6 - A FESTA

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À mesa do jantar, Cris revirava, em silêncio, sua quiche de camarão. Marta retomou o controle da situação.

- Estou ansiosa para conhecer sua nova amiga Alissa. Estou gostando de ver como você tem feito amizades depressa. Até recebeu um convite para uma festa! É absolutamente ma-ra-vi-lho-so!

Agora Cris nem sentia mais vontade de ir à festa. Mas começou a animar-se, novamente, quando Bob contou, num jeito muito engraçado, como seu carro de golfe quebrara, no décimo quinto buraco, aquela tarde. Quando Alissa tocou a campainha, Cris estava contente de novo e disposta a se divertir.

Marta gostou imediatamente de Alissa. "O ápice da perfeição", diria ela mais tarde; e um ótimo exemplo para Cristina.

Mas o entusiasmo da garota murchou, quando abriu a porta; Alissa estava usando um vestido. Um vestido branco, incrível, que destacava seu bronzeado. O ar da sala encheu-se do seu perfume de gardênia, enquanto ela, educadamente, conversava com Bob e Marta.

Cris analisou-a detidamente. Sua maquiagem estava perfeita, o cabelo muito bem arrumado, tudo nela era perfeito! Cris a detestava e, ao mesmo tempo, daria tudo para ser igualzinha a ela.

Quando estavam a caminho da casa do Sam, Alissa disse:

- Eu quase não vinha mais. O Sam é um boboca! Tão imaturo!

- Pensei que vocês já estivessem ficando apaixonados.

- Você pensou isso? – disse Alissa, parecendo surpresa. – Ele é um bebezão. Tenho coisas melhores para fazer, do que criar menininhos.

Quando chegaram, Alissa desfilou pela sala com movimentos de bailarina. Primeiro girando para cumprimentar uma pessoa, depois levantando graciosamente o braço para acenar a outra.

Cris observava, impressionada, e aquela música barulhenta fazia seu coração bater mais forte. Nem Sam nem Ted estavam por perto. Era um mar de espectadores desconhecidos observando o desempenho de Alissa, que cumpriu seu papel, bem ensaiado, até ir sentar-se no sofá, onde estava o cara mais maravilhoso da festa.

Cris calculou que ele tivesse vinte e um ou vinte e dois anos. De cabelo e bigode escuros e espessos, lembrava aquele cara do antigo seriado TV, "Magnum". Ele estava até usando uma camisa com estampa havaiana.

Obviamente Alissa decidira que ele seria sua conquista da noite. E ele deve ter percebido suas intenções, porque, em poucos minutos, deixou a moça com quem viera, passou o braço em volta de Alissa, e os dois saíram juntos pela porta da frente.

Agora Cris estava sozinha, intimidada, assustada e dolorosamente consciente de que era a única de jeans. Todas as outras garotas estavam com vestidos de festa. Ela se sentia como uma menininha de três anos, tremendo num canto, com sua camiseta de ursinho. Como poderia admitir que a tia estava certa sobre o que ela deveria vestir?

Sentiu uma enorme vontade de sair correndo porta afora, mas não poderia ir para casa agora. Não queria admitir para a tia que fracassara.

As pessoas à sua volta davam-lhe as costas, conversando, segurando latas de cerveja, algumas fumando. Ninguém olhava para ela. Talvez se sentisse melhor se estivesse com uma bebida, como todo mundo.

Enchendo-se de coragem, saiu do seu cantinho e procurou a cozinha.

- Com licença – disse ela a um dos surfistas em pé, perto geladeira. – É aqui que a gente pega alguma coisa pra beber?

Ele não respondeu. Simplesmente apontou para uns tambores de gelo, que estavam no meio da cozinha, e tomou mais um gole de cerveja. Cris enfiou a mão no gelo para procurar um refrigerante. Só tinha cerveja. No outro tambor era a mesma coisa.

Série Cris: Promessa de Verão - Livro 1Where stories live. Discover now