abyss of your eyes {em andamento}

capítulo 5

Tessa Miller em, Memories.

Quando mamãe descobriu que Jemy (Jeremy) havia ido para cama com outra mulher, todos seus sonhos foram desvencilhados como lixos jogados dentro de uma caçamba. Ele tentou por vários anos reconstruir o casamento, a fazendo acreditar que era a mulher de sua vida que tudo não se passou de um erro, um erro que jamais aconteceria novamente. Sophi já não acreditava mais nele, todas suas confianças foram esmagadas ao abrir o quarto em que Papa estava deitado ao lado da loira corpuda.
   Sophia já não se cuidava mais, seus cabelos antes tão bem cuidados agora estavam quase totalmente brancos e ressecados, sua pele enrugada deixava a mostra o quanto estava cansada daquela vida. Ela só já não estava cansada da vida que levava ao lado de Jeremy como também estava cansada de ser apenas aquela a qual ele amava apenas durante a noite. Não era segredo para ninguém que traficantes se relacionavam com outras mulheres além daquela que mantinha em casa, aquela que estava ali com ele desde o início, aquela que enfrentaria o barra toda se a casa caísse. Os traficantes preferem o luxo, a comida que vem fácil quando os dias estão fáceis, mas se obrigam a comer o arroz puro em casa quando os dias estão difíceis.

- Quando sua casa cair, pede a vagabunda que se deitou com você na NOSSA cama para entrar na frente da bala por você, Jeremy - Sophia tentava manter sua conduta quando via que Papai arrumava sua mala para levar alguns 'produtos' com a face calma. Ela sabia que ele não estava indo levar a porra de droga nenhuma.

- Eu volto logo, querida. Cuide dos nossos filhos e da nossa casa, eu te amo. - Foi tudo que Jeremy disse antes de sair pela porta deixando mamãe incrivelmente puta, ela já não sabia o que fazer, por que ele sabia que mesmo a traindo ela ficaria, todas as porras das vezes.

- Eu vou embora, Jeremy. Fique com seus filhos.

   Ela tinha certeza do que estava dizendo, com malas prontas no quarto e sacolas por todo canto, Sophi não estava dando a mínima se iria deixar para trás seus filhos, Jemy daria um jeito de se virar. Nem tudo tinha que ser ela.
   Quando ouviu a campainha tocar no cômodo de baixo desceu correndo, tudo que passava pela sua cabeça era que fosse Jeremy voltando para pedir desculpas mais uma vez como sempre fazia e seguirem suas vidas, mas quando abriu a porta deu de cara com a polícia invandindo sua casa e seus filhos no andar de cima escondidos vendo toda aquela cena, mais uma vez dentre dois anos.
   Aquela rotina era sempre a mesma para Sophi, na verdade Lucy registrado na identidade, ela havia mudado seu nome quatro vezes pelas merdas que Jeremy, ou melhor, Josh, fazia. Ela sentia que aquela mentira não duraria por tanto tempo, então ficaria calada para ser presa e depois quando fosse solta seguiria sua vida como um novo recomeço.

- Onde está Josh? Diga, ou iremos enfiar uma bala na sua cabeça - A arma apontada em sua cabeça era uma submetralhadora tommy gun, lhe causava arrepios por seus pelos e pele.

   Sophia/Lucy não dizia nada, estava mantendo sua pose enquanto sentia seus olhos lacrimejarem, ela queria chorar e espernear feito uma criança. Cansada de guardar segredos de Jeremy/Josh, só queria dizer a eles tudo que ele um dia lhe contou, mas sua lealdade era ainda maior que sua covardia. Ela ainda o amava.
   De última hora sentiu vontade de pedir desculpas a Tessa por ser uma mãe ausente e pouco acolhedora, queria dizer a ela que mesmo sendo tão distante sentia vontade de estar perto, mas ela era tão parecida com seu pai que lhe causava enjoos, enjoos frequentes. Sentiu vontade de dizer a Jeff que fosse um homem melhor que Jeremy, que cuidasse bem de Tessa e valorizasse um dia a mulher que tivesse ao seu lado, mesmo sabendo que ele iria falhar nesse pedido, o sangue que escorria em sua veia era o mesmo que Josh.

- Diga aos meus filhos que eu os amo

   Lucy sabia que não iria ser presa, e muito menos ter um novo recomeço quando fosse solta. Aqueles policiais estavam com sede de vingança e fariam qualquer coisa para que Jemy os odiasse o bastante para corresponder a vingança que eles queriam.
   Ela não tinha muito tempo para pensar quando fechou seus olhos esperando pela bala em sua cabeça, remoeu todas as vezes que teve a chance de sair fora de toda aquela merda com seus filhos, mas mesmo assim permaneceu, por amor. Permaneceu por um homem que nem sequer olhava dentro de seus olhos quando dizia que a amava, que o sexo passou a ser algo prazeroso apenas para ele e não para ela, os dias eram rotinados e poucos conversados e o único passa-tempo eram as festas que ela saia para esquecer os problemas dentro de casa e os passeios com Jeff que a deixava com o humor um pouco mais para cima. Lucy sabia que seu tempo era pouco, que aquela era a resposta de todos seus medos e desvencilhos, resposta do que viu na noite passada mesmo sabendo que seu marido vinha fazendo aquilo a muito tempo, mas doeu em seu peito saber que na primeira oportunidade ele a fodeu em sua cama, no mesmo lugar que transava com ela.
   Quando pequena sua mãe lhe contou que quando se casasse iria passar por diversas dificuldades em seu casamento, e que todas as dificuldades iriam se tornar aprendizados. A traição era um aprendizado? O quê o trauma de uma traição iria a ensinar, mamãe? O quê ver o marido fodendo outra em sua cama iria a ensinar? Só iria mostra-lá como nunca mais depositar sua confiança em um homem, em um homem falso, mentiroso e manipulador que sempre a conseguia tão fácil quando queria, por que ela o amava tanto quanto o ódio que morava em seu peito, que todos os anos juntos a fez acreditar que ele é o único homem que a merece, mesmo sabendo que não, e era tarde demais para deixá-lo. Ele havia a matado.
   Lucy perdeu a consciência quando seu crânio estourou virando pedacinhos pelo sofá-cama na sala, todos os policiais foram embora deixando-a sangrar sem parar. Aquele era o fim mais horrível que Sophia nunca havia imaginado em ter.