❂ Cap. 23

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Olhando fixamente para Luffy, aquele brilho vermelho deixou os olhos de S/n. Lágrimas ameaçavam tomar conta do rosto dela, que fez de tudo para segurá-las. Claro que queria salvar seu pai, mas, a que custo? Finalmente admitiu para si que aquele garoto diante de seus olhos, era o amor de sua vida.

- Não posso fazer isso... Não posso.

A faca caindo no chão quebra o silêncio, as lágrimas de S/n começaram a deslizar pelo rosto dela como rios indo desaguar no mar. Olhando para o chão ela respirou fundo, buscando se recompor.

Deu uma última olhada naquele garoto que ela tanto ama e se retirou do navio, rapidamente. Os olhos de Luffy permaneciam perplexos, era agonizante ver seu amor indo embora sem poder mover um músculo sequer.

- Então a senhorita já foi embora. - A morena chegou subitamente no navio e viu que seus amigos não conseguiam nem falar, então continuou. - Eu sei que devia ter te avisado, capitão. Mas eu queria ao menos tentar... Bom, agora sabemos que existe um coração por trás daquela assassina.

Esperando seus amigos voltarem ao controle de seus corpos, Robin observou S/n, que logo não estava mais à vista. A tristeza da partida tomou conta até mesmo da historiadora que exibia um semblante triste. Ela foi retirada de seus pensamentos após ouvir vozes altas.

- Eu já disse que você não vai, idiota!

- Zoro... Me deixa ir, eu preciso falar com ela.

- Falar com alguém que queria te matar?! Ah, me poupe!

- Mas não matou! Ela teve a chance e desistiu, deve ter algum motivo pra tudo isso!

- Até que o capitão tem razão. - Robin falou baixinho, perdida em seus pensamentos.

- Tá vendo? A Robin concorda. Agora, ME SOLTAA!

- Não me faça usar a força bruta! Você só sai daqui por cima do meu cadáver!

- Luffy, é melhor esperar as coisas se acalmarem. Por enquanto, podem me ouvir?

- Tá...

Zoro apenas assentiu com a cabeça e a garota convidou-os para tomarem um chá.

- Agora vamos ao que interessa. Eu sempre mantive suspeitas sobre a senhorita, mas continuei com a mente aberta ao ver que ela mantinha uma natureza dócil ao contrário do que eu imaginei. Tanto que... Bom, vocês já sabem. Certa vez a vi escrevendo uma carta e mandando por aquele pássaro que estava com ela no início. Decidi observar e percebi que ela recebia instruções de um cara da marinha.

- Eu sabia! A S/n jamais faria algo tão ruim!

- Cala a boca, aprendiz de gado! Deixa ela continuar.

- Não sei se entendi muito bem, mas, pelo visto, esse homem sabe onde o pai dela está preso e usou isso como forma de persuadí-la. Desde o início, ela nunca demonstrou real interesse em matar vocês, por isso deixei as coisas acontecerem naturalmente para ver onde ia chegar.

- Você tá me zoando, né?! Sabia esse tempo todo que aquela desgraçada queria me matar... Matar a gente! E não disse nada.

- Foi como eu disse, era perceptível que ela não chegaria a esse ponto e a presença dela fazia bem ao Luffy.

- Tão bem que agora ele poderia estar mortinho!

- Ô Zoro... Não discute com a Robin, não...

As poucas vezes em que Luffy estava sério já era esquisito, e agora, vê-lo assim tão deprimido era doloroso aos olhos de todos ao seu redor. Sem falar mais nada, todos continuaram tomando chá. Num silêncio doloroso, em meio a turbilhões de pensamentos.

Mais tarde, ao voltar para o navio, o resto do bando se deparou com aquela cena deplorável. Até mesmo Zoro, que era o mais chateado entre os três, estava entristecido. Robin mantinha uma aparência seria porém melancólica. Já, Luffy, era o que mais demonstrava estar mal, seu olhar parecia morto, em determinados momentos.

- Ô gente... Aconteceu alguma coisa?

A voz chorosa da rena atraiu os olhares de todos que estavam ligeiramente comovidos com todo aquele ar triste que pairava sobre o navio.

- A assassina foi embora. - Após isso,Zoro se recusou a responder mais perguntas.

Ele apenas ignorava qualquer um que lhe dirigisse a palavra. Ninguém ousava falar com o capitão, pois tinha medo de que ele piorasse. Robin tratou de explicar calmamente à todos o que havia ocorrido e tudo o que ela sabia.

Naquela noite, uma grande tristeza pairava por todas as mínimas brechas daquele navio. A tripulação não tinha sequer um resquício de alegria para compartilhar com seu capitão que estava mil vezes pior.

Caminhando sem rumo por aquela ilha desconhecida, S/n viu que o anoitecer estava cada vez escuro. As pessoas começavam a recolher-se em suas casas, o silêncio se instaurava vagamente por todas as ruas.

Sem tempo para pegar seus pertences, ela havia saído apenas com a roupa que estava vestida e suas facas que agora carregavam o peso de um futuro ainda mais incerto. Adentrou numa pequena pousada que estava prestes a fechar e pagou por uma noite de estadia, com o pouco de dinheiro que havia em seus bolsos.

Como poderiam dormir depois de um dia tão horrível? Todos se perguntavam observando o teto que havia sob suas cabeças.

Zoro resmungava vez ou outra por sua insônia; Sanji derramou umas poucas lágrimas enquanto lamentava sua perda; Nami estava entristecida por ter perdido alguém que tanto considerava; Ussop com certeza sentiria falta da ajuda que recebia da garota, mas sentiria ainda mais saudade daquela presença adorável que, por vezes, melhorava seu dia; Robin pensava em que fim essa história levaria; Chopper chorava baixinho e tentava se recompor com todas as suas forças; Por sua vez, Luffy, absorto nas memórias boas com aquela que tanto ama, adormeceu num sono turbulento.

Aquele quarto pequeno que seria aconchegante em outro momento, S/n desabafava em forma de lágrimas. Nenhuma noite pareceu tão longa quanto aquela. Assim como todos naquele navio que, agora, estava apenas em suas lembranças, ela esperava um amanhecer um pouco mais feliz...

𝙶𝙸𝚁𝙰𝚂𝚂𝙾́𝙸𝚂 𝙰𝚃𝚁𝙰𝙴𝙼 𝙰𝙼𝙾𝚁 ❁ Luffy ✓Where stories live. Discover now