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Três meses depois de ter tido a ideia de se mudar para um lugar maior, Miguel e Robby finalmente estavam com tudo pronto para viver esse momento tão importante. Já haviam financiado uma casa, dando uma boa entrada, demorariam menos de 10 anos para ter a dívida paga. Daniel se ofereceu para ajudar, mas Robby não quis. Miguel tinha quase certeza que em dois ou três anos poderia convencê-lo a mudar de ideia.

Miguel e Robby escolheram uma casa com um belo jardim na frente e um quintal nos fundos, com uma piscina que era metade do motivo de terem se encantado com aquela casa específica. Dos três quartos da casa, escolheram o maior para dormirem juntos, um para ser um escritório e o outro o quarto de hóspedes. Miguel disse que queria o porão para si e perguntou se Robby se importava, e claro que ele disse que não, mesmo quando morreu de curiosidade ao ser proibido de entrar lá até segunda ordem. Miguel disse que tinha um projeto e que o deixaria ver apenas quando estivesse pronto.

Foram quatro meses de uma curiosidade extrema que Robby poderia facilmente saciar se pegasse a chave que Miguel deixava no quarto todos os dias. Mas ele não quis estragar a surpresa que o moreno estava tendo tanto carinho e dedicação para preparar e resolveu esperar pacientemente. Quando o dia chegou em que ele ouviu "cielito, sua surpresa tá pronta!", ele mal acreditou. Só faltou pular de alegria e arrastar Miguel para o porão, mas o mais alto apenas disse para eles tomarem banho - juntos - e depois terem uma sessão especial. Ele pediu especificamente para Robby tentar regredir para uma idade entre 9 e 11 anos e isso atiçou ainda mais sua curiosidade.

Robby concluiu a regressão e atingiu os 10 anos, então saiu para encontrar Miguel na sala, como combinado, depois foi levado pela mão até a porta que dava acesso ao porão, onde o moreno pediu que fechasse os olhos. No início ele teve medo de cair na escada, mas ao ouvir a promessa de que nada lhe aconteceria, percebeu que confiava totalmente no mais alto. Ele tinha sido um irmão maravilhoso todo esse tempo e Robby sabia que estava seguro com ele. Os dois desceram juntos, devagar, e quando chegaram ao chão, Miguel disse que ele podia abrir os olhos.

Ao abrir os olhos, Robby contemplou uma imensidão azul, as paredes em um tom mais suave que o teto, mas todo o espaço era tomado por luzes brilhantes como estrelas. Era como estar em uma nave, olhando para o espaço. Seu queixo caiu, era a coisa mais incrível que tinha visto, até aquele momento. Não tinha nem palavras para expressar seu deslumbre. Então, Miguel apagou o projetor e o local foi tomado pela escuridão por um segundo, até que ele acendeu as luzes.

Se a noite estrelada havia preenchido Robby de uma admiração que ele não conseguia descrever, o que via agora era muito mais fácil de entender, mas ainda mais difícil de acreditar. As paredes azuis formavam um grande painel, e o papel de parede mostrava uma floresta à noite, com árvores, fadas, unicórnios e alguns bichos. Robby estava perplexo e nem acreditava no que via. O carpete era verde escuro como seria a grama e Miguel nunca tinha tido tanto trabalho na vida, mas ver a felicidade de Robby era uma recompensa incrível.

No meio de uma das paredes, estava encostada uma cama baixa, larga e confortável, com estruturas que a cercavam e a tornavam segura para todas as idades. Robby estava paralisado olhando isso, quando se deu conta de que havia muito mais para ver, afinal, o porão era enorme e estava completamente tomado. Encostado em outra parede havia um guarda-roupa de madeira muito bonito, e do outro lado, uma escrivaninha com uma cadeira de madeira e estofado vermelho que lembrava um pouco um trono, ao lado da qual havia uma estreita estante de livros. Havia uma divisória no meio do porão e Miguel incentivou Robby a olhar o que se escondia atrás dela.

Não era um outro cômodo, era mais um apêndice, mas parecia um mundo totalmente diferente. Havia uma casa de bonecas de quase 1,5m feita de madeira e dividida em aposentos clássicos. Tudo parecia muito realista e as Barbies distribuídas dentro dela eram de vários tipos. Uma estava na cozinha, sentada à mesa. Outra no quarto, deitada na cama. Duas na sala, em um sofá de frente para uma pequena televisão. Uma na banheira. Duas no jardim. Robby tocou no cabelo moreno de uma delas com reverência, sem acreditar no que estava vendo. Depois de vários minutos admirando as bonecas, se afastou e viu o restante. Bichos de pelúcia variados de ursinhos a um elefante, um lobo, um leão e até um tubarão, parecia um zoológico extremamente abraçável. Além de dois baús com vários tipos de brinquedos que eram apropriados para várias idades diferentes.

Segunda ChanceWhere stories live. Discover now