CAPITULO 42

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Seu pai vomitou sangue mais uma vez, Bill o ajudou a se sentar.
"Talvez..."
"Cale a boca." Seu pai disse, ele calou.
Aquilo era inédito, Bill nunca tinha visto uma rejeição tão forte de um corpo a uma mente.
"Contatou Mckay?" Seu pai perguntou, Bill suspirou.
"Sabe que ele não vai responder, pai. Os clones arrasaram tudo o que ele tinha e mataram todos os seus clones." Bill disse, seu pai continuou olhando-o sem piscar.
"Não me respondeu." Bill assentiu.
"Contatei. É só o que eu faço nos últimos dias."
Seu pai tirou toda a roupa, uma das técnicas baixou os olhos, todas as mulheres ali e até um dos homens tinham aprendido da pior forma que apesar do corpo que seu pai habitava ter desejo sexual, e muito, seu pai não estava interessado. A última mulher que olhou para ele com desejo tomou uma bofetada tão forte que ela perdeu alguns dentes. Ele coçou a cabeça, seu cabelo já tinha crescido, ele odiava ter cabelo.
"Eu pareço estar num forno! Que porra!" Ele disse.
"Você! Use esse número." Ele anotou algo num papel e deu a um dos controladores. O homem discou, seu pai ficou de pé atrás dele, esperando. O enorme pênis dele estava ereto, ele nem parecia notar.
"Bishop." A voz de Mckay soou no viva voz.
"Mckay, seu puto! Pensei que tivesse algo entre as orelhas! Mas não quis atender meu filho." Ele disse.
"Não me sobrou muita coisa depois de vocês terem usado os clones de Vengeance contra mim, por que eu iria te atender?" O pai de Bill riu alto.
"Foi uma jogada bem irônica, não foi? Meus clones contra os seus. E eu venci." Mckay respondeu:
"Venceu? Você está entocado como um rato, está mais fraco que uma barata. E se tivesse me vencido não estaria desesperado atrás de mim."
Bishop suspirou.
"É, você tem razão, eu estou entocado. Cercado por idiotas, mas venci Samantha. Eu a tenho e posso dá-la a você, se resolver uma pequena questão técnica pra mim."
"Rejeição de uma implantação? Só ela pode resolver isso. Não é irônico?" Mckay riu do outro lado da linha.
"Você pode pelo menos tentar?" Bill nunca confiaria em Mckay e isso era estranho, pois seu pai também não.
"Eu faria por outra coisa, eu não tenho uso para Samantha." Mckay fez sua contraproposta.
"Diga."
"Há uma fêmea. Nova Espécie, ninguém sabe sobre ela. Ela tem uma boa idade. Não está protegida pelo que eu vi. Me dê ela e eu mando um dos meus clones resolver seu problema." Um barulho de algo caindo no chão chamou a atenção de Bill, ele olhou na direção, mas seu pai já tinha chegado antes. Bill fechou os olhos. Ela não! Seu pai a puxou da cadeira, ela caiu sentada. Bill travou o maxilar, mas ela se levantou devagar e em silêncio.
"Qual o problema?" Seu pai a segurou pelos braços, ela o encarou.
"Eu só encostei num copo e ele caiu, me desculpe." Ela disse, seu pai inspirou. Ela estava com medo.
"E por que o medo?" Bishop perguntou.
"O senhor prefere excitação?" Ela perguntou, Bill segurou um pequeno sorriso.
Seu pai a soltou. Ela se sentou calmamente em sua cadeira.
"O que você faz aqui?" Ela se virou na cadeira giratória, estava nervosa, com medo, mas enfrentou o pai de Bill corajosamente.
"Sou parte da fachada. Moro na segunda casa a direita, e sou uma das 'herdeiras' da funerária. Trabalho atendendo o telefone." Seu pai olhou para Bill.
"Ela é bonita, já trepou com ela?" Bill fechou a cara.
"Sim."
"É, eu talvez fizesse o mesmo." Os olhos de seu pai iam dela para Bill.
"Mckay?" Seu pai chamou, Mckay respondeu:
"Vou enviar o endereço, mas vou logo avisando que quando digo ninguém sabe, não estou colocando Simple na equação. Eu não o subestimaria."
