11 - TUDO QUE UMA GAROTA PODERIA DESEJAR

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Cris caminhou devagar as quatro quadras, até a casa de Alissa. Uma hora antes Alissa telefonara, pedindo-lhe que fosse lá. Ela concordara, com alguma relutância, mas quanto mais se aproximava da casa, mais temerosa e insegura ia ficando.

Alissa parecia chateada, ao telefone, e Marta havia dito que ela tinha telefonado na noite anterior, quando Cris estava fora. Que será que ela queria? E por que a chamou, em vez de ligar para o Erik?

Quando a moça atendeu a porta, Cris percebeu que o cabelo cobria-lhe o olho direito. O short e a camisa que vestia estavam amarrotados.

- Entre – disse ela secamente, indicando-lhe a sala.

Caminharam com cuidado para não pisar em algumas malas abertas, espalhadas pelo chão, que aparentemente ela começara a arrumar. Alissa tirou uma caixa de cima do sofá para que pudessem sentar.

- Você já vai embora? Pensei que sua família ia ficar até o fim de agosto.

- Íamos, mas agora não vamos mais – respondeu Alissa baixinho. – Vou para Boston, para a casa de minha avó.

- E o resto da sua família?

- O resto da minha família?! – repetiu Alissa rindo. – O que você quer saber? – perguntou, com uma expressão de fúria no olhar. – Vou lhe contar sobre o resto da minha família! EU! Eu sou toda a família que tenho!

- O que você quer dizer com isso?

Cris temia que Alissa estourasse, mas viu algo diferente no seu rosto que lhe causou dó.

- É isso mesmo. Sou filha única, e meu pai morreu de câncer pulmonar há três meses – declarou Alissa, acalmando-se um pouco.

- Sinto muito. Não sabia.

- É, não lhe contei. Eu e minha mãe viemos para cá para espairecer e descansar durante o verão. Só que minha mãe trouxe consigo uma velha amiga. Sua garrafa.

- O quê?

- Quero dizer que minha mãe é alcoólatra. Ela fez um tratamento, alguns anos atrás, mas, com a morte de meu pai, começou a beber de novo. Desde o dia em que chegamos ela só ficou dentro dessa casa. Bebeu até não saber mais onde estávamos nem quanto tempo havia passado.

Alissa virou a cabeça para olhar pela janela, e Cris notou que seu olho direito estava machucado e inchado.

- Que horror, Alissa! Você está bem? O que aconteceu com seu olho?

- Minha mãe me deu um soco, quando tentei fazer com que fosse para a cama ontem à noite. O Erik ia passar aqui para me pegar, e ela estava deitada no chão da sala. Erik ainda não a conhecia, e eu não queria que ele a visse naquele estado. Então tentei arrastá-la para o quarto. Ela ficou furiosa, me bateu e jogou uma garrafa de vodca em mim. Estava maluca, dizendo que ia me matar. Fiquei com muito medo e saí correndo pela rua, até ao telefone público. Chamei a polícia. Levaram minha mãe. Tenho certeza de que irão colocá-la novamente em alguma clínica de recuperação.

- Puxa, que coisa terrível! Será que tem alguma coisa que eu possa fazer por você?

Alissa voltou ao seu jeito frio e calculista e disse:

- Eu gostaria que você me ajudasse a fazer as malas. Precisava dar tantos telefonemas... Nunca vou conseguir arrumar tudo até a hora do voo, às quatro.

Cris ficou arrumando as malas de Alissa durante uma hora. Suas roupas enchiam três guarda-roupas. Tinha tantos vestidos lindos de seda, jeans caros de marcas famosas e sapatos que não acabavam mais.

Enquanto Alissa terminava os telefonemas, Cris encheu uma maleta com os cosméticos. Abrindo a última gaveta, tirou uma porção de delineadores, um espelho e uma caixinha cor-de-rosa, redonda de plástico.

Série Cris: Promessa de Verão - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora