capítulo 7

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Lucy, aos dezenove anos.
Boston.

   O dia estava lindo como todos os outros, o dia estava lindo para tomar sol e fazer compras pelo centro da cidade, o dia estava lindo para vestir uma roupa justa e ir a faculdade apenas para ver o homem que fazia o meu coração bater mais rápido, o dia estava lindo para quem teve sua primeira vez na noite passada.

- Mama, vou ir as compras - Apenas avisei, mamãe não dava a mínima para onde iria ou deixava de ir, mas iria me matar se soubesse que sua filha já não era mais moça.

   O sonho de mamãe Eva era que me apaixonasse por um homem bem de vida e me deitasse com ele apenas depois do casamento, assim pelo menos iria ter uma vida melhor do que ela já teve. Casada aos quatorze mamãe teve uma vida infeliz ao lado de um homem velho e babão escolhido por minha vó, ela dizia que só queria ter aproveitado a vida e se tornado uma mulher estudada e inteligente, mas virou capacho logo cedo. Ele a engravidou no ano seguinte e logo teve meus irmãos Steny e Bredy de dezessete e dezesseis anos, acabou se desleixando e então ele a deixou só com três filhos. Eva não tinha cabeça para nenhum de seus filhos, mas mesmo com ódio de toda a aparência ser puxada de meu pai, tirava forças para nos dar educação e aprendizado.
    Nunca havia dito que a vida dela foi fácil, era notável que desde o início nunca foi, sua vida foi planejada desde o início para no final acabar igual sua mãe. Sentia medo de Josh fazer o mesmo comigo, apenas me usar e depois me deixar só e desleixada com medo de amar uma outra vez.

- Eva não vai aceitar que nós casemos, Josh. Precisamos fazer algo ou se não ela irá nos matar.

- Tudo bem, Lucy. Meu pai tem uma boa renda, digo a ele para ir falar com ela e assim nós nos casamos. - Josh prometeu.

   Josh sempre prometia coisas que não tinha certeza que iria cumprir, aquele era o meu maior medo. A virgindade era a única coisa importante que antes tivera, mas por amar tanto aquele rapaz entreguei-me cheia de amor e certeza.
   Por toda semana senti enjoos e dores no pé da barriga, toda comida que engolia pela garganta voltava de volta para o vaso que corria para que chegasse antes de vomitar pelo chão da casa de mamãe. Estava morta de medo de contar para Eva, ela mal havia aceito o pedido de Josh, como poderia aceitar o fato de estar grávida dele antes mesmo de acontecer o casamento? Josh dizia que iria ficar tudo bem, que o casamento estava próximo e assim poderíamos morar junto e planejar o nascimento de nosso filho ou filha, ele estava todo ansioso para que fosse uma menina, eu sentia que era um menino, pelas dores fortes e enjoos frequentes.

- Ela vai se chamar Ruby - Ele dizia acariciando a minha barriga tampada por um vestido florado feito a mão - Vai ser linda, e ter os olhos iguais aos seus. Nossa filha.

- Não seja tão convecido, Josh. - Me acabei em risadas sentindo suas cócegas por minha barriga.

   Nove meses havia se passado desde que mamãe descobriu que sua única filha estava grávida, me mandou a ponta pés para fora de sua casa como um cachorro sem dono, como um mendingo entrando em sua casa sem permissão. Eva notou que minha barriga estava crescendo demais, e que o casamento estava demorando. Josh foi obrigado a conseguir uma casa para que morassemos, seu pai o emprestou uma grana grande para que vivessemos por tempo o suficiente, mas que quando acabasse teria que procurar por um emprego. Josh não teria que se preocupar, assim que o bebê nascesse iria voltar a trabalhar e terminar minha faculdade, assim o ajudaria a sustentar a casa.

- Josh, a bolsa estourou - Emiti dentre ruídos, estava doendo por demais - Pois chame a dona Lya para fazer o parto.

   O nascimento de Ruby não foi nada fácil, havia perco muito sangue durante o parto que acabei desmaiando assim que ouvi o choro da garotinha no colo da mulher em minha frente. Por muitos dias fiquei deitada em uma cama retirando forças apenas para amamenta-lá, aquele fruto não me trazia felicidade, levava felicidade apenas para Josh, era um retrato parecido a ele.

- Estou tão cansada, tem como pedir a Lya para que cuide dela apenas por alguns dias. Você pode ir a visitando lá - Pedi a Josh quando a pequena estava em seu colo.

   Ruby não ficou lá apenas por alguns dias, Lya a cuidou e educou por alguns anos até Just nascer. A garotinha tinha dois anos quando seu irmão nasceu, já estava grandinha o suficiente para ajudar no crescimento do pequeno.

- Querida, mamãe Lucy vai as compras. Cuide de Just, certo?

   Mal sabia se Ruby iria conseguir cuidar de Just, Josh saia para trabalhar e voltava sempre de madrugada, ele nunca iria descobrir. Quando voltava para casa os dois estavam dormindo na cama como anjinhos, o arrependimento muitas das vezes batia, e o medo também, mas ainda era nova demais para me prender a duas crianças. Eu não podia acabar minha vida como minha mãe, Josh não era o suficiente para me fazer feliz, ele trabalhava tanto e nem parava tanto tempo em casa.

   Quando Ruby completou cinco anos já haviamos nos mudado para Los angeles, com nomes novos e um novo recomeço, ela se chamava Tessa e Just se chamava Jeff, ele estava mais parecido comigo. A casa que Josh (que agora se chamava Jeremy) escolheu, era uma das melhores da cidade, com uma bela vista para a praia que ficava apenas a alguns quilômetros de distância. O nosso relacionamento já não ia bem a alguns anos, tudo havia esfriado estranhamente, ou talvez pelas putas que ele comia escondido. Ele também sabia sobre os cara que sai durante nosso relacionamento, mas não era novidade para ninguém.

- Tessa, leve seu irmão para o quarto - Pedi entregando as bolsas e mala de Jeff para a pequena.

- A Tessa não é sua empregada, Sophia - Jeremy se aproximou cochichando em meu ouvido, isso me fazia arrepiar - Leva as porra da bolsa você sozinha

   Sua voz me causava enjoos, a forma em que protegia tanto aquela pequena menina desde cedo, sabia que eu preferia Just.

- Tessa e Jeff, venham com papai ver o escritório - Ele pegou os dois, cada um em braços diferentes e sumiu pelo corredor.

   A casa era menor do que a antiga, mas em vista estava melhor do que o primeiro teto que tivemos.

abyss of your eyes {em andamento}Where stories live. Discover now