คาธ -The Eclipse

Iluminados

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O vento soprava forte no terraço da escola. Ayan e Akk se olhavam, em pé, ausentes do mundo, iluminados pela luz do sol que ainda conseguia tocar seus rostos, suavemente. Era o dia do eclipse.

Akk havia trazido Ayan até lá, após o recebimento do prêmio como melhor aluno que lhe possibilitaria continuar seus estudos na universidade, em uma fuga ousada que custava a Akk muito, varrendo os resquícios de seu antigo eu. Estava determinado a mudar, a fazer escolhas.

Ayan olhava Akk com certa apreensão, pois sabia que alguma coisa séria seria dita, senão não estariam ali, pois descumpriam as regras, matando aula. Nos olhos de Akk, via ansiedade; parecia inquieto. Definitivamente, não estava tranquilo. Ayan temia tê-lo trazido ali para terminarem. Estavam indo bem, mas Ayan sabia que estava cada vez mais ousado em suas demandas, em suas carícias, em seus beijos.... E se estivesse interpretando erroneamente os sinais de Akk e, no fundo, estivesse desconfortável com o rumo que as coisas estavam tomando? Seus próprios olhos começavam a dar sinais do que pensava, trazendo lágrimas que esperava ficarem ali, sem rolarem. Ayan tentara saber, enquanto subiam as escadas, se estavam indo ao terraço por causa do eclipse e brincara sobre ter trazido os óculos para ver o fenômeno, mas ele havia dito que não era por causa disso.

Akk sentia o vento em seu rosto e em suas costas, impulsionando-o a falar o que precisava. Olhava Ayan nos olhos e enxergava sua apreensão. Também os via brilhar com os singelos raios de sol que ainda irradiavam. O sol estava quase totalmente coberto pela lua. Seria um raro eclipse total.

"Akk, por que você parece nervoso? Por que estamos aqui?"

Akk desviara o olhar ao final da pergunta de Ayan. Seu cabelo cobria seu rosto por causa do vento. Sentiu um ímpeto de correr e sair dali. Fugir sem falar nada. Mas, fora apenas um lampejo de medo, como um velho hábito. Akk estava determinado a dar voz aos seus sentimentos, sejam eles quais fossem. Não se permitiria mais deixar se levar por vontades e ordens alheias às suas. Não seguiria mais por caminhos que não lhe parecessem corretos. Estava determinado a ser sincero consigo mesmo e isso incluía ser sincero com Ayan.

"Se eu pudesse escolher qualquer coisa, eu escolheria poder te falar..."

"Não, Akk, por favor...", Akk começara a falar, mas fora interrompido por Ayan que cobrira seus lábios com dedos frios e trêmulos. Seus olhos pareciam mais vermelhos e brilhantes, pois estava segurando o choro. Estava mais escuro agora. Nada os iluminava. Era como um dia nublado, com uma tempestade iminente a caminho.

"Akk, eu te amo. Não quero que termine comigo. Eu...", embora se olhassem fixamente, Ayan deixava seu medo possuí-lo. "... eu não consigo mais viver sem você ao meu lado", suas lágrimas rolavam. Tinha que impedir aquilo de alguma forma.

Akk se manteve sério, observando Ayan de perto. Observou como seus olhos estavam realmente tristes. O que Ayan havia dito o entristecera também. Era tudo culpa sua por ter deixado essa situação se prolongar por tanto tempo. Enganava-o toda vez que se beijavam. Enganava-o quando aceitava suas carícias passivamente. Enganava-o quando era obrigado a beijar seu rosto antes de dormirem. Não podia continuar com a farsa, tinha que dar um fim àquilo. Não aguentava mais ser quem não era para ele.

Akk esticou sua mão e, gentilmente, secou as lágrimas dos olhos de Ayan. Seus próprios olhos começavam a embaçar.

"Aye, me escuta... Você é alguém especial pra mim e sempre será..."

Ayan afastou a mão de Akk com certa aspereza. Não estava confortável com o rumo que a conversa estava tomando. Neste momento, tinha a plena certeza que o fim estava próximo. Seu coração batia acelerado, seu rosto estava vermelho por causa do choro. Ouvia nas palavras de Akk o convite para serem apenas amigos. Não suportaria ser afastado a tal ponto. Estava triste, numa escuridão que ia além da pouca luz que havia no terraço, no mundo, por causa do eclipse. Ayan vinha percebendo Akk mais introspectivo, mais reflexivo. Passava horas sozinho e, no dia anterior, não permitira que dormisse em sua casa. Estava recluso, fechado em seu mundo e Ayan tentava acreditar que era por causa da incerteza sobre o prêmio de melhor aluno, mas algo lhe dizia que era algo além disso.