"Assim que estivermos com a fêmea voltamos a te contatar." Bishop disse.
"Estarei aguardando."
Seu pai saiu da sala, várias pessoas que prendiam a respiração, encheram seus pulmões de ar.
"Tudo bem?" Bill foi até Linnie, ela acenou, sem tirar os olhos da tela do computador.
"Por que deixou o copo cair?" Bill perguntou, ela pareceu se lembrar do copo e se abaixou para catar os cacos.
"Eu só esbarrei, Bill. Só isso." Ela disse indo jogar os cacos numa lixeira.
"Seu pai está nos deixando nervosos. Elma não vai voltar. Como você acha que é trabalhar com um louco pronto a nos machucar a qualquer momento?" Era uma pergunta retórica, Bill não tinha resposta.
Ele saiu da sala, subiu até a funerária, saiu no pátio e entrou na casinha dos fundos. Elize! Por que ela foi tão teimosa?
Bill se arrependeu de não ter curado ela, de ter tentado forçá-la a aceitar ser implantada no corpo de Quarenta e Dois. Ela merecia uma vida diferente, uma vida longa, sem doenças.
Mas ela jurava que Quarenta e Dois era um ser vivo, com alma e não roubaria isso dela.
Bill abriu a geladeira e pensou em Linnie. Foi bom, muito bom, mas ela queria compromisso e Bill poderia se vincular algum dia, ele não correria esse risco.
Ele tocou o enxerto de pele que os Novas Espécies fizeram nele. Aquela fêmea, Violet. Linda e letal, foi uma grata surpresa. Ela tinha um único golpe e ela usou isso da melhor forma possível, Bill morreria se não tivesse sido tratado com as drogas do seu pai desde a infância. Trinta anos. Seu pai uma vez disse que ele era o futuro.
Bill sorriu, amargo. Quando as crianças começaram a morrer e no fim só ele sobrou, seu pai não estava nada orgulhoso.
Mas ele continuou falando com Bill que ele era único e que entre Bill e Dean, ele preferia Bill.
Isso não era muita coisa, Bishop era um monstro. Dean se negava a participar dos projetos dele, então a preferência por Bill podia muito bem ser por que Bill sempre o obedeceu.
Bill era grato às drogas por ser forte, rápido, ágil e bonito. Dean era tão baixo e gordo quanto Bishop.
E, se ele era praticamente Nova Espécie, inclusive com os instintos e todo o resto, por que não poderia se vincular? Um barulho a distância chamou a atenção dele, Bill se virou. As janelas estavam cobertas com uma cortina leve, transparente e ele tinha super instintos, não precisava sair do lugar para ver até bem longe. Ele viu Linnie entrar num carro que estava do outro lado da rua.
Ela teria ficado com medo? Ou teria derrubado o copo por saber quem era a fêmea que Mckay queria? Bill suspirou, Linnie nunca deu motivos para desconfiança.
Ele esperou o carro sair e então saiu da casinha, entrou na funerária e de lá saiu para a rua.
Não era possível se esconder de um Nova Espécie, não era possível se esconder dele. Ele foi andando atrás do rastro dela, nem precisava correr.
Depois de algumas horas, Bill percebeu que ela estava fugindo, pois ela saiu da cidade. Ele então correu atrás do carro até que o alcançou.
"Linnie! Pare esse carro!" Ela acelerou, ele emparelhou com o carro e ia jogá-lo da estrada quando viu que a mulher que dirigia não era Linnie.
Ela o olhava com a boca aberta e acabou perdendo o controle do carro, o carro bateu em Bill e o choque fez o carro capotar. Bill tirou a mulher do carro, ela tinha desmaiado. Bill a cheirou, ela estava usando valeriana e com as roupas de Linnie. Ela abriu os olhos, Bill perguntou:
"Onde está Linnie?" Bill a sacudiu.
"O que eu estou fazendo aqui?" A mulher perguntou, havia medo e confusão nos olhos dela.
"Qual é o seu nome? Onde conseguiu valeriana?" Bill a soltou, ela deu uns passos para longe dele.
"Meu nome é Francine. Eu trabalho numa loja de doces, eu juro que estava lá, eu não me lembro de entrar nesse carro, nem de vestir essas roupas." Bill deu as costas a ela e voltou a rastrear, mas Linnie tinha ido embora, tinha fugido.
Poderia ser por medo do pai dele, é claro que poderia, mas trabalhar naquele lugar era um risco e ela já estava trabalhando lá a muito tempo. O motivo seria outro. Teria a ver com a tal fêmea? Bill ligou para o técnico e pediu o endereço que Mckay disponibilizou.
Se ela tinha algo a ver com isso, Bill a encontraria nesse endereço.
Não era muito longe e isso deu a Bill a certeza de que sim, Linnie poderia estar envolvida nisso.
Ele correu, era um risco, chamaria atenção, pois o endereço estava a duas cidades do local da funerária e essas cidades eram habitadas, populosas. Mas que se fodesse, ele não tinha tempo a perder.
O endereço era um posto de gasolina. Bill observou durante um bom tempo, haviam as bombas, a loja de convivência, os banheiros e só. Ele usou seu faro, mas o cheiro dos combustíveis lhe machucava o nariz, então, ele entrou na loja.
"Viu, garras retráteis. Não são propriamente como as dos gatos, mas faz um bom estrago. Mas se meu dedo estiver num lugar sensível, digamos a sua..." Bill rosnou, Candid riu.
"Bill! Que coincidência, não? Num país tão grande como esse..." Bill o atacou, a mulher no balcão gritou quando Bill se jogou contra ele acertando sua cabeça no peito dele. Candid aguentou o tranco e lhe deu uma cotovelada na nuca, mas Bill o abraçou.
O fato de Candid ser maior deu a ele a vantagem de que Bill não conseguiu abraçar no lugar certo, Candid conseguiu espaço para uma joelhada nas bolas. Mas Bill não o soltou, continuou apertando, Candid então usou as tais garras nas costas dele, rasgando o jeans da jaqueta de Bill na primeira arranhada e se fizesse de novo, retalharia as costas de Bill, então Bill o soltou, empurrando Candid para trás, procurando espaço para pegar sua...
"E se eu atirar em você com isso?" Candid tinha pegado a arma da perna dele.
"Balas especiais, não é?" Ele sorriu.
A mulher não tinha corrido, ele sorriu para ela.
"Corajosa. Eu gostei."
Bill tirou sua arma do coldre do lado e também apontou.
"Nossa, igual aos filmes! A diferença é que os dois podem atirar. Quantas balas dessas você aguenta, Bill?" Ele sorriu. Bill viu por que muitos tinham medo dele. Havia uma coragem até meio suicida naqueles olhos.
"Ninguém vai atirar em ninguém." Simple disse. A mulher olhou para ele com admiração.
"É somos gêmeos. Mas eu sou melhor na cama." A mulher continuou olhando para Simple. Candid era um idiota.
"Bill." Simple o cumprimentou.
"Simple." Ele devolveu.
"Abaixe a arma, vamos conversar." Bill não tinha opção, eles eram dois, ele só um. Não devia ter ido sozinho ali.
Ele mostrou umas mesinhas num canto, Bill se sentou numa cadeira, Simple na outra, Candid ficou de pé.
"O corpo está rejeitando a mente de seu pai? Por isso procuraram Mckay?" Bill balançou a cabeça, não tinha dado tempo de Mckay traí-los. Eles sabiam disso de outra forma. Estavam espiando o lugar? Se estavam tinham de sair de lá. Bill pegou o celular.
"Já estamos lá, não dá para fugirem. Mas precisamos de você." Simple disse.
Bill pensou no seu pai. Ele o amava, mesmo sendo um monstro. E Bill também não era bonzinho. Mas ele não tinha outras opções, não no momento.
O leve cheiro de Linnie passou pelo nariz dele, bem leve, bem distante.
"Linnie nos traiu?" Simple sorriu.
"Não. Ela não enganou só a você."

FILHOTES DE VALIANT - HONORWhere stories live. Discover now