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Miguel havia considerado a primeira vez um sucesso. Além de nada ter dado errado e ele não ter botado fogo na casa ou feito algo irresponsável, Robby parecia estar se sentindo muito melhor na manhã seguinte, quando estava de volta ao seu estado normal. Ele ficou morrendo de vergonha ao ver o pijama de dinossauro que Miguel havia comprado, mas ao invés de escondê-lo no fundo do armário como o moreno esperava, ele perguntou, timidamente, se Miguel achava que seria possível encontrar um de tubarão também. Miguel tinha certeza que sim, mas se não achasse, mandaria fazer um. Ele não estava nem aí, Robby merecia todos os mimos do mundo.

Os dois saíram para trabalhar satisfeitos e animados, e Robby estava até se sentindo mais confiante. Era bom demais ser cuidado e ter suas vontades satisfeitas, principalmente aquelas que ele achava que nunca poderia realizar. Ele ainda não tinha coragem de pedir muita coisa, especialmente aquilo que achava bobo, mas estava certo de que isso viria com o tempo.

Um pouco mais de um mês após a primeira vez, Miguel chegou em casa com um pacote na mão e o entregou a Robby, que imediatamente sentou no sofá para abrir o presente, dando de cara com o pijama que tinha pedido, abrindo e fechando a boca algumas vezes sem acreditar no que via. Miguel sorriu satisfeito e Robby finalmente saiu de seu estupor, se jogando em cima do moreno e envolvendo seu pescoço com o braço, depois beijando todas as partes de seu rosto que conseguiu.

"Obrigado, obrigado!" Ele repetia, depois de cada beijo. Robby disse que queria ter mais uma sessão no sábado, e Miguel aceitou prontamente. Iria ao mercado na sexta e deixaria tudo pronto para o que quer que Robby quisesse.

Quando o dia chegou e Robby iniciou a regressão, Miguel não sabia muito bem o que esperar. A psicóloga havia dito que a idade podia variar muito e ele estava torcendo para que não fosse nada antes dos três anos, porque as coisas que tinha encomendado ainda não haviam chegado e ele não queria se contentar com menos do que isso. Para sua sorte, quando perguntou a Robby quantos anos ele tinha, recebeu sete como resposta.

"Você quer ficar em casa, Robby? Ou quer ir fazer alguma coisa?" Miguel perguntou, deixando claro que Robby podia escolher o que quisesse.

"Onde a gente pode ir?" Robby perguntou, franzindo a testa e empinando o nariz tamanha era sua concentração.

"Onde você quiser."

Robby riu, e disse num tom de brincadeira. "Tá, parque de diversões."

"Ok, troca de roupa e nós vamos." Miguel disse, começando a procurar a carteira e a chave do carro, notando pouco depois que Robby não havia se mexido, só o encarava incrédulo. "Que foi? Não quer ir mais?"

"Você... vai me levar mesmo?" Robby sussurrou. Miguel sabia que era mais uma daquelas coisas que ele sempre quis e nunca recebeu.

"Se você se arrumar em cinco minutos. Estou contando!" Miguel disse tentando distraí-lo de qualquer lembrança triste. Robby literalmente gritou como um banshee ao ouvir isso e correu para o quarto. "Cuidado, não vai se machucar!" Miguel avisou, rindo do quanto a cena era fofa. Em três minutos Robby estava de volta, pronto para sair, exceto pelo cabelo bagunçado.

"Vem cá, deixa eu arrumar essa peruca." Miguel disse, apontando para o sofá. Robby fez um biquinho adorável.

"Eu não uso peruca, seu bobo. Se usasse ia ser até a cintura igual a Bela Adormecida!" Ele disse, sentando e ficando quietinho para Miguel pentear seu cabelo. O moreno achou que aquilo era algo a ser explorado, mas em outro momento.

"Prontinho. Vamos?" Ele disse, recebendo confirmação com um aceno vigoroso e um sorriso brilhante.

Chegaram ao parque e Miguel entendeu que as memórias de Robby eram todas realmente de antes dos sete. Os dois já haviam ido àquele parque várias vezes depois de adultos, mas ele não se lembrava de nada, estava deslumbrado com tudo que via.

Segunda Chanceحيث تعيش القصص. اكتشف الآن