Capítulo 34

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A lua já começava a iluminar o laranja do anoitecer, as pessoas começavam a recolher seus comercios e as luzes das casas começavam a ser acesas.

— Obrigada, mais um vez, mesmo achando que poderia ter vindo sozinha — Agradeci a JJ que insistiu em me acompanhar até em casa.

— E você saberia como chegar aqui?— Tentei conter um riso, mas falhei me entregando em uma risada — Já imaginava.

— Você quer entrar?— Perguntei educada.

— Não é uma boa ideia, seus pais não iriam gostar — JJ fez uma curta pausa — Ou aquele cara do outro dia, não quero te causar problemas.

Girei a chave e abri a porta.

— Eles não estão — Avisei.

— Mesmo assim — Estranhei a sutileza dele em recusar, Kiara sempre disse que JJ era sem dúvidas o mais a vontade de seus amigos, o cara que nunca recusa nada.

— Tá tudo bem?— Perguntei — Você tá quieto hoje.

Antes que ele pudesse me responder fomos interrompidos.

— Até que fim você chegou — Topper ignorou a presença do Maybank — Esqueci a chave da moto.

— Deve ter ficado no sofá — Dei espaço para que ele passasse e quando ele entrou voltei minha atenção ao loiro — O que você ia dizer?

— Que faço um ótimo omelete, caso esteja com fome.

Seu corpo ainda estava ali, mas seus olhos vigiavam os movimentos de Topper dentro de minha casa.

— Tá — Bastou isso para que ele passasse pela porta.

Não tranquei depois que fechei já que logo um deles sairia dali.

— Achou?— Perguntei ao Topper.

— Não.

— Será que ficou lá em cima?— Perguntei subindo as escadas — Vou ver se tá no meu quarto.

— Seu quarto? Por que a chave desse cara estaria no seu quarto?— JJ perguntou e em seguida se interrompeu — Eu vou ver com você.

— Não precisa — Falei estranhando sua atitude.

— Faço questão — JJ disse passando por mim na escada.

Olhei para Topper e demos de ombros juntos, sem entender nada.

A porta do cômodo com meu nome na porta estava aberta, quando passei por ela fui direto para o banheiro que usei para ajudar Topper a descolorir os cabelos mais cedo.

Segurei a chave que estava sobre a cômoda e voltei para o quarto, me encostei no batente da porta vendo JJ andar pelo cômodo concentrado nos detalhes.

— Impressionado?— Perguntei.

— Com toda essa limpeza? Muito.

— Encontrou?— Topper perguntou chegando na porta, joguei a chave na sua direção e ele a agarrou no ar — Valeu.

— Não sabia que vocês eram próximos — JJ comentou.

— Ficamos depois que meus pais deixaram a ilha.

— O que? Seus pais foram embora?

— Pensei que a Naya tivesse contado — JJ negou.

— Não somos mais tão próximos.

— De qualquer forma, Topper tem me ajudado com algumas coisas específicas do dia a dia, como gastar dinheiro.

— Só isso?— Afirmei com um movimento de cabeça.

— O que mais poderia ser?— Respondi sem entender.

— Não devia receber caras no seu quarto, principalmente se você está sozinha em casa — JJ quis me dar uma lição de moral.

— Você está no meu quarto e estamos sozinhos.

— Nós vamos ter um filho de qualquer jeito.

— Nós vamos?

— Vamos, você acha mesmo que eu vou deixar alguém como Topper Thornton ou um tal de Beto criaram o meu filho?

Revirei os olhos.

— Você afirmou com todas as palavras que não vai ser um bom pai, por que eu deveria acreditar que seu ego abalado te faria ser?

— Eu não seria um bom pai porque meu pai é Luke Maybank e eu nem sei se deveria chamá-lo assim.

Não me lembrei de conhecer esse nome então esperei que ele continuasse, mas ele não continuou.

Ele só desviou os olhos.

— Se você quiser, preciso que você saiba que eu também — Olhei para o garoto que encarava o bater de seu dedo sobre meu piano fechado.

Não consegui formar uma frase sequer em minha cabeça, não consegui abrir a boca dizer nada, só senti minha pernas me levarem até ele e só cai em mim quando meus braços rodearam o seu corpo o puxando para um abraço.

O abraço se aqueceu quando JJ o retribuiu, fechei os olhos inalando sua colônia barata misturada com água salgada do mar sentindo meu coração se acalmar de uma forma espontânea.

Nenhum de nós disse uma palavra, eu não conseguiria saber nem se tivesse contado quanto tempo durou aquele abraço. Quando nós afastamos eu sorri e JJ beijou minha testa antes de acariciar o meu rosto.

Mas não passamos disso.

— Ainda tenho interesse no jantar que você vai preparar, preciso confessar — Consegui dizer me afastando de vez.

— Pensei que depois dessa conversa você iria esquecer isso.

— Não esqueci.

Consequências - JJ MaybankWhere stories live. Discover now