda me odeia?" Daisy bufou.
"Eu nunca odiei você. Mas não faria como Violet fez. Eu te deixaria lá para que se fodesse com a decisão que tomou."
Livie assentiu.
"Eu fui resgatada, perdoada e agora sou mãe, estou tendo uma segunda chance, mesmo tendo fugido da primeira vez." Livie disse e ainda havia pesar em seu coração pelos erros que cometeu.
"A questão é que ninguém pode dizer que nunca faria. Só podemos supor. Eu tive medo de compartilhar sexo com Rom e fugi todas as vezes que eu consegui. Até que ele me pegou, me jogou na cama e eu vi que era tudo o que eu sempre sonhei. Acho que às vezes devemos enfrentar o medo, não podemos nos render." Ela disse.
"Mas eu e Pride..."
"Não estavam vinculados? Grande coisa! Eu e Rom não estamos e ai da engraçadinha que olhar atravessado para ele! Vocês poderiam ter dado um jeito, embora, eu acho que Honor não ia conseguir viver com isso." Ela ficou triste.
"Seria uma merda. O que significa que era para ser uma merda desde o começo. Então até que terminou bem, eu tenho o afilhado mais lindo do mundo! E se Rom continuar sendo um pé no saco, Nove pode..."
"Nove pode..." Rom repetiu as palavras dela, ele estava a porta.
"Quando chegaram?" Ela correu para ele, a cara fechada dele, porém a fez parar bem próxima a ele.
"O que Nove pode, D.?" Rom tinha uma cara péssima. Ele era todo um clone agora. Da parte mais sanguinária do pai de Livie.
"Eu estava brincando." Daisy disse.
Ele assentiu, não disse nada e foi até o bercinho.
"Por que dois berços se os colocou juntos? Não era melhor um berço maior?" Livie deu de ombros.
"Eu não sei. Eles são pequenos ainda." Livie disse. Romulus sorriu e fechou os olhos. O coração de Livie parou uma batida, ele sorriu ainda de olhos fechados.
"A mente dos bebês é tão linda!" Ele disse.
"O que você vê?" Daisy perguntou.
"Cores. Rosa clarinho, azul, marrom...O azul são dos olhos do papai e o amarelo deve ser o de Valiant, ou os de Honor. O vermelho e o negro dos cabelos, um ou outro som... É incrível." Ele suspirou.
Livie o abraçou, ele beijou a testa dela, eles se comunicaram por pensamentos, coisas desconexas, sem palavras. Daisy se sentou e esperou.
Romulus beijou os lábios de Livie se despedindo, ela já começou a sentir saudade.
"Vem, vou te mostrar algumas coisinhas que Nove, por ser celibatário e nunca ter tido o amor de uma fêmea não conhece, nem sabe fazer." Ele disse puxando Daisy para fora do quarto. Livie ainda os ouviu sair no jipe e ela ficou feliz por sua amiga. Uma lembrança de Daisy aos seis anos contando que queria Florest e dizendo seu plano estampou a mente dela. Elas não conheciam Romulus nessa época. Quem diria que o plano de Daisy nunca daria certo e que um irmão desconhecido de Livie seria o macho de Daisy? E um macho um tanto quanto ciumento! Livie riu sozinha.
Ela foi até o quarto, Honor dormia um sono pesado, ela se deitou com ele, ele a abraçou, tinha acordado.
"Desculpa, eu te acordei." Ele beijou a nuca dela.
"É, acordou." Ele disse pressionando seu pênis já duro na bunda dela por trás. Livie sorriu e se deixou levar pelas sensações que a boca dele em sua nuca, os dedos em seus seios despertaram. Ele a virou, Livie ficou em cima dele, Honor lhe tomou a boca. Ela se desmanchou quando o beijo começou, Honor a beijava com fome, sugando seus lábios.
"Honor." Ela o parou.
"Quantos dias eu tenho de esperar?" Ele fez uma carinha de gatinho chorão.
"As drogas não estão acelerando minha recuperação e o sangramento é normal, são só trinta e sete dias agora." Ela disse.
"Você vai sangrar durante os trinta e sete dias?" Ele perguntou, ela balançou a cabeça.
"Não, talvez só mais umas duas semanas." Ele suspirou.
"Eu só vou esperar o sangramento parar." Ele decretou, Livie o achou meio parecido com Daisy quando ele disse isso.
"Eu posso fazer alguma coisa para melhorar seu humor?" Ela perguntou e lambeu os lábios.
Ele sorriu, um sorriso safado.

FILHOTES DE VALIANT - HONORTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon