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Robby andava muito estressado, a pressão para bater metas no trabalho o estava enlouquecendo, além do nervosismo pelo processo de adoção que ele e Miguel finalmente haviam iniciado. Ele só queria que o tempo passasse logo e ele pudesse finalmente entrar de férias e finalizar toda a burocracia para terem logo seu bebê. Mas a vida não era tão simples e ele tinha que ter paciência, e ele realmente estava tentando.

Miguel também estava nervoso, mas o que mais o deixava ansioso era ver Robby resmungando pelos cantos, roendo as unhas e não ter sinal do sorriso que tanto amava há quase duas semanas. Os dois não faziam uma sessão de regressão há quase um ano, desde que Robby declarou que achava que estava pronto para deixar os traumas de infância para trás e ser pai. Mas no último mês, estava claro que ele precisava abrir mão do controle por um tempo, antes que surtasse.

Miguel preparou um jantar à luz de velas, com o único vinho que Robby gostava de tomar e suas comidas preferidas. Quando os dois se sentaram à mesa e o mais baixo perguntou qual era a ocasião especial, o latino quase desistiu. Mas  a vontade de ver Robby relaxar e sorrir foi maior e ele puxou o assunto espinhoso que queria discutir. Convenceu o marido de que admitir que tinha problemas não o fazia uma pessoa fraca ou menos apto a iniciar uma família, assim como ter sessões esporádicas de regressão não significava que ele não podia ser um bom pai. Ele podia simplesmente se beneficiar dessa ferramenta sem sentir tanta culpa.

A princípio, Robby não queria nem ouvir. Deixou os talheres na mesa, se levantou e foi se trancar no quarto. Miguel esperou, pacientemente, até que ele retornasse quase quinze minutos depois e pedisse desculpas por ter sido rude e ingrato. Miguel pegou em suas mãos e as beijou, dizendo que tudo que queria era vê-lo feliz, e isso fez Robby finalmente desabar, chorar e desabafar sobre tudo que estava sentindo. E assim, os dois acabaram decidindo ter uma sessão especial.

Robby regrediu para os três anos de idade e Miguel não levou nem uma hora para perceber que tudo estava mais difícil que nunca, um sinal de que o marido realmente precisava daquilo e não devia ter ignorado isso por tanto tempo. Robby estava absolutamente impossível, chorando por tudo e fazendo uma birra sem precedentes. As coisas pareciam ter melhorado um pouco quando Miguel se sentou no sofá e posicionou Robby com as pernas ao redor das suas para brincar de cavalinho. Era uma forma segura de ele gastar energia e conseguir um pouco do contato físico que sempre precisava nessas horas.

O problema começou quando Miguel teve os primeiros sinais de cansaço, suas pernas já estavam doloridas e com cãibras, e ele tentou mover Robby para o seu lado no sofá, mas ele apenas apertou mais como se estivesse montando um touro bravo e se recusou a levantar. Miguel tentou convencê-lo com palavras doces e argumentos simples, mas não deu em nada.

— Robby! Chega, eu já tô com dor na perna — Miguel disse num tom sério, segurando Robby para que ele não caísse e para que olhasse para ele — seja bonzinho!

— Colin, Mi… Qué… — Robby teimava, ainda naquele humor pirracento, e Miguel não ia dar o braço a torcer só porque ele era fofo tentando falar e soando dessa forma levemente atrapalhada.

— Robby, eu tô cansado. Isso machuca, eu já brinquei com você, agora preciso descansar um pouco — Miguel o repreendeu e Robby voltou a chorar, falando ainda mais alto que queria colo e tentando vencer na base da teimosia.

Miguel perdeu a paciência e segurou as duas pernas dele, o derrubando o mais delicadamente possível no sofá e suspirando de alívio ao poder mover as pernas novamente. Robby sentou a seu lado e o rosto dele já estava vermelho de prender o ar, o que queria dizer que mais uma onda de choro e mais um pequeno ataque se aproximava, para o que o latino se preparou psicologicamente tanto quanto possível. Ele tinha que se acostumar a essas coisas, já que teriam um bebê num futuro próximo.

Segunda ChanceWhere stories live. Discover now