Conversar... Com a gente?

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Sebastião nos olhava com uma cara nada boa. Visto a sua face de desaprovação, qualquer um podia jurar que estávamos pedindo alguma coisa absurda demais para nos ser concedida.

E, tecnicamente, estávamos. Quem iria querer oferecer para dois jovens as imagens da câmera de uma gravadora musical? O Sebastião estava certo em manter um pé atrás, mas por que tinha que ser justo comigo? Eu até pedi ao Dimitry que fosse junto com a minha pessoa pedir à ele!

— Pra que vocês querem isso? — sua testa franziu ainda mais quando perguntou. — Ou melhor, por que eu deveria lhes fornecer essas imagens?

Certo, se ele só iria me liberar o que eu precisava com uma boa justificativa, eu teria que contar a verdade, mesmo não querendo. 

— Eu preciso de algo que comprove que eu estive aqui antes de ontem à noite. — falei de uma forma bem natural. — Estou sendo acusada de cometer vandalismo contra a minha escola, então quero provar a minha inocência!

— Você fala daquela história de que alguém pichou os muros de um colégio? — é óbvio que a fofoca já tinha se espalhado, tinha passado até no jornal! — Então foi você!

— Não, Sebastião! Eu quero provar, justamente, que não fui eu!

Ele olhou bem profundamente nos meus olhos e depois olhou para o Dimitry, que estava ali do meu lado, em pé, com cara de paisagem, e de braços cruzados. Ele estava ali, basicamente, só de enfeite, tadinho. Mas eu gostava de saber que ele estava do meu lado. E parece que, foi só olhar para ele de novo, o Sebastião relaxou um pouco e mudou de ideia ao respeito do meu pedido.

— Tudo bem. — falou depois de respirar fundo. — Venham comigo.

Obviamente, lá, dentro do estabelecimento, teria uma sala escondida com alguns computadores montados só para monitorar as imagens de segurança das câmeras. Afinal, estávamos tratando de uma gravadora, um lugar registrado, de trabalho, mas eu não fazia ideia de que aquela sala seria tão secreta. Tipo, a porta de entrada ficava no corredor principal, que levava ao estúdio de gravação, entre dois pilares. Eu nunca a tinha notado ali, mas, enfim, nós o seguimos e adentramos no local. Sebastião passou por nós e se sentou no primeiro computador.

— Você tem um pen-drive? — ele me perguntou depois de já ligar o dispositivo.  

— Claro. — tirei o objeto pedido do bolso traseiro da minha calça e o coloquei sobre a sua mesa.

Eu e Dimitry ficamos ali parados por alguns minutos enquanto esperávamos o homem de meia-idade me devolver o meu pen-drive. Não é que estava demorando, mas a minha sapatilha já estava começando a ficar apertada de tanto eu ficar em pé. 

— Pronto. — depois de um tempo, ele desconectou o meu pertence do computador e me entregou. — Salvei aí todas as imagens de sábado à noite, internas e externas. Espero que isso te ajude.

Eu faltei dar pulos de alegria e o abraçar ali mesmo! Ele tinha praticamente acabado de salvar a minha pele! Mas ele provavelmente odiaria o meu gesto, então tentei conter a minha euforia e só o agradeci.

Eu e Dimitry saímos da gravadora. Naquela segunda, especificamente, eu tinha acordado um pouco tarde, porque já sabia que ia faltar na aula para ir atrás dessas imagens. Na verdade, algo me diz que eu nem seria liberada a entrar sem antes provar a minha inocência. Mas não vamos desviar o foco principal, eu e o líder da banda estávamos indo para o ponto de ônibus. Ele ia pra sua casa, e eu, ia para a escola entregar o pen-drive.

— Você não quer que eu te acompanhe?

Eu meio que viajei nos meus pensamentos olhando o caminho através da janela do ônibus. O líder do Stars From Nightmare acabou me despertando e impedindo, até, que eu corresse o risco de perder o ponto em que ia descer.

𝑭𝒍𝒂𝒚𝒔𝒂: 𝑶 𝑰𝒏𝒊𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒂 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒅𝒂 | Amor Doce ✔Where stories live. Discover